13/04/2007 - O vice-governador
Orlando Pessuti e o secretário do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, assinaram, nesta quarta-feira (11),
convênio com a Sociedade Rural do Paraná
para a recomposição da mata
ciliar nas 960 propriedades rurais dos seus
associados, que totalizará um milhão
de mudas plantadas ao ano. A assinatura aconteceu
no Parque Governador Ney Braga, onde se realiza
a 47ª Exposição Agroindustrial
de Londrina.
De acordo com Pessuti, “a
floresta pegou, o programa mata ciliar pegou
e o dia de hoje mostra o fortalecimento desta
ação do governo em prol do meio
ambiente. Para nós, ter a Sociedade
Rural do Paraná como parceira neste
programa é muito importante, porque
era o ponto de maior resistência para
recomposição das matas ciliares”.
Ele ainda destacou a iniciativa da Sociedade
Rural de promover peças teatrais voltadas
a jovens e crianças com cunho ambiental,
durante a exposição.
Para o vice-governador,
“o comprometimento efetivo da Sociedade Rural
com o Programa Mata Ciliar e em ações
durante a exposição nos orgulha
e nos engrandece. É a primeira vez
que a entidade está à frente
de iniciativas voltadas ao desenvolvimento
sustentado da agricultura. Um marco para o
Paraná com toda certeza”, finalizou.
Como parte do convênio, a Sociedade
Rural disponibilizará técnicos
para cadastrar as propriedades dos associados,
que receberão gratuitamente as mudas
produzidas pelos viveiros do Instituto Ambiental
do Paraná (IAP).
O Programa - O Programa
Mata Ciliar teve inicio no ano de 2003 e já
garantiu o plantio de mais de 60 milhões
de mudas de espécies nativas às
margens dos rios, mananciais de abastecimento
e reservatórios de usinas hidrelétricas.
Aliada às áreas de abandono
– quando os produtores permitem que a vegetação
se recomponha naturalmente – já foram
recuperados 75 mil hectares de mata ciliar
nos últimos quatro anos.
A assinatura deste convênio
é um momento ímpar para o meio
ambiente da região Norte do Paraná,
na opinião do secretário do
Meio Ambiente. “Se tínhamos problemas
de adesão dos agricultores anos atrás,
esta parceria mostra que eles não existem
mais. Não esperávamos esta adesão
de forma tão rápida. Para nós
é uma grande conquista”, afirmou Rasca
Rodrigues.
O secretário enumerou
os benefícios gerados pela mata ciliar
e recomposição da cobertura
vegetal do Paraná para a agricultura
e a redução do aquecimento global.
“Os nossos recursos hídricos pedem
ações urgente e eficazes. A
floresta reduz a temperatura da terra em 40%
e, sem a mata ciliar, os rios ficam sem proteção
e o solo sem produtividade. Será uma
grande ação para a bacia do
Rio Tibagi”, reforçou Rasca Rodrigues.
O presidente da Sociedade
Rural do Paraná, Alexandre Lopes Kireeff,
garantiu a participação de todos
os associados. “Estamos nos comprometendo
a ajudar na solução de um problema
já identificado há muitos anos
por meio deste protocolo. Ao colonizarmos
a região Norte, nossos ancestrais já
deveriam ter se preocupado com as áreas
de preservação permanente (APP)
e recomposição das matas ciliares.”
Os 412 viveiros do IAP,
municípios e entidades parceiras produzem
25 milhões de mudas ao ano de 63 espécies
nativas. Apenas o viveiro da Sanepar em Londrina
produz 100 mil mudas ao ano, que serão
repassadas também para o plantio em
propriedades de associados da Sociedade Rural.
O viveiro da Sanepar é modelo e sua
produção conta com o trabalho
dos próprios funcionários. Neste
viveiro estão sendo cultivadas espécies
nativas como capixingui, pau-d’alho, aroeira
vermelha, angica branca, canafístola
e pau-tamanco.
+ Mais
IAP reúne especialistas
para discutir futuro do ecossistema campo
nativo
13/04/2007 - Especialistas
em flora, fauna e geologia estiveram reunidos
nesta quinta-feira (12), no Parque Estadual
de Vila Velha, para debater o futuro do ecossistema
campo, durante o 1o Workshop Manejo e Conservação
do Campo Nativo, promovido pelo Instituto
Ambiental do Paraná (IAP).
O presidente do IAP, Vitor
Hugo Burko, fez a abertura do evento comentando
que o campo é um dos ecossistemas mais
ameaçados do Estado. “É um ecossistema
frágil e hoje sua ocorrência
está restrita a Unidades de Conservação,
como o parque de Vila Velha e Reservas Particulares
do Patrimônio Natural (RPPNs)”, disse.
“E, mesmo nestas áreas protegidas,
o campo vem perdendo suas características
naturais. Garantir o futuro deste ecossistema
é uma necessidade urgente”, completou.
Durante o workshop, que
prossegue até sexta-feira (13), serão
discutidas técnicas de manejo e práticas
de conservação do ecossistema.
Também estarão em pauta temas
como fauna e vegetação associada
ao campo, além de iniciativas para
o controle de espécies exóticas,
que não são nativas de um ambiente
e acabam por dominar e até mesmo excluir
espécies naturais da região.
Ao final do evento, será
elaborado um documento com técnicas
e recomendações que irão
colaborar com a perpetuação
do ecossistema. O material será incluído
no plano de manejo do parque, onde começarão
a ser executadas as primeiras ações
definidas no workshop.
Além de técnicos
do IAP, mais de trinta especialistas de instituições
como Embrapa e Iapar, Mineropar, além
de professores das universidades Federal do
Paraná e Estadual de Ponta Grossa e
representantes da ONG Grupo Fauna participam
dos debates.
Ameaças – Duas grandes
ameaças ao frágil ecossistema
são a ação do homem e
as espécies exóticas invasoras.
O parque de Vila Velha é um exemplo
da alteração do campo: árvores
de pinus (espécie exótica) estão
espalhadas por toda a extensão do parque,
mudando uma das características mais
marcantes do ecossistema, que é a vegetação
rasteira.
“A invasão de espécies
exóticas pode ser apontada como uma
das principais causas da redução
da biodiversidade no mundo, pois elas dominam
o espaço de nativas como o campo”,
explicou o diretor de Biodiversidade e Áreas
Protegidas do IAP, João Batista Campos.
Além de competir por nutrientes no
solo, o campo ainda sofre o sombreamento das
árvores de pinus, o que pode causar
a exclusão da espécie.
No workshop, João
Batista falou sobre o trabalho de erradicação
de pinus realizado desde o mês passado
no parque, de onde já se retirou mais
de 130 mil árvores juvenis da espécie.
“Queremos devolver ao parque suas características
originais, para que a natureza seja o mais
próximo possível do que era
quando o parque foi criado, em 1953”, destacou
o diretor. Segundo ele, naquele tempo predominavam
a vegetação rasteira, pequenos
capões de árvores e matas ciliares
na área do parque.
Entre os animas característicos
deste ecossistema estão o cateto (porco-do-mato),
jaguatirica e o lobo-guará, e aves
como a coruja buraqueira, carancho e curicaca.
Além de Vila Velha, o Parque Nacional
dos Campos Gerais, que abrange os municípios
de Castro, Ponta Grossa e Carambeí,
e o Parque Estadual do Guartelá, em
Tibagi, são outras unidades que também
protegem os remanescentes do campo nativo
em território paranaense.