59ª SBPC - 13/07/2007
- Segundo o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), o Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia
gira em torno de R$
114 bilhões anuais, ou cerca de 6%
do PIB brasileiro. Desse total, a atividade
agropecuária é responsável
por R$ 16,6 bilhões e os produtos e
serviços originários da biodiversidade
da região respondem por R$ 9 bilhões.
Os dados foram apresentados
por Charles Roland Clement, pesquisador do
Departamento de Ciências Agronômicas
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT), na mesa-redonda “Valor econômico
da floresta em pé” durante a 59ª
Reunião Anual da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC),
em Belém.
“Temos a maior floresta
do mundo, que representa 60% do território
nacional e é supostamente considerada
o ouro verde do futuro, mas sua biodiversidade
contribui em menos de 1% para o PIB brasileiro”,
disse Clement. "O Brasil precisa valorizar
as novas vocações econômicas
e ambientais da floresta amazônica e
garantir a manutenção de seus
recursos naturais", apontou.
O pesquisador do Inpa chamou
a atenção para a importância
da agricultura tradicional – prática
essencialmente sustentável em que o
pequeno produtor usa tecnologias para recuperar
o solo após o cultivo – para o aumento
da participação da biodiversidade
da floresta no PIB brasileiro. A agricultura
tradicional na Amazônia é composta
basicamente por frutas exóticas, hortaliças,
raízes nativas, plantas medicinais,
criação de animais e outros
produtos florestais não madeireiros.
Nesse contexto, destaca-se
o açaí (Euterpe oleracea), considerado
um produto florestal não madeireiro
cujo mercado tem crescido exponencialmente
nos últimos anos. A população
do Pará, com pouco mais de 7 milhões
de habitantes, é a maior consumidora
de açaí do mundo. Hoje, de acordo
com Clement, são mais de 10 mil quilômetros
quadrados de açaizais estrategicamente
localizados entre Belém e Macapá,
com cadeias de comercialização
e exportação muito bem elaboradas,
centros de pesquisa e desenvolvimento eficientes
e recursos humanos especializados no manejo
do fruto.
“Somente os habitantes de
Belém consomem 400 toneladas do fruto
por mês, enquanto a soma do consumo
dos outros estados brasileiros é de
40 toneladas. O açaí é
um fenômeno recente que dificilmente
será replicado em outras regiões
ou países, devido às condições
únicas de plantio no Norte brasileiro”,
apontou Clement.
Para o pesquisador, o açaí,
impulsionado pelas exportações
a países da Europa e da Ásia,
é um bom exemplo de aproveitamento
da biodiversidade da Amazônia, sem necessariamente
ter que derrubar árvores.
“Derrubar a floresta não
é e não pode ser mais lucrativo
do que o desenvolvimento da Amazônia
com a floresta em pé. O problema é
que não há investimentos suficientes
para a agregação de novos valores
econômicos à altura da biodiversidade
da região”, lamentou.
Plantas do futuro
Samuel Almeida, pesquisador da Coordenação
de Botânica do Museu Paraense Emílio
Goeldi (Mpeg), apresentou uma lista de “plantas
do futuro”, elaborada em parceria com o Projeto
de Conservação e Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira (Probio), do MMA. A lista inicial
indicou 2.150 espécies florestais não
madeireiras com algum tipo de uso econômico,
incluindo plantas aromáticas, medicinais,
alimentícias, fibrosas e oleaginosas.
“Fizemos uma ampla triagem
para eliminar duplicidade de informações
e identificar espécies que não
faziam parte da flora amazônica. A lista
final, que está disponível no
site do Museu Goeldi, é composta por
73 espécies que estão prontas
para se tornar oportunidades de negócio”,
afirmou. O açaí é uma
delas.
Almeida também apresentou
dados da fruticultura no Brasil, que registra
uma produção anual de cerca
de 36 milhões de toneladas em uma área
de 2,3 milhões de hectares. O setor
emprega 5,6 milhões de pessoas – 27%
da mão-de-obra agrícola nacional
– e gera de dois a cinco postos de trabalho
na cadeia produtiva por hectare cultivado.
Os bionegócios na
Amazônia também não foram
esquecidos. Segundo Almeida, existem atualmente
891 empreendimentos em sete estados da Amazônia,
responsáveis por cerca de 1,2 mil produtos
e serviços prestados por pequenas e
médias empresas, associações
de produtores, artesãos e cooperativas,
em setores como os de alimentos, fármacos,
essências, turismo, artesanato e madeira.
Thiago Romero
Agência Fapesp
Assessoria de Comunicação do
INPA
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Mostra reúne tecnologias
inovadoras que contribuem para preservação
ambiental
59ª SBPC - 12/07/2007
- Belém - Um exemplo do investimento
feito pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT) em inovação
é uma das grandes atrações
para o público que participa, em Belém
do Pará, da 59ª Reunião
da SBPC: o carro tetra flex, que pode ser
movido à gasolina, álcool, gás
e álcool/gasolina.
Essa tecnologia brasileira
é desenvolvida com incentivos da Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep/MCT) por meio
do Programa de Desenvolvimento Tecnológico
e Industrial.
O sistema de injeção
do motor do carro, um Palio vermelho brilhante,
foi desenvolvido pela Magnetti-Marelli, empresa
que faz parte do grupo Fiat. Em exposição
num local de destaque, logo na entrada do
Hangar onde se realiza o evento, o carro é
uma demonstração clara da importância
da capacitação tecnológica
da indústria na geração
de novos produtos.
No estande da Secretaria
de Desenvolvimento Tecnológico e de
Inovação do MCT, o público
recebe folhetos e informações
sobre outros produtos inovadores, os incentivos
que as empresas podem obter e detalhes sobre
a Lei da Inovação.
Outra inovação
também faz sucesso entre o público
desta reunião da SBPC – são
os pufes feitos de garrafas PET, tecnologia
e design criados pelo Instituto Nacional de
Tecnologia (INT), instituição
vinculada ao MCT.
E para ensinar como transformar
lixo em utilidade e possibilidade de geração
de renda, técnicos da entidade dão
uma aula prática todos os dias, curso
prático, utilizando garrafas que foram
recolhidas pelo Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG/MCT).
Cerca de duzentas pessoas
seguem o curso e, no final, o pufe que foi
feito na aula é sorteado entre os participantes,
aí o momento é de torcida e
euforia, reunindo no estande do INT outros
grupos de homens e mulheres interessados em
aprender detalhes do objeto
Helena Beltrão - Assessoria de Imprensa
do MCT
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Cetem e parceiros apresentam
projeto Estrada Real
Desenvolvimento Sustentável
- 10/07/2007 - O Centro de Tecnologia Mineral
(Cetem/MCT), o Departamento de Geologia do
Instituto de Geociências da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (DG/IGEO/UFRJ) e
o Departamento de Recursos Minerais do Estado
do Rio de Janeiro (DRM/RJ) debateram em junho
passado o Projeto Estrada Real, no auditório
do Cetem, no Rio de Janeiro (RJ).
A reunião tem por
objetivo apresentar e discutir os principais
aspectos relativos ao Projeto Estrada Real,
componente brasileiro do Projeto Rumys (Rutas
Minerales en Ibero América y Ordenamiento
Territorial), cujo objetivo é valorizar
e difundir uma estratégia ibero-americana
para estabelecer modelos de desenvolvimento
sustentável em comunidades com rotas
minerais patrimoniais.
No Projeto Rumys, apoiado
pela área de Promoção
Industrial do CYTED - Programa Ibero-americano
de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento,
participam 75 pesquisadores de oito países
que são: Brasil, Chile, Colômbia,
Equador, Espanha, México, Peru e Portugal.
O evento integra a 1ª
Etapa do Projeto Estrada Real, no qual estão
sendo realizadas sete reuniões com
atores relevantes de núcleos selecionados
na região de influência da Estrada
Real: Belo Horizonte, Diamantina, Juiz de
Fora, Ouro Preto, Petrópolis, Rio de
Janeiro e São João Del Rey.
Além da divulgação
do Projeto, tais reuniões têm
por objetivo identificar as percepções
e expectativas dos atores com relação
ao tema e coletar subsídios para o
detalhamento do programa de execução
do projeto.
Na oportunidade, os participantes
assistiram, também, a uma apresentação
sobre o Projeto Caminhos Geológicos
que vem sendo conduzido pelo DRM/RJ e que
constitui uma experiência de referência
que deverá subsidiar as ações
do Projeto Estrada Real, assim como as do
Projeto Rumys.
(Núria Castro e Gilson Ferreira – Cate)
Assessoria de Imprensa do CETEM