11-06-2007 – Manaus - Ao
lançar a primeira Política Estadual
de Mudanças Climáticas do Brasil,
Amazonas dá o exemplo para os outros
estados e para o governo federal
O governador Eduardo Braga
sancionou na terça-feira, dia 5, em
Manaus, a primeira Política Estadual
de Mudanças Climáticas (PEMC)
elaborada no Brasil. Com a lei, Amazonas dá
o exemplo para os outros estados e principalmente
para o governo federal, que ainda não
têm uma Política Nacional de
Mudanças Climáticas.
Uma das inovações
da lei amazonense é a instituição
da 'Bolsa Floresta', incentivo destinado a
famílias de ribeirinhos e comunidades
tradicionais que vivem no entorno ou dentro
de unidades de conservação estaduais.
Mensalmente, essas famílias poderão
receber dinheiro por evitar desmatamento e
proteger a floresta coletivamente. Os recursos
da bolsa serão provenientes de um fundo
financeiro também criado pelo governo.
Na solenidade de lançamento da política,
o governador frisou que esse mecanismo pretende
zerar o desmatamento em unidades de conservação.
Convidado a discursar na
solenidade, o coordenador da campanha Amazônia
do Greenpeace, Paulo Adário, parabenizou
o estado pelo lançamento da política,
mas lembrou que o grande desafio será
o monitoramento do processo no campo. Segundo
ele, as medidas são boas para impedir
o desmatamento nas unidades de conservação,
mas por si só não bastam. "É
preciso parar o desmatamento em todo o estado,
inclusive na região sul, onde é
cada vez maior a pressão de madeireiros
e pecuaristas", diz.
O coordenador informou que
o Greenpeace irá acompanhar de perto
a implementação da política
no estado e solicitou que os parlamentares
presentes - entre eles o presidente nacional
do PMDB, Michel Temer - pressionem o governo
federal a acelerar a adoção
de uma Política Nacional de Mudanças
Climáticas. "Uma iniciativa nacional
deveria desestimular o desmatamento e priorizar
a busca de alternativas econômicas para
zerar as taxas de desmate e estimular fontes
de energia renováveis", complementa.
O estado do Amazonas mantém
preservada grande parte de sua cobertura florestal
original. Sua vegetação desempenha
papel fundamental no equilíbrio climático
e no ciclo hidrológico de todo o hemisfério.
A importância dos serviços ambientais
que a região presta e dos produtos
que ela oferece são reconhecidas pela
nova lei estadual. "Se nós temos
carbono, carbono é um produto. Se nós
seqüestramos carbono, seqüestro
de carbono é um serviço",
explicou o governador Braga.
O desmatamento e queima
de florestas responde por aproximadamente
75% do total de gases de efeito estufa emitido
pelo Brasil, país que é o quarto
maior poluidor mundial do clima.