10/07/2007 - O debate sobre
o aquecimento global, agro-energia, água
e meio ambiente, que movimentou os participantes
do Fórum Social do Mercosul,
nesta sexta-feira (6), em Curitiba, mostrou
que os diversos setores da sociedade buscam
a mesma coisa: a preservação
dos recursos naturais, especialmente da água,
elemento essencial para a sobrevivência
do homem.
O contra-senso nesta situação
é que, comprovadamente, as mudanças
no clima – que secam rios e extinguem espécies
- têm origem na atividade do homem,
no nível de consumo e nas tecnologias
empregadas. Dados do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), apresentados
pela senadora boliviana Maria Esther Uedatha,
identificam a queima de combustíveis
fósseis, o manejo de resíduos,
os processos industriais e agrícolas,
realizados nos últimos 50 anos, como
as causas da elevação da temperatura
no planeta.
Maria Esther também
apontou a escassez da água como a origem
do aumento da pobreza e da fome no mundo;
e lamentou as várias situações
irremediáveis. “Precisamos nos adaptar
às mudanças, pois superá-las
já não podemos mais”, afirmou
apontando o caminho para o desenvolvimento
sustentável e integral.
“Cabe ao homem decidir onde
quer parar.” A reflexão sugerida por
Gustavo Chianka, da Organização
das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação (FAO) no Brasil,
aponta mais uma vez para a ação
humana na destruição dos recursos
naturais.
Segundo ele, até
2025, será necessário duplicar
a produção de alimentos no mundo
e incrementar em 20% a derivação
da água para a agricultura, que hoje
já consome 70% da água doce
disponível. “Prevê-se que, em
2050, mais de 45% da população
mundial não terá uma porção
mínima individual de água para
sobreviver”, ressaltou.
Valor da água – O
deputado federal Dr. Rosinha, vice-presidente
do Parlamento do Mercosul, afirma que o tratado
assinado no início da década
de 90 teve apenas resultados comerciais. “O
Mercosul não corresponde à cidadania
e as diferentes culturas dos povos dos países
que o compõem”, indicou.
Ele lamentou o fato de que
os bens naturais estão sendo usados
para o lucro, sem controle. “Qual a regra
para usarmos a água do (Aqüífero)
Guarani? Precisamos definir qual a necessidade
de consumo e não permitir que se jogue
água fora ou que tenha uso indevido”,
afirmou ele sobre o uso da água transfronteiriça.
Sobre a privatização
da água, Dr. Rosinha acredita na mobilização
popular para negar este modelo, que é
uma ameaça mundial. “A água
é um bem natural necessário
para a vida. Não se pode fazer disto
um objeto de lucro”, resumiu. Ele lembrou
as péssimas experiências vividas
na Argentina e Bolívia, onde a população
teve que se mobilizar para reconquistar a
água como um bem público.
Para a diretora de Meio
Ambiente e Ação Social da Sanepar,
Maria Arlete Rosa, a gestão pública
da água é a única garantia
de acesso das populações carentes.
“Um bom exemplo disto é o que o Governo
do Paraná está fazendo com o
programa Tarifa Social da Água. Estamos
beneficiando 1,4 milhão de pessoas
no Estado”, lembra.
Saint-Clair Honorato dos
Santos, promotor de justiça de proteção
do meio ambiente, acredita na gestão
compartilhada dos recursos naturais como mecanismo
promotor da paz e da integração
no Mercosul. “A sustentabilidade é
a única via. Precisamos mudar comportamentos,
processos industriais e o uso dos recursos”,
apontou.
Para Carlos Finkler, representante
da La Via Campesina e Movimento dos Sem Terra
(MST), o sistema econômico instalado
não está preocupado em garantir
o acesso à água, mas em transformá-la,
lucrar com sua venda, sem pensar na sua escassez.
“No capitalismo não existe sustentabilidade”,
argumentou.
Ele condenou a produção
de agro-combustíveis, como uma atividade
que disputará solo e água com
a produção de alimentos, além
de gerar mais poluição. “Seres
humanos estão disputando água
com os animais, mas logo estarão disputando
com as caminhonetes americanas”, anunciou,
indicando a agroecologia e a agricultura camponesa
como o caminho para a preservação
da água.
+ Mais
Encontro nacional de Comitês
de Bacias Hidrográficas será
no PR
10/07/2007 - Em outubro
o Paraná vai sediar um dos mais importantes
eventos brasileiros na área de Recursos
Hídricos: o IX Fórum Nacional
de Comitês de Bacias Hidrográficas,
que será realizado em Foz do Iguaçu.
Os preparativos já começaram
na Secretaria do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, coordenadora do encontro.
Nesta segunda-feira (09),
representantes de diversas instituições
– como Instituto Ambiental do Paraná
(IAP), Superintendência de Desenvolvimento
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
(Suderhsa), Instituto de Terras, Cartografia
e Geociências (ITCG), Copel, Itaipu
Binacional e Sanepar, entre outras – participaram
de uma reunião para discutir a realização
do evento.
O secretário do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, destacou a importância da
realização do Fórum,
ao lembrar que este será o primeiro
encontro nacional em que todos os Estados
brasileiros vão participar. “Além
disso, será avaliada a implementação
do Plano Nacional de Recursos Hídricos,
que completa uma década neste ano”,
comentou. “É muito gratificante saber
que o Paraná foi escolhido para sediar
este evento tão importante para a gestão
dos recursos hídricos no país”,
disse Rasca.
Mais de 900 participantes
são esperados no evento que irá
reunir 142 comitês de bacias hidrográficas
já instalados em todo o país.
“Será uma ótima oportunidade
de mostrarmos algumas de nossas experiências
na gestão dos recursos hídricos,
além de aprendermos com outros estados.
Temos que buscar os bons exemplos que estão
acontecendo no Brasil para podermos internalizar
aqui. Temos muito a aprender e, com certeza,
muito a ensinar também”, comentou Rasca.
Entre as experiências
paranaenses que serão apresentadas
no encontro de outubro estão a reorganização
dos escritórios regionais do Sistema
SEMA (composto pela Secretaria e suas autarquias)
por bacia hidrográfica; os avanços
dos quatro comitês de bacia já
instalados; o Programa Mata Ciliar -que já
plantou mais de 61 milhões de mudas
de espécies nativas às margens
dos rios paranaenses, favorecendo a qualidade
da água destes rios; e o Canal da Piracema
– construído em parceria por técnicos
da Suderhsa e da Itaipu Binacional para ajudar
os peixes a vencerem o desnível de
120 metros entre a superfície do lago
do reservatório e o rio Paraná.
Escolha do Paraná
– A primeira reunião preparatória
para o encontro que acontece em outubro foi
realizada em maio deste ano e contou com a
participação do coordenador
do Fórum Nacional de Comitês
de Bacias Hidrográficas, Lupércio
Ziroldo Antônio. Na ocasião,
Lupércio comentou que o Paraná
foi escolhido para sediar o encontro pelas
ações já em andamento
voltadas à cobrança pelo uso
da água e preservação
de aqüíferos, entre outras ações
que se enquadram à nova política
nacional de recursos hídricos.
“Os projetos do Paraná
estão diretamente relacionados ao objetivo
do encontro de articular os Comitês
de Bacias Hidrográficas visando o fortalecimento
do sistema nacional de recursos hídricos,
de forma descentralizada, integrada e participativa”,
afirmou Lupércio na primeira reunião.
Comitês – O Comitê
de Bacia Hidrográfica é o fórum
de decisão das ações
que serão desenvolvidas na área
de abrangência da bacia para reverter
a poluição já ocorrida
e também para proteger as bacias que
ainda não foram atingidas pela poluição.
Os comitês geralmente são formados
por 40 integrantes, sendo 14 representantes
do Poder Público, 16 do setor de usuários
de Recursos Hídricos e 10 da sociedade
civil organizada.
O Paraná possui 16
bacias hidrográficas e já instalou
os comitês da bacia do Alto Iguaçu
e afluentes do Rio Ribeira, da bacia do Rio
Tibagi, Paraná III e do Rio Jordão.
“A meta é implantarmos outros três
comitês ainda este ano e, até
2010, totalizarmos 12 comitês instalados
de acordo com a definição do
Conselho Estadual de Recursos Hídricos”,
concluiu o secretário Rasca.
+ Mais
Governo investe R$ 424 mil
na produção de tubos e manilhas
para a região Noroeste do Estado
10/07/2007 - A Superintendência
de Desenvolvimento de Recursos Hídricos
e Saneamento Ambiental (Suderhsa) vai investir
R$ 424 mil para produção de
aproximadamente 25 mil tubos que serão
utilizados em obras de controle de cheias
e drenagem em 40 municípios paranaenses.
A Suderhsa é uma autarquia da Secretaria
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
A destinação
dos tubos prioriza os municípios da
região Noroeste do Estado, onde predomina
o solo formado pelo arenito Caiuá -
formação mais suscetível
à erosão, de acordo com o presidente
da Suderhsa, Darcy Deitos. Segundo ele, estes
tubos e manilhas viabilizam a implantação
de redes de galerias pluviais para conter
o processo erosivo. “Evitando, assim, o surgimento
de vossorocas e o assoreamento dos cursos
de água”, explicou.
Os tubos são fabricados
em três fábricas da autarquia:
em Arapongas, Cruzeiro do Oeste e Paranavaí.
Cada uma delas produz, em média, 8
mil tubos por mês. O presidente da Suderhsa
ainda comentou que os tubos produzidos nas
três fábricas têm melhor
qualidade que os comercializados convencionalmente.
“Eles são mais espessos e apresentam
maior durabilidade”, acrescentou.
Além dos investimentos
feitos pela autarquia, as prefeituras também
podem solicitar à Suderhsa a produção
dos tubos utilizando recursos do próprio
município. “Neste caso de parceria,
a prefeitura entra com a matéria-prima
e a Suderhsa com a mão-de-obra”, disse
Deitos.
Desde 2003, o Governo do
Estado já investiu mais de R$ 1 milhão
na produção de tubos e manilhas
obras de controle de cheias e drenagem. Com
o recurso foram fabricados 61,4 mil tubos.
Outros 25 mil foram fabricados nos últimos
quatro anos com recursos encaminhados pelas
prefeituras.