19 de junho - Terra, Água,
Fogo e Ar. Os quatro elementos da natureza
estão representados na tocha que é
um dos principais símbolos dos I Jogos
Interculturais Indígenas de Mato Grosso,
realizados em Campo Novo do Parecis (MT) no
período de 27 a 30 deste mês.
O símbolo dos jogos indígenas
– inédito e exclusivo – foi criado
especialmente para recepcionar a tocha dos
jogos Pan-americanos, que faz o revezamento
em Campo Novo no próximo dia 27.
Com cerca de 70 centímetros
de altura, a tocha será acesa com fogo
produzido pela tecnologia milenar de fricção
da madeira, durante a cerimônia espiritual
que será realizada às margens
do rio Sacre, na aldeia 4 Cachoeiras. A cerimônia
marcada para as 9 horas e 48 minutos abre
a programação com o Ritual de
Celebração do Fogo Ancestral
Indígena para receber a Tocha Pan-americana.
A tocha indígena
tem estrutura de sustentação
com hastes de bambu, destacando a madeira
como o quinto elemento fundamental para a
manutenção da vida na natureza.
A água retirada do rio Sacre e a terra
também coletada na região são
acomodadas em recipiente de vidro transparente,
na parte central da haste. O fogo será
acesso no topo da estrutura, que é
ornamentada com penas de aves silvestres fornecidas
pelos indígenas. “Os indígenas
solicitaram a inclusão da arte plumária
na tocha para melhor caracterizar suas tradições”,
explica o diretor de Cultura do município,
Vanderlei Guolo.
Três exemplares idênticos
foram construídos. A unidade principal
pertence a Campo Novo do Parecis e ficará
sob a responsabilidade da administração
municipal. Uma das réplicas será
entregue ao Comitê Olímpico Brasileiro
(COB) e a outra será doada ao Museu
do Memorial Indígena de Brasília.
“Após os jogos, a tocha vai compor
o patrimônio do esporte e da cultura
indígena nacional”, considerou o criador
projeto, Carlos Terena. Incentivador e um
dos pioneiros na realização
de jogos indígenas no Brasil, Terena
é Articulador Cultural do Comitê
Intertribal Memória e Ciência
Indígena (ITC), que promove o evento
em parceria com a Prefeitura de Campo Novo
do Parecis e Governo de Mato Grosso.
A tocha indígena
será acesa durante a cerimônia
espiritual que será realizada na aldeia
4 Cachoeiras, primeiro momento em que se encontra
e fica lado a lado com a Tocha Pan-americana.
O segundo momento será no Estádio
Ari Tomazelli, onde termina o revezamento
e tem início a programação
dos I Jogos Interculturais Indígenas
de Mato Grosso que devem reunir cerca de 300
atletas índios de diversas etnias.
Entre as modalidades esportivas do evento
destacam-se o Hipipi (arco e flecha), Lutas
Corporais, Jikunahati (cabeça-bol),
Arremesso de Lança, Corrida de Tora
e Natação de rio.
Campo Novo do Parecis é
a única cidade que participa do Revezamento
da Tocha Pan-americana sem estar representando
um país. “Estamos representando todas
as comunidades indígenas das Américas”,
informa o Secretário de Esportes, Turismo
e Lazer, Sérgio Mineiro. A região
abriga cerca de 2 mil indígenas da
etnia Paresi, distribuídos por 49 aldeias
em reserva de 1,2 milhão hectares.
Pantanal Press Assessoria de Imprensa
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Línguas e Culturas
Tupi: valiosa contribuição à
Cultura Brasileira
29 de junho - Será
lançado no mês julho o livro
Línguas e Culturas Tupi, organizado
pelos lingüistas Ana Suelly Arruda Câmara
Cabral e Aryon Dall’Igna Rodrigues, da UnB,
e produzido pela Editora Kurt Nimundaju. Segundo
o lingüista e professor da UNICAMP, Wilmar
D’Angelis, o livro reúne valiosas contribuições
apresentadas durante o I Encontro Internacional
sobre Línguas e Culturas do Povo Tupi
em 2004, incluindo um trabalho da antropóloga
Juracilda Veiga, da Funai.
O livro trás informações
inéditas sobre a pré-história
e sobre a história das línguas
e culturas Tupi, assim como sobre diversos
aspectos culturais e lingüísticos
da realidade atual dos seus respectivos povos.
Com este livro, afirma o professor D’Angelis,
“concretiza-se a associação
de estudiosos de antropologia e lingüística
de diferentes orientações teóricas
e de diferentes partes do mundo, num esforço
de cooperação para a ampliação
e consolidação do conhecimento
científico sobre os povos indígenas
de filiação Tupi”.
A obra reúne quase
40 contribuições de uma dezena
de antropólogos e mais de duas dezenas
de lingüistas, tratando-se da mais ampla
coletânea de trabalhos sobre línguas
Tupi já publicada no Brasil. A coletânea
traz três trabalhos que traçam
visões ou apanhados panorâmicos:
Etnologia Tupi: 22 anos depois, de Roque Laraia;
Línguas ameaçadas, de Stephen
Baines; e Observações sobre
o estado de saúde atual das línguas
Tupi, de Ruth Monserrat.
O livro traz outros trabalhos
também, como os dos antropólogos
Waud Kracke e Betty Mindlin, e dos Lingüistas
Aryon Rodrigues, Lucy Seki, Frank Brandon,
Ana Suelly Cabral, Beatriz Corrêa da
Silva, Maria Risoleta Julião e Marina
Magalhães. Além dos mencionados,
há outros seis trabalhos antropológicos
Kamayurá, Zo’é, Sateré-Mawé,
Avá-Canoeiro, Nhandéva e Guarani
Mbiá, dois em lingüística
e antropologia (Xetá e Amondawa) e
diversos ensaios abordando aspectos de línguas
específicas.
A publicação,
que teve o apoio do CNPq e Institut de Recherd
pour lê Développment, será
lançado em três locais e datas:
UnB, dia 4 de julho, por
ocasião do 82º aniversário
do Prof. Aryon Dall’Igna;
Unicamp, 10 de julho, no VII Encontro sobre
Leitura e Escrita em Sociedades Indígenas;
e
UFRGS (Porto Alegre), durante a VII RAM -
Reunião de Antropologia do Mercosul,
de 23 a 26 de julho.