Atibaia/SP
(05/04/07) - O projeto Lobos da Canastra,
coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisas
para a Conservação de Predadores
Naturais (Cenap/Ibama), em parceria com a
Ong Instituto Pró-carnívoros,
comemora os resultados inéditos na
mais completa investigação sobre
o lobo-guará já feita no país.
Para realizar os estudos foram feitas até
o momento 200 capturas entre os 35 animais
monitorados.
Durante o mês passado,
pela primeira vez coletou-se sêmen de
lobos-guarás na natureza. A proeza
já havia sido realizada em zoológicos,
mas nunca em animais em vida livre. Os pesquisadores
verificam se a espécie consegue repor
– por meio de uma reprodução
saudável – os animais que morrem por
diversos motivos.
Outra descoberta científica
inédita resultou da análise
minuciosa das taxas hormonais dos animais
capturados. Observou-se que os que habitam
áreas de fazendas – e assim sujeitos
aos mais diversos impactos em seu dia a dia,
sofrem grande stress, refletido em sua fisiologia,
diferente dos animais que vivem dentro do
parque nacional. Isso corrobora a necessidade
de áreas protegidas para assegurar
a saúde de animais selvagens.
A expectativa para este
ano é que o projeto Lobos da Canastra
colha informações mais precisas
sobre o passo a passo dos lobos, já
que agora alguns indivíduos transitam
entre as áreas do parque e das fazendas
da região com novos colares equipados
com GPS. Tal tecnologia permite a localização
exata dos animais a cada duas horas. As novas
e complexas informações que
o equipamento fornecerá, podem embasar
novas ações para animais que
não podem contar com áreas protegidas
no resto do país.
Mais uma novidade do projeto
foi o início do programa de educação
ambiental relacionado à conservação
do lobo e do cerrado. Uma das ações
executadas pelos pesquisadores envolveu a
instalação de galinheiros-modelo
em dez fazendas selecionadas para evitar ataques
de aves domésticas por predadores.
Na maioria das fazendas da região da
Serra da Canastra, proprietários reclamam
do alto índice de predação
de suas criações, responsabilizando
o lobo-guará pelas mortes.
No entanto, pesquisa que
teve início nas fazendas ao fim de
2006 mostrou aos criadores de galinhas e afins
que existem muitos outros animais que atacam
o plantel. Mas, como uma das metas do projeto
é encontrar soluções
para que esses conflitos não ocorram
mais e, assim, lobos não sejam mortos
por falsas alegações, os galinheiros
foram construídos com o fim de evitar
novos ataques de predadores.
O projeto Lobos da Canastra
foi criado em 2004 e é desenvolvido
por 12 pesquisadores do Cenap/Ibama e do Instituto
Pró-Carnívoros na área
do Parque Nacional da Serra da Canastra e
entorno. O projeto visa a conservação
da espécie e tem como meta principal
levantar informações suficientes
para subsidiar ações que diminuam
os impactos nas suas populações
no Brasil e em outros países.
As novas descobertas científicas
e resultados positivos do projeto Lobos da
Canastra são presentes de grande valor
ao Parque Nacional da Serra da Canastra, que
completa 35 anos neste ano, e mostra que vem
cumprindo ao longo do tempo um papel importantíssimo
na conservação não somente
do lobo-guará, mas também de
outras espécies.
Rogério Paula
Ascom/Cenap
Foto: Ibama