1 de Julho de 2007 - Wellton
Máximo - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- A cinco anos de expirar a primeira etapa
do Protocolo de Quioto, que estipula níveis
de redução da emissão
de gás carbônico para os países
desenvolvidos até 2012, o ritmo de
cumprimento das metas causa preocupação
em ambientalistas e em representantes de movimentos
sociais.
Enquanto algumas Organizações
Não-governamentais (ONGs) pressionam
pela criação de um novo tratado
sobre o clima, o governo brasileiro diz ser
preciso ter urgência nas negociações
para a fase seguinte do tratado.
O embaixador brasileiro
para Questões Climáticas, Sérgio
Serra, que representa o país nas reuniões
anuais das partes do Protocolo de Quioto,
avalia que ainda é cedo para afirmar
se o tratado fracassou.
“A partir de 2013, os países
que assinaram o acordo estão submetidos
a um segundo período de compromissos,
o que abre uma nova possibilidade de ajustes”.Serra,
no entanto, diz que o processo de redefinição
das metas precisa estar concluído pelo
menos até 2009. “Os países precisam
de pelo menos três anos para ratificar
os compromissos que entrarão em vigor
em 2013. Há um sentido de urgência
em acertar os caminhos das negociações
para que possamos seguir adiante.”
Para a ONG internacional
Avaaz, a demora em cumprir as metas estabelecidas
pelo acordo assinado em 1997 representa um
sinal de alerta. A entidade é autora
da petição que pede aos governos
de todo o mundo que negociem o estabelecimento
de metas mais rígidas na segunda fase
do tratado. O documento é assinado
por 390 mil pessoas de 190 países
O embaixador recebeu uma
cópia da petição no dia
14 de junho, em uma cerimônia no Itamaraty.
Serra diz que encaminhará o documento
nos próximos dias para o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. “Como presidente
do Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas, Lula certamente terá
conhecimento dessa petição”.
O Protocolo Quioto é
um instrumento para a implementação
da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas.
As nações industrializadas que
ratificaram o tratado devem reduzir, até
2012, as emissões de gases que agravam
o efeito estufa em 5,2% abaixo dos níveis
registrados em 11000. Os países em
desenvolvimento não têm metas
obrigatórias para diminuição
de suas emissões.
A coordenadora da Avaaz
no Brasil, Graziela Tanaka, diz que as metas
acertadas há dez anos estão
desatualizadas. “O Japão, a União
Européia e o Canadá, bem ou
mal, estão reduzindo as emissões
dos gases que causam o efeito estufa, mas
os Estados Unidos, que são os principais
consumidores de combustíveis fósseis,
nem sequer ratificaram o tratado”.
Graziela acrescenta que
a emissão desses gases piorou com o
desenvolvimento econômico da China nesta
década. “No início da década
de 90, a China respondia por uma parcela ínfima
das emissões, mas o crescimento foi
tanto que hoje ela tem quase o mesmo nível
de emissões dos Estados Unidos. Esse
é o exemplo mais emblemático
de como as metas precisam ser repensadas”.
Segundo um estudo divulgado
em abril pela Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (Ocde), os chineses emitem
hoej 4,7 bilhões de toneladas de gás
carbônico por ano. O número é
superior aos 3,8 bilhões da Europa
e cada vez mais próximo dos 5,8 bilhões
lançados ao ar anualmente pelos norte-americanos.
A próxima reunião
das partes do Protocolo de Quioto ocorrerá
em dezembro em Bali, na Indonésia.
O embaixador Sérgio Serra evita dar
números, mas confirma que os países
desenvolvidos precisarão se esforçar
mais para cumprirem a segunda etapa do acordo.
“Os países industrializados ainda estão
distantes de atingir os compromissos assumidos
há dez anos".