Conservação
Ambiental - 20/04/2007 - As borboletas têm
diferentes cores e tamanhos, apresentam padrões
que podem fazer com que sejam confundidas
com o lugar onde pousam. A regra também
vale para aquelas que possuem cores metálicas
e brilhantes. Essas características
despertam à atenção de
colecionadores, pesquisadores e do público
leigo. O tempo de vida delas pode ser de um
dia ou até de vários meses.
Algumas espécies
têm um importante papel: atuam como
polinizadoras da floresta, ou seja, dispersam
o pólen das flores e promovem a reprodução
das plantas pela mata. Mas como fazer para
conscientizar as pessoas sobre a importância
delas para a natureza?
Uma alternativa para questão
será implementada por pesquisadores
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT), por meio do projeto "Ferramentas
de Difusão do Conhecimento Científico
para Otimizar a Avaliação e
Monitoramento da Biodiversidade de Borboletas".
O objetivo é incentivar
os moradores de Unidades de Conservação
(UCs) localizadas no Parque Nacional do Jaú
(Rio Negro) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Piagaçú-Purús, localizada
no baixo Purus, e comunidades vizinhas a ajudarem
na conservação da fauna de borboletas
por meio de trabalhos de campo em parceria
com os cientistas.
A coordenadora do projeto,
Rosemary Vieira, doutora em Ecologia e Recursos
Naturais pela Universidade Federal de São
Carlos e pesquisadora bolsista do Programa
de Ecologia, Avaliação e Monitoramento
de Florestas Tropicais (Team/Inpa), explica
que a intenção é envolver
os moradores no levantamento da biodiversidade
de borboletas para que, no futuro, eles trabalhem
como guias de turistas, pesquisadores, funcionários
de órgãos ambientais e organizações
não governamentais (ONGs) que visitam
as UCs.
Segundo ela, as informações
coletadas serão utilizadas para subsidiar
um manual sobre as borboletas de cada localidade,
o qual será elaborado com a colaboração
dos próprios moradores.
"Ainda não sabemos
quantas pessoas estarão envolvidas,
mas a idéia é que participem
dez líderes comunitários, os
quais, depois, trabalhem como multiplicadores
das informações. O envolvimento
deles é importante porque nós
ficaremos nas UCs por apenas dois ou três
anos, enquanto eles continuarão morando
no local. O objetivo é fomentar aos
comunitários meios para obtenção
de recursos, o que é possível
por meio da capacitação científica",
destaca.
Ela explica que o projeto
é a união de vários esforços:
humano, recursos financeiros e de material
das instituições participantes,
como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Fundação Vitória Amazônica
(FVA), Secretaria de Desenvolvimento Sustentável
(SDS) e Instituto Piagaçu.
De acordo com a pesquisadora,
algumas delas já possuem trabalhos
no local, como por exemplo, a FVA. Além
disso, o projeto contará com o financiamento
da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que
disponibilizará cerca de R$ 20 mil
para a compra de equipamentos e material bibliográfico,
ao longo dos dois anos de duração
do projeto.
Rosemary ressalta que o
envolvimento dos moradores é importante
porque sempre quando as instituições
de pesquisa da região têm que
realizar expedições, elas precisam
de guias, pessoas para abrir trilhas, entre
outros.
"Eles sempre nos ajudam,
contudo, agora, serão treinados para
um trabalho específico, mais técnico,
ou seja, aprenderão sobre a importância
das borboletas como indicadores de qualidade
ambiental. Os moradores serão orientados
como manuseá-las, principalmente, as
espécies mais comuns e mais fáceis
de serem identificadas. A intenção
é de que eles trabalhem como guias
fotográficos, no ecoturismo, assim
como existem os observadores amadores de aves.
E, há um nicho de mercado, pois dentro
e fora das UCs existem grupos que trabalham
com atividades recreativas e científicas",
afirma.
Segundo a pesquisadora,
com moradores mais conscientes, os mesmos
ajudarão na proteção
da fauna de borboletas, conservação
do ecossistema em geral e a identificar, até
mesmo, espécies mais raras, as quais
são difíceis de serem encontradas.
Por isso, é fundamental o aparato técnico,
o apoio das instituições envolvidas,
os pesquisadores, e, principalmente, as comunidades
que vivem nas UCs.
Luís Mansuêto - Assessoria de
Comunicação do INPA