24 de Junho de 2007 - Isabela
Vieira - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - As obras do Projeto
de Integração do São
Francisco à Bacias do Nordeste Setentrional,
também conhecido como projeto de transposição,
beneficiarão a produção
de camarão e alimentos para exportação
– e não a população do
sertão. A opinião é de
Adriano Martins, integrante do Conselho Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea).
Em entrevista à Rádio
Nacional, ele afirmou que o projeto "não
é voltado ao abastecimento das populações
que passam sede no nordeste, como o governo
defende de vez em quanto”. E acrescentou:
“Não é verdade, é marketing
falar que é água para quem está
com sede".
Segundo Martins, somente
4% das águas do projeto de integração
serão destinadas à população
da caatinga e do sertão: “Setenta por
cento são para uso industrial, irrigação
de exportação e criação
de camarão, e 26%, para uso industrial
e para grandes cidades e metrópoles”.
O conselheiro defende a aplicação
das sugestões do Atlas do Nordeste,
divulgado pela Agência Nacional de Águas
(ANA) no final do ano passado. A publicação
aponta cerca de 530 ações para
reduzir o déficit da água nas
cidades nordestinas.
“Boa parte das ações do Atlas
propõe trazer a água que está
represada no açude, mas não
está disponibilizada para a população,
por meio da construção de adutoras
e melhora do sistema de abastecimento. Há
uma área de muita escassez, mas muito
próximo, uma região com muita
água de solo que não é
aproveitada”.
Em março, em entrevista
à Agência Brasil, o diretor-presidente
da ANA, José Machado, havia explicado
que o Atlas é complementar às
obras de integração do Rio São
Francisco, ao sugerir a construção
e a ampliação de sistemas de
captação de água, adutoras
e tratamento. Com isso, seriam atendidos 40
milhões de moradores da região
ao custo de R$ 3,6 bilhões.
Segundo o Ministério
da Integração Nacional, o projeto
para o rio prevê a construção
de dois canais: o Eixo Norte, que levará
água para os estados de Pernambuco,
Ceará, Paraíba e Rio Grande
do Norte; e o Eixo Leste, para atender ao
sertão e às regiões de
agreste de Pernambuco e da Paraíba.
As obras já começaram e estão
previstas no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), lançado pelo
governo federal em janeiro. O custo estimado
para o projeto é de R$ 4,9 bilhões.