14 de Julho de
2007 - Alex Rodrigues - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - O
pesquisador Edson Sano, da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
mostra imagem feita por satélite. A
Embrapa terminou de detalhar estudo sobre
as áreas remanescentes do cerrado
Brasília - As áreas
de campo, nas quais é mais fácil
limpar os terrenos, foram as mais atingidas
pela ocupação humana no cerrado.
A conclusão é de estudo da Embrapa
Cerrados (unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária).
A Embrapa terminou no início
deste mês o detalhamento de sua pesquisa
sobre a situação ambiental do
bioma. Segundo o coordenador do estudo, Edson
Sano, após divulgarem o “Mapeamento
de Remanescentes de Cobertura Vegetal Natural
do Cerrado”, em fevereiro, os pesquisadores
se dedicaram a identificar e calcular o espaço
ocupado por cada espécie de cobertura
vegetal nas áreas naturais remanescentes
e a forma como são utilizados os locais
modificados pela ação humana.
O detalhamento demonstrou
que 61% da área remanescente é
coberta pela formação típica
de savanas, uma mistura de vegetação
arbórea, arbustiva e herbácea.
Já a formação florestal,
onde há predomínio das árvores
caracterizadas por troncos retorcidos e com
casca grossa, responde por 32% do total preservado.
Por fim, apenas 7% do total são compostos
de vegetação campestre – classificada
como campo limpo, campo sujo ou campo rupestre,
de acordo com a quantidade de arbustos e outras
características.
Utilizando imagens colhidas
por satélites em 2002, a Embrapa Cerrados
já havia concluído que 61% da
vegetação original do bioma
está preservada. Dos 207 milhões
de hectares oficialmente reconhecidos, 61
milhões são utilizados como
pastagens e 17,5 milhões para o cultivo
de alimentos, totalizando 78,5 milhões
de hectares. De acordo com Sano, embora esses
resultados não tenham sofrido alterações
em termos de porcentagem, a segunda fase do
trabalho levou a conclusões interessantes.
“Temos a idéia de
preservar as áreas com remanescentes
florestais, mas o cerrado não á
apenas isso. As formações campestres
também apresentam uma biodiversidade
importante e necessitam de uma atenção
em termos de preservação”.
Para o pesquisador, essa
diversidade tem de ser levada em consideração
por qualquer programa de preservação
ou de utilização racional do
bioma. Além disso, Sano destaca a importância
de conhecer os reais níveis de degradação
de cada estado: “Existe uma grande variação
em termos de cobertura vegetal natural em
relação à aérea
preservada. Ou seja, podemos ter áreas
onde esta preservação pode chegar
a mais de 90% e outras em que isso pode ser
de menos de 15%”.
As imagens abrangem os estados
de São Paulo, Paraná, Mato Grosso
do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas
Gerais, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, Maranhão
e Piauí. São Paulo e Piauí
são, respectivamente, a unidade que
mais degradou e a que mais preservou o bioma,
em relação à respectiva
área original.
Quando foi divulgado, o
estudo recebeu críticas por considerar
pastos cobertos por vegetação
nativa como áreas remanescentes. O
resultado da Embrapa Cerrados divergia de
pesquisa semelhante feita pela organização
Conservação Internacional que,
também com base em imagens de 2002,
concluiu que havia apenas 46% de áreas
remanescentes. Sano, no entanto, voltou a
explicar que os percentuais não coincidem
porque os critérios das pesquisas são
diferentes.
Segundo ele, a conclusão
de sua equipe não é conflitante
nem mesmo com a classificação
do Cerrado como um hotspot (ecossistema de
alta biodiversidade sob muita pressão
de degradação e cuja preservação
é considerada prioritária).
“É preciso considerar que nós
[Embrapa] contabilizamos como área
natural qualquer espaço com vegetação
original preservada, independentemente dela
estar sendo utilizada pelo homem. Já
a classificação de hotspots
considera o nível de conservação
nos diferentes tipos de cobertura natural”,
diz.
O pesquisador avalia que
a atividade que mais degrada o cerrado é
a pastagem. De acordo com a pesquisa, 60%
dos 61 milhões de hectares de pastos
estão em processo de degradação
ou degradados. A alternância de pastio
com cultivo agrícola poderia recuperá-los,
comenta Sano.