29/06/2007 - É o
que indica um estudo que será apresentado
na próxima terça-feira, dia
3 de julho, no 15º Seminário de
Iniciação Científica
do Museu Goeldi, em Belém (PA)
Localizada no município
paraense de Melgaço, a Floresta Nacional
de Caxiuanã abriga, em seus 333 mil
hectares, uma multiplicidade de ecossistemas
formados por várzeas, rios, baias,
campos, capoeiras e florestas de terra firme,
principalmente.
Pesquisa que investiga as
trocas turbulentas entre a floresta e a atmosfera
em diferentes regiões da Amazônia,
indica que a floresta de terra firme de Caxiuanã
se comporta como sumidouro de carbono, retirando,
durante o dia, mais gás carbônico
da atmosfera do que aquele liberado à
noite.
O estudo é realizado
pelo bolsista de iniciação científica
do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT),
Alessandro Lechinoski, que pesquisa os diferentes
processos de trocas de calor, vapor d’água
e gás carbônico entre a floresta
amazônica e a atmosfera, por meio da
análise dos fluxos de carbono e da
precisão associada ao seu cálculo
estatístico.
A pesquisa, que ano passado
foi premiada pela Sociedade Brasileira de
Meteorologia, será apresentada na próxima
terça-feira, dia 3 de julho, durante
o 15º Seminário de Iniciação
Científica do Museu Goeldi, em Belém
(PA).
Os dados utilizados no estudo
resultaram de coletas realizadas pelo projeto
LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera
na Amazônia), e são provenientes
da torre meteorológica instalada na
Flona de Caxiuanã.
“Para Caxiuanã o
cálculo dos fluxos turbulentos de gás
carbônico demonstra que para a floresta
de terra firme na região de abrangência
da torre, em média, se comporta como
sumidouro de carbono”, explica Lechinoski,
que cursa engenharia florestal na Universidade
Federal Rural da Amazônia (Ufra).
A análise dos dados
confirma resultados obtidos em outros pontos
da Amazônia, onde a floresta atua como
sumidouro de carbono, apresentando absorção
diurna de gás carbônico superior
à sua liberação noturna.
Além de trabalhar
conceitos estatísticos, o bolsista
de iniciação científica
do Goeldi também utiliza a técnica
do microscópio matemático, que
permite entender o processo de trocas em uma
dada escala temporal ou espacial específica.
Por meio da investigação
comparativa dos padrões de variabilidade
de grandezas físicas, tais como temperatura,
vapor d’água e concentração
de gás carbônico, Alessandro
identificou a existência de padrões
de comportamento nas trocas entre a floresta
e a atmosfera, que ajudam a compreender melhor
como esses fenômenos são condicionados
por diferentes fatores ao longo do dia.
“A determinação
precisa dos fluxos turbulentos é importante
em estudos teóricos e práticos
sobre os processos climáticos e atmosféricos,
pois somente com medidas suficientemente confiáveis
é possível chegar a uma conclusão
sobre o papel da floresta na questão
do carbono”, explica.
Segundo Lechinoski, o resultado
ainda não pode ser expandido para toda
a Flona de Caxiuanã, pois o fluxo de
gás carbônico foi calculado em
um único ponto da floresta de terra
firme. “Além disso, Caxiuanã
possui uma diversidade de ambientes, tanto
de florestas como de rios, que podem apresentar
comportamentos diferentes com relação
ao ciclo de carbono”, alerta.
Esta possibilidade de generalização
dos resultados para outros pontos da floresta
é objeto da segunda etapa de iniciação
científica do jovem pesquisador pelo
Museu Goeldi.
“Além do interesse
para os estudos do balanço de carbono
e do clima, tais análises são
relevantes para outras áreas cientificas,
inclusive para investigações
de caráter bioclimático, como
o comportamento de insetos e outros seres
da floresta e seu deslocamento em função
do microclima”, explica o pesquisador Leonardo
Sá, que orientou o estudo.
Mais informações no site http://www.museu-goeldi.br.
Maria Lúcia Morais - Assessoria de
Comunicação Social do Museu
Goeldi