15 de Junho de 2007 - Aline
Beckstein - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou
hoje (15) os resultados preliminares da primeira
expedição sul-americana organizada
para definir, de forma precisa, onde o Rio
Amazonas nasce. Os estudos mostraram que a
nascente do rio deve estar localizada entre
dois pontos, numa região ao sul do
Peru e não ao norte, como antes definido.
As estimativas indicam que o Amazonas teria
pelo menos 6,7 mil quilômetros de extensão,
superando o Rio Nilo, na África, considerado
o maior do mundo.
Segundo o diretor de Geociências
do IBGE, Guido Gelli , a nascente fica na
Cordilheira dos Andes a 5 mil metros de altitude,
e estaria localizada numa região desértica,
mais seca que o próprio Saara e com
temperaturas próximas a 15 graus negativos
nesta época do ano. O local é
habitado por descentes de índios incas.
Para a jornalista Paula
Saldanha, que acompanhou a expedição,
a área descoberta é fascinante.
"A altitude provocou problemas na equipe,
já que nós estávamos
quase na metade da altitude terrestre, com
muito pouco oxigênio. Mas a sensação
que se tem naquele lugar é incrível.
Primeiro você acha que está na
lua, porque é uma região muito
seca e quando se chega ao setor da nascente,
a sensação é de um oásis,
sai água para tudo quanto é
lado", disse.
Participaram da expedição
20 brasileiros e peruanos. O trabalho de campo
durou dez dias e foi realizado no final de
maio. Os estudos indicam uma posição
mais precisa do local, que ficaria na Cordilheira
dos Andes, possivelmente próxima ao
Nevado Mismi ou Queuisha, e não no
monte Huagra, mais ao norte do país.
Guido Gelli informou que
as expedições irão continuar
para a descoberta do ponto exato da nascente.
Ele disse, no entanto, que só as informações
desta primeira expedição já
permitem dizer "com certeza que o Rio
Amazonas é de maior extensão
do mundo, o que deve mudar inclusive as informações
que nós aprendemos nos livros de história".
A evolução
de equipamentos teria ajudado na descoberta.
"Antes nós tínhamos de
andar no lombo de burro durante dias para
acessar o local. Os equipamentos agora são
portáteis e muito mais modernos. E
as imagens de satélite sofisticadas
nos permitem verificar com mais precisão
altitude e longitude daqueles pontos".
Para o engenheiro cartógrafo
do IBGE Carlos Alberto Corrêa e Castro,
estudar o Rio Amazonas é extremamente
importante. O rio já é reconhecido
como o que possui o maior volume de água
do mundo, correspondendo a 60 vezes o do Nilo
e responsável por um quinto da água
doce que deságua nos oceanos. O Amazonas,
que deságua entre o Amapá e
a Ilha de Marajó, seria um dos mais
importantes do mundo em termos de diversidade.
"Ele nasce a mais de
5 mil metros de altura entre desertos, desce
e atravessa uma das regiões mais úmidas
do mundo, a amazônica. E ainda nasce
uma localidade com a mesma latitude de Brasília,
que está numa altitude cinco vezes
menor", disse.
+ Mais
IBGE começará
em agosto o zoneamento ecológico e
econômico no estado do Rio de Janeiro
13 de Junho de 2007 - Flávia
Castro - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro
de Geografia Estatística (IBGE), junto
com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) e a Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) realizarão em o zoneamento
ecológico econômico (ZEE) no
estado, para definir a vocação
agrícola de cada região.
O levantamento é
uma das determinações do projeto
que alterou a Lei 4.063/03, aprovada hoje
(13) pela Assembléia Legislativa do
Rio de Janeiro (Alerj), e regulamenta a sivicultura
econômica. O objetivo é intensificar
o plantio de eucalipto para a produção
de papel e incentivo à indústria
moveleira, além de fabricação
de biodiesel, que pode ser extraído
de plantas oleaginosas.
Segundo o secretário
estadual de Agricultura, Cristino Áureo,
a nova lei vai permitir a modernização
da atividade e é resultado "da
conscientização de que era preciso
mudar a lei, porque era preciso avançar
com a agricultura, para não ficarmos
atrás dos demais estados". O projeto,
acrescentou, permitirá o crescimento
econômico com a criação
de empregos: "A lei visa a fazer com
que a legislação supra a necessidade
de desenvolvermos o interior e, conseqüentemente,
proporcionar mais oportunidades de trabalho".
Já a ambientalista
Rita Souza, coordenadora da organização
não-governamental Educa Mata Atlântica,
disse acreditar que o projeto vai intensificar
o desmatamento na região. "Qualquer
tipo de monocultura é nocivo para o
solo e as conseqüências serão
desastrosas. A lei é um retrocesso
na conservação das unidades
que a gente tem aqui", disse. Ela também
criticou o fato de não terem sido tratadas
no projeto de lei atividades como a fruticultura,
a extração do látex de
seringueiras e o cultivo de flores, que "não
degradam o meio ambiente".
A lei determina ainda o
plantio, a cada cem hectares de monocultura,
de 12% a 20% de espécies de mata atlântica.
E proíbe a plantação
de eucaliptos na Costa Verde (sul do estado),
onde há áreas remanescentes
de vegetação nativa.