15/05/2007
- Em reunião realizada em Curitiba
nesta segunda-feira (14), o secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Rasca Rodrigues, estabeleceu prazo de 60 dias
para que a empresa Tetra Pak elabore uma proposta
para solucionar a questão do recolhimento
e destinação final, além
de estimular o reaproveitamento, das embalagens
longa vida cartonadas que disponibilizam no
Estado.
“Solicitei à empresa
a apresentação de uma proposta,
até 16 de julho, que contemple uma
estratégia de recolhimento. Agora retomamos
o diálogo e vamos pensar no presente”,
destacou. A elaboração da proposta
será feita em parceria entre a Coordenadoria
de Resíduos Sólidos da Secretaria,
(responsável pelo Programa Desperdício
Zero) e diretoria de Meio Ambiente da empresa.
O prazo foi definido na
reunião realizada em Curitiba entre
o secretário do Meio Ambiente e o vice-presidente
para a América Central e a América
do Sul da Tetra Pak, Nelson Findeiss, que
contou ainda com a presença do presidente
da empresa no Brasil, Paulo Nigro.
Findeiss antecipou que a
empresa irá colaborar. “Iremos elaborar
um projeto a quatro mãos e vamos fazer
tudo o que for possível. O Paraná
sempre foi vanguarda na área ambiental,
portanto vamos cooperar e fazer disso um grande
sucesso”, afirmou Findeiss.
Ele também admitiu
que houve falhas na comunicação
interna e justificou que não existem
gerências administrativas da empresa
no Paraná (estão todas em São
Paulo). “Nós pecamos na comunicação.
Mas agora acredito que caminharemos rapidamente
para um denominador comum”, comentou.
Segundo informações
repassadas pela própria empresa ao
governo, a cada ano são colocadas no
mercado paranaense 500 milhões de embalagens.
Ainda conforme a Tetra Pak, apenas 32% deste
total - cerca de 160 milhões de embalagens
- são recicladas, restando outras 340
milhões dispostas em aterros sanitários,
lixões e no meio ambiente de forma
inadequada, gerando um grande passivo ambiental.
A iniciativa para aumentar
o recolhimento destas embalagens comercializadas
no Paraná, com a participação
de fabricantes, é do Programa Desperdício
Zero, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente.
O objetivo é aproximar as recicladoras
da matéria-prima usada por elas, assim
como foi feito com as embalagens de agrotóxicos.
Atualmente, de cada 100 embalagens de agrotóxico
comercializadas no Paraná, 98 são
devolvidas pelos agricultores e recicladas.
Histórico - Quando
o Programa foi criado, em 2003, a Tetra Pak
foi a primeira empresa a ser convidada a formar
parceria com o governo do Estado e reduzir
o volume de lixo encaminhado aos aterros sanitários
– com ações de reutilização
do seu produto. Eles não aceitaram.
Em 2004, o então
secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo
Cheida, novamente tentou convencer a empresa
a desenvolver uma ação conjunta
para solucionar o problema das embalagens
com ações de educação
ambiental.
A terceira tentativa de
aproximação com a Tetra Pak
foi realizada no ano passado, quando o Programa
começou a realizar as oficinas para
montagem do aquecedor solar confeccionado
materiais recicláveis – como as embalagens
longa vida cartonadas e garrafas PET. A idéia
era contar com a colaboração
da empresa na logística de recolhimento
das embalagens que são utilizadas no
aquecedor – retirando do meio ambiente milhares
de embalagens.
Ainda no final do ano passado,
a Secretaria e o Ministério Público
decidiram encaminhar dois ofícios à
Tetra Pak solicitando informações
para dimensionar a cadeia produtiva e buscar
alternativas para a reciclagem das embalagens.
Na última semana,
a Secretaria do Meio Ambiente informou que
estudava a possibilidade de proibir a comercialização
de embalagens longa-vida cartonadas no Estado,
em razão da falta de responsabilidade
ambiental do fabricante do produto. Por lei,
a empresa deve ter uma logística de
recolhimento das embalagens que coloca no
mercado – o que não acontece.
Aquecedor solar – Durante
a reunião, Rasca apresentou ao vice-presidente
da Tetra Pak um protótipo do aquecedor
solar feito à base de materiais recicláveis
que a Secretaria vem divulgando em todo Estado
através de capacitações.
Para a montagem do sistema
com capacidade para esquentar a água
para banho de quatro pessoas são utilizadas
200 embalagens longa vida e 200 garrafas PET.
“O sistema é o mesmo dos aquecedores
solares produzidos industrialmente, conhecidos
tecnicamente de termo-sifão. A diferença
está no material utilizado”, explicou
Rasca.
Findeiss disse estar animado
e impressionado com os aquecedores feitos
com as embalagens cartonadas e garrafas PET.
“Acho que tem que ser divulgado e quem sabe
expandido para todo o país”, completou.
Além de utilizar
garrafas PET e embalagens longa-vida pós-consumo
que iriam para o aterro, o aquecedor solar
também representa alternativa de trabalho
e geração de renda para associações
de coletores.