12 de julho - Nos dias 10
e 11 de julho a Fundação Nacional
do Índio (Funai) vai apoiar um dos
rituais mais importantes para o povo indígena
Krahô: a furação
de orelha. Esta prática, que não
era realizada há mais de quinze anos,
volta a se destacar entre os Krahô,
na Aldeia Cachoeira, localizada no estado
do Tocantins. Neste mês, 70 jovens do
sexo masculino, na faixa etária de
cinco a 18 anos, irão submeter-se ao
ritual, que traz não apenas a perfuração
estética, mas também a memória
da comunidade a qual pertencem. A Coordenação-Geral
de Artesanato da Funai liberou recursos no
valor de R$ 1,7 mil para a compra de tecidos,
espelhos, facas pequenas e despesas de locomoção
dos participantes.
Desde meados de 1995 a Funai,
juntamente com outras entidades, participa
do processo de recuperação da
identidade dos Krahô. Esta etnia, que
havia deixado de praticar diversos cantos
e rituais que compõem a identidade
da comunidade, obteve ajuda da fundação
para que retornassem a realizar eventos nos
quais afirmassem sua cultura. A exemplo do
projeto de recuperação das sementes
tradicionais indígenas, em que o apoio
da instituição foi fundamental
para a retomada da prática. Neste contexto,
a participação desses jovens
índios é extremamente importante
pelo fato de que esta celebração
está inserida num processo de reafirmação
de identidade cultural, como uma marca na
qual os Krahô exibem sua origem, destacando-se
em meio às outras etnias.
Mudança de Hábito
Os Krahô do sexo masculino furam os
lóbulos auriculares para marcarem a
“mudança das tribos”, segundo o antropólogo
Julio César Melatti, para se distinguirem
dos membros de outras tribos. Há uma
preparação anterior ao ritual
com restrições na alimentação.
A dieta alimentar dos jovens passa a ser à
base de batata, milho e inhame e em resguardo
pelo período de 30 dias, após
o término da celebração.
+ Mais
Povo Kuikuro terá
patrimônio cultural documentado e preservado
na própria aldeia
12 de julho - Menos de um mês após
a assinatura do acordo de cooperação
entre a Fundação Nacional do
Índio (Funai) e a Associação
Indígena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX),
o presidente Márcio Meira irá
acompanhar a inauguração do
centro de documentação da Aldeia
Kuikuro de Ipatse. Por meio do Protocolo de
Intenções, assinado no dia 29
de junho, no Museu do Índio (RJ), a
Funai reforçou o apoio à preservação
e desenvolvimento de acervos visuais, sonoros
e de documentação cultural dos
povos indígenas.
Para celebrar a inauguração,
a AIKAX organizou um evento nos dias 21 e
22 de julho, com programação
diversificada. O Parque Indígena do
Xingu será o cenário para projeção
de vídeos narrados, filmados e editados
pelos índios kuikuro. Trata-se do lançamento
do DVD “Cineastas Indígenas”, fruto
de oficinas ministradas pela ONG Vídeo
nas Aldeias (VNA), que há 14 anos promove
o audiovisual nas comunidades indígenas,
em parceira com a AIKAX, com sede na Aldeia
Kuikuro, no município de Gaúcha
do Norte, no Mato Grosso.
A Associação
foi fundada em 2002 para proporcionar ao povo
kuikuro o desenvolvimento de projetos e a
captação de recursos com autonomia.
A entidade, que tem caráter exclusivamente
indígena, busca meios para atender
às demandas internas da comunidade
e sua atuação é direcionada
à preservação do patrimônio
cultural e ambiental. Por meio do projeto
Documenta Kuikuro(DKK), vinculado ao Museu
Nacional, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), a AIKAX documenta todo o conhecimento
ritual, xamânico e musical, em colaboração
com pesquisadores e cineastas indígenas.
O povo Kuikuro
Os Kuikuro são um
povo de língua karib que habita a margem
direita do Xingu, abaixo da foz do rio Suiá-missu/Posto
Indígena Diauarum e às margens
do rio Tuatuari. Suas aldeias localizam-se,
desde as aldeias Txikão até
as dos Waurá e Awetí/Posto Indígena
Leonardo. As principais notícias sobre
esse grupo datam do século XIX (1884).
O antropólogo Eduardo Galvão
(1965) considera que os grupos Naravute, Kustenau
(Aruak), Aipatsé e Tsewá (Karib)
- extintos, teriam se juntado aos Kalapálo
e Kuikúru. Os Kuikúru atribuem
a sua origem à antiga aldeia Nahuguá
da qual vários subgrupos deram origem
às atuais aldeias Karib.
Esse grupo multilíngüe
e multiétnico é composto por
330 indivíduos das principais famílias
lingüísticas da América
do Sul (Tupi, Carib e Arawak). Trata-se de
um sistema cultural único, fruto da
mistura de povos de origens diversas, e que
possui um rico patrimônio imaterial,
cuja expressão mais forte são
os rituais, sendo o mais célebre destes
a cerimônia do kuarup. Apesar do processo
de mudança em sua organização
social, o grupo mantém suas cerimônias
preservadas.
A vida cerimonial no Alto
Xingu, no entanto, é muito mais rica:
há uma quinzena de rituais, cada qual
movido por um acervo de músicas e narrativas
próprias, transmitidas de geração
em geração. O conjunto formado
por cantos, músicas instrumentais,
narrativas, ornamentos e rotinas rituais tem
uma dimensão considerável e
representa um desafio à memória
social. Há ritos que possuem mais de
duas centenas de cantos diferentes, os quais
devem ser executados em uma seqüência
exata, no momento exato e no local exato.
Seus mitos integram o patrimônio cultural
do alto Xingu; com destaque para o ritual
do Jacuí, que na língua Kuikúru
denomina-se Kavrutú, nome dado aos
espíritos.
+ Mais
Reunião extraordinária
da Comissão Nacional de Política
Indigenista discutirá pontos estratégicos
12 de julho - Os membros
da Comissão Nacional de Política
Indigenista (CNPI) se reunirão novamente
nos dias 12 e 13 de julho. De caráter
extraordinário, a prioridade da reunião
é o debate sobre o Estatuto dos Povos
Indígenas, ainda não aprovado
pelo Congresso Nacional. Também serão
discutidos o projeto de mineração
em terras indígenas, a violência
contra índios e o serviço de
saúde indígena. O encontro acontece
nas dependências do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA), a partir das 9h30min, com previsão
de término às 18h.
As nove sub-comissões
da CNPI, que foram definidas na primeira reunião
da Comissão, se reuniram nesta quarta-feira,
11/07, com o objetivo de preparar a discussão
dos assuntos que envolvem a elaboração
do Projeto de Lei do Conselho Nacional de
Política Indigenista; justiça,
segurança e cidadania; terras indígenas;
etno-desenvolvimento; assuntos legislativos;
saúde; educação; gênero,
infância e juventude e políticas
públicas, orçamento e gestão.
As sub-comissões são parte da
estrutura da CNPI e se reúnem um dia
antes da reunião da CNPI.
Primeiro encontro
Nos dias 04 e 05 de junho
os membros da CNPI se reuniram pela primeira
vez. Nesse primeiro encontro do grupo, foram
definidos o regimento interno da CNPI e a
definição das subcomissões
temáticas, das quais participam representantes
governamentais e lideranças indígenas.
A CNPI foi instituída
por Decreto Presidencial em 2006 e implantada,
por meio de Portaria Ministerial, no dia 19
de abril de 2007. Cabe a CNPI à responsabilidade
de desenvolver estratégias de monitoramento
e avaliação das atividades de
órgãos federais relacionadas
com a área indigenista. Além
disso, a Comissão deverá propor
e acompanhar a atualização de
leis, diretrizes e normas, incentivando a
participação dos povos indígenas
e apoiando os diferentes órgãos
responsáveis pela execução
das ações dirigidas aos índios.
De acordo com o Decreto de 22 de março
de 2006 que formou a CNPI, todas as reuniões
ocorrerão em Brasília a cada
dois meses, e sempre que o Presidente ou dois
terços dos membros a convoquem. De
caráter temporário, a Comissão
antecede a instalação do Conselho
Nacional de Política Indigenista, integrado
ao Ministério da Justiça, e
cujo projeto de criação será
da própria CNPI.
A CNPI é composta
por 20 representantes indígenas, duas
ONG’s e por dois membros do Ministério
da Justiça, sendo um deles o Presidente
da Fundação Nacional do Índio,
Márcio Meira, que preside a Comissão.
Também faz parte da Comissão
representantes dos seguintes ministérios:
Casa Civil, Secretaria-Geral e Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência
da República, Minas e Energia, Saúde,
Educação, Meio Ambiente, Desenvolvimento
Agrário, Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, Defesa e Planejamento, Orçamento
e Gestão.