5 de Julho de 2007 - Carolina
Monteiro* - Repórter da TV Nacional
- Ricardo Stuckert/PR - Bruxelas (Bélgica)
- Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
conversa com o presidente da Comissão
Européia, José Manuel Durão
Barroso durante Sessão Especial da
Conferência Internacional sobre Biocombustíveis.
Bruxelas (Bélgica)
- O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse hoje (5) que o Brasil vai criar
uma certificação para que o
mercado de biocombustíveis seja desenvolvido
de modo responsável e sustentável.
Também voltou a rebater as críticas
de que o uso de sementes para produção
de energia vai aumentar a fome no mundo e
disse que se há um culpado pela falta
de acesso de parte da população
aos alimentos, é a política
de subsídios dos países ricos.
“Estamos desenvolvendo o
Programa Brasileiro de Certificação
Técnica, Ambiental e Social dos Biocombustíveis,
que permitirá mostrar que toda a cadeia
de produção dos biocombustíveis
no país respeita critérios ambientais,
sociais e trabalhistas, consagrados nas normas
internacionais e na legislação
brasileira, e exigidos pela sociedade”, disse
Lula na Conferência Internacional sobre
Biocombustíveis, em Bruxelas.
O presidente mencionou a
necessidade de criar padrões e normas
técnicas sobre o etanol e o biodiesel
para fazer do biocombustível um “pilar
da matriz energética mundial”. E disse
que está sendo feito um trabalho conjunto
com “nossos parceiros no Foro Internacional
de Biocombustíveis: África do
Sul, China, Estados Unidos, Índia e
União Européia”.
Lula frisou que o objetivo
do certificado não é “criar
uma competição entre energia,
comida e meio ambiente”, mas mostrar respeito
pelas questões ambientais e pela necessidade
de preservar a produção de alimentos.
Um dos principais defensores
dos biocombustíveis na comunidade internacional,
o presidente foi o único chefe de Estado
presente ao encontro. A União Européia
se impôs a meta de substituir 10% de
todo o combustível consumido pelos
27 países do bloco por energias renováveis
até 2020. Hoje, a participação
é de 1%, como disse presidente da Comissão
Européia, José Manuel Durão
Barroso.
Sobre a questão alimentar,
Lula disse: “Todos sabemos que não
há escassez de alimentos no mundo,
mas escassez de renda capaz de garantir o
acesso das populações mais pobres
ao que comer. A falta de renda está
diretamente vinculada aos vultosos subsídios
agrícolas dos países ricos.
Trata-se de desvio do comércio internacional
que ameaça a produção
de alimentos e de excedentes exportáveis
pelos países pobres”.
O presidente usou o Brasil
como exemplo de que não há oposição
entre uma agricultura voltada para a produção
de alimentos e outra para a produção
de energia. “A fome no país diminuiu
no mesmo período em que aumentou o
uso dos biocombustíveis. O plantio
da cana-de-açúcar não
comprometeu ou deslocou a produção
de alimentos. Na realidade, a cana ocupa menos
de 10% da área cultivada do país,
ou seja, menos de 0,4% do território
brasileiro. Essa área – é bom
que se diga – fica muito distante da Amazônia,
região que não se presta à
cultura da cana”.
Ele afirmou ainda que o
Brasil convocará uma Conferência
Internacional sobre Biocombustíveis,
em julho de 2008, no Rio de Janeiro, que sediou
o encontro ambiental Rio-92, há 15
anos.
Depois da conferência,
Lula participou de um almoço de trabalho
oferecido por Durão Barroso, seguido
da assinatura de acordos de cooperação
na área de biocombustíveis –
cujo conteúdo não foi revelado.
Hoje, ainda terá encontro privado com
o presidente do Parlamento Europeu, deputado
Hans Gert Pötering.
* Com informações do site oficial
da Presidência da República