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AQUECIMENTO GLOBAL: DESASTRES PIORES PODEM SER EVITADOS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2007

06 Apr 2007 - O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão ligado às Nações Unidas, divulgou hoje um relatório apontando um cenário devastador sobre os principais impactos do aquecimento global no meio ambiente e na economia, caso medidas concretas para diminuir o aumento da temperatura do planeta não forem adotadas. No Brasil, há impactos significativos em vários lugares como na Amazônia, no semi-árido nordestino e nas regiões litorâneas.

Neste segundo relatório, o IPCC demonstra claramente que os impactos das mudanças do clima estão batendo à nossa porta neste momento e só tendem a piorar. O nível dos oceanos já está subindo e, com isso, 100 milhões de pessoas que vivem a menos de um metro acima do nível do mar estão correndo o risco de perder suas casas. As populações da Índia e da China podem passar fome por causa do declínio na produção de alimentos como conseqüência do aquecimento global.

Os mananciais de água doce, que abastecem milhões de pessoas no mundo estão em risco, aponta o relatório. Na região Amazônica, por exemplo, as pessoas podem ser afetadas por temperaturas ainda mais altas no verão em algumas regiões, por um aumento na freqüência de secas severas como a de 2005 e pela transformação da floresta em uma vegetação muito mais aberta, parecida com o cerrado, especialmente na região leste. No nordeste brasileiro, as temperaturas vão subir ainda mais, passando de uma região semi-árida para árida e comprometendo a recarga dos lençóis freáticos. No sudeste, a precipitação vai aumentar com impacto direto na agricultura e nas inundações e deslizamentos de terra.

Mesmo com todos esses alertas, este relatório é a penas a ponta do iceberg. Os impactos das mudanças climáticas estão alterando a química do planeta, causando extinção e migração das espécies e comprometimento dos serviços ambientais prestados pela natureza. Além disso, o aumento da temperatura e a mudança nos padrões das chuvas prejudicam especialmente o desenvolvimento econômico e social de nações em desenvolvimento.

“Os negociadores estão cansados de discutir cada uma das palavras do relatório para chegar a um acordo. Isso acontece por que os Chefes de Estado estão ansiosos esperando pelas importantes conclusões desta conferência científica” observa Hans Verlome, diretor do Programa Global de Mudanças do Clima da rede WWF. “A urgência deste relatório, preparado por um seleto grupo de cientistas do planeta, deve ser levada em conta pelos governos e estes devem reagir com a mesma presteza.”

"Não existe escapatória para esses fatos: o aquecimento global trará fome, enchentes e secas. Os países mais pobres e que tem uma responsabilidade menor pelas emissões dos gases causadores das mudanças climáticas são os que sofrerão mais. E eles são os que têm menos dinheiro para investir em infra-estrutura de adaptação aos impactos do aquecimento global. Mas os países ricos também correm enormes riscos”, afirma Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil. “Não temos mais a opção de ignorar o aquecimento do planeta, senão as conseqüências serão desastrosas. Os países precisam aceitar metas de redução das emissões, levando em conta as contribuições históricas de cada um, e começar a implementar soluções”, completa Scaramuzza.

Os cientistas do IPCC disseram claramente que alguns dos impactos das mudanças climáticas são inevitáveis, mas ainda existe tempo para proteger a humanidade de algumas das conseqüências mais desastrosas. Essa reação deve vir como parte de uma rápida mudança nas estratégias globais visando evitar emissões significativas de CO2.

"Defender o que restou da natureza neste planeta, como a floresta amazônica, os manguezais e os corais, se tornará uma prioridade econômica e ética”, afirma Lara Hansen, cientista-chefe do Programa Global de Mudanças Climáticas da rede WWF.. “Nossas sociedades são dependentes da natureza, mas só agora estamos percebendo isso.”

O Brasil é o 4º emissor global de gases do efeito estufa, com mais de dois terços das emissões vindas do desmatamento. “Chegou a hora de demonstrarmos como vamos contribuir para diminuir o aquecimento do planeta” afirma Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil. “Ficou claro que o Brasil já está sendo impactado pelas mudanças no clima e poderá ser ainda mais. Por isso, é preciso estabelecer metas claras para a redução drástica do desmatamento e investir em energias renováveis não convencionais e eficiência energética” completa Suassuna.

Em setembro de 2006, O WWF-Brasil apresentou à sociedade brasileira o estudo “Agenda Elétrica Sustentável 2020”, uma alternativa para o crescimento elétrico do país sem que haja necessidade de mais poluição. O relatório traça um cenário para o setor elétrico brasileiro utilizando energias limpas não convencionais, técnicas de eficiência energética, gerando mais empregos e mais economia para o Brasil.

IPCC

O IPCC é vinculado às Nações Unidas e foi criado em 1988 com o objetivo de avaliar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para a compreensão da mudança do clima, seus impactos e as opções para mitigação e adaptação. A cada cinco anos, o IPCC lança um relatório baseado na revisão de pesquisas de mais de 2500 cientistas de todo o mundo.

O Painel tem três grupos de trabalho:
• O grupo de trabalho I avalia os aspectos científicos do sistema do clima e da mudança do clima.
• O grupo de trabalho II avalia a vulnerabilidade socioeconômica e dos sistemas naturais em conseqüências da mudança do clima e as opções para se adaptar.
• O grupo de trabalho III avalia opções para limitar emissões de gás da estufa e outras maneiras de acabar com a mudança do clima.

O primeiro relatório foi lançado em 11000, o segundo em 1995 e o terceiro em 2001. O quarto será concluído em 2007 e divulgado de acordo com a seguinte programação:

- Grupo I, em Paris, 2 de fevereiro
- Grupo II, em Bruxelas, 6 de abril
- Grupo III, em Bangkok, 4 de maio
- Síntese, em Valença, 16 de novembro

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Negociações a passos lentos em Bruxelas

05 Apr 2007 - As negociações parecem estar a passos lentos por aqui. Notícias correm de que os negociadores percorreram menos de um terço do relatório até o momento. E as reuniões devem seguir madrugada adentro.

Mas os leitores devem estar se perguntando por que tanta negociação com a linguagem a ser adotada neste relatório? O que leva os cientistas e negociadores de vários países do mundo a demorarem quase um dia em apenas uma página de um documento?Aliás, o que é realmente este documento?

Bom, este documento que está sendo negociado é um sumário que traz em sua essência os resumos das diferentes conclusões sobre cada área de abrangência do relatório completo. Estas conclusões são frutos da revisão de trabalhos científicos já publicados sobre os impactos das mudanças do clima no planeta, feita pelos cientistas do Painel Intergovenamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Cada área do relatório, como os impactos na América Latina, por exemplo, traz um resumo de suas conclusões. São estes "resumos" que estão sendo sumarizados para o documento Sumary for Policy Makers - Isto é: o resumo dos resumos!

Mas por que tanta demora?

As atenções do mundo estarão voltadas para este sucinto documento de 20 páginas nos próximos dias. O primeiro relatório, lançado em fevereiro, em Paris, despertou atenção para os resultados deste segundo grupo de trabalho, que deve apontar os impactos das mudanças climáticas e também ressaltar a necessidade de adaptação às mudanças climáticas. Ao que tudo indica, a necessidade de adaptação será grande e, portanto, onerosa. O grau de urgência apontado por estas 20 páginas irá delinear o tamanho e abrangência das medidas que as nações terão de tomar para lidar com o aquecimento global. Chefes de Estado do mundo todo acompanham de perto os resultados de suas equipes de negociação. Quanto maior e mais urgente a necessidade de adaptação, maior será a carga e responsabilidade em seus ombros para tomarem ações!

É por isso que, para alguns países com grande culpa no cartório, todo cuidado é pouco! E todo detalhe de linguagem torna-se essencial. Os resultados deste relatório serão fundamentais para as próximas negociações da Convenção de Clima em Bali, Indonésia, em dezembro. Pela cautela, a mensagem que transparece parece ser cada vez mais clara: os impactos devem ser grandes e as medidas necessárias para nos adaptarmos maiores ainda. Qual o tamanho e como vamos dividir esta conta? É exatamente isso que todos queremos saber.

 
 

Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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