Conservação
Ambiental - 23/07/2007 - Pesquisas do Museu
Goeldi fazem levantamento de espécies
em áreas nativas sob pressão
antrópica e avaliam
colonização de anfíbios
e répteis em áreas reflorestadas
"Temos que fazer pesquisa em áreas
sob pressão antrópica, senão
corremos o risco de perder espécies
antes mesmo de conhecê-las". A
afirmação é do pesquisador
Ulisses Galatti, do Museu Goeldi, que coordenou
o simpósio "Herpetofauna amazônica",
realizado em Belém (PA) durante o 3º
Congresso Brasileiro de Herpetologia.
Promovido pelo Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG/MCT), Universidade
Federal do Pará e a Sociedade Brasileira
de Herpetologia, o Congresso encerrou suas
atividades na última sexta-feira (20).
O pesquisador acredita que
a alteração de hábitats
naturais tem sido a principal ameaça
à fauna de répteis e anfíbios
da Amazônia.
"Além da expansão
da agropecuária, responsável
por cerca de 80% do desflorestamento na Amazônia
brasileira, a região tem vários
projetos de exploração mineral,
madeireira e de aproveitamento hidroenergético",
esclarece Galatti, que coordena estudos em
áreas sob impacto ambiental no estado
do Pará.
As pesquisas avaliam, por
exemplo, o efeito da construção
da hidrelétrica de Tucuruí e
da exploração de bauxita em
Porto Trombetas, no município de Oriximiná
(PA).
Segundo o pesquisador, em
Tucuruí (PA), a inundação
de 2.850 km² no médio rio Tocantins
resultou na perda de áreas florestadas
e no surgimento fragmentos florestais nas
porções mais elevadas do terreno.
Desde 2004, estudos são
realizados com a finalidade avaliar a situação
das comunidades de vertebrados e os efeitos
da construção da barragem sobre
a herpetofauna terrestre e aquática
na região que, desde 2002, foi estabelecida
como Área de Proteção
Ambiental (APA).
Os resultados dos estudos
no Lago de Tucuruí deverão ser
considerados na elaboração do
Plano de Manejo da APA.
Em Porto Trombetas, a exploração
de bauxita pela Mineração Rio
do Norte implica no desflorestamento de 4
km² por ano. Nos locais afetados, o processo
de reflorestamento é iniciado através
da reposição da camada superficial
do solo e do plantio de mudas de espécies
nativas.
Desde 2004, o Museu Goeldi
realiza estudos sobre a colonização,
pela herpetofauna, das áreas reflorestadas,
onde já foram identificadas 20 espécies
de anfíbios e 19 de répteis.
"Estudos de longo prazo
são necessários tanto para acompanhar
o processo de colonização dos
reflorestamentos, quanto para determinar as
diferenças entre eles relacionadas
principalmente ao ano do plantio e ao grau
de isolamento em relação à
floresta nativa adjacente", explica.
E afirma que "as pesquisas
sobre os padrões de colonização
por anfíbios e répteis das áreas
reflorestadas devem ainda contribuir para
avaliar o estado de reabilitação
desses ambientes, bem como a sua relevância
para a conservação da herpetofauna
local".
As pesquisas nas regiões
de Tucuruí e de Porto Trombetas têm
financiamento da Eletronorte e Mineração
Rio do Norte, respectivamente.
Maria Lúcia Morais - Assessoria de
Comunicação Social do Museu
Goeldi
+ Mais
Museu Goeldi promove visita
a sítio arqueológico
Patrimônio - 23/07/2007
- A atividade é resultado de convênio
entre o Museu e a Salobo Metais
Quase todo mundo já ouviu falar da
profissão de arqueólogo, seja
em matérias em revistas e jornais ou
no cinema. Mas quem já visitou um sítio
arqueológico de verdade? Para dar essa
oportunidade, o Museu Paraense Emílio
Goeli (MPEG/MCT) promoveu no sábado
(21) uma visita a um sítio arqueológico
no interior da Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri,
na Serra dos Carajás, município
de Marabá (PA).
No local é desenvolvido
o Projeto Salobo pela Salobo Metais S.A. (SMSA),
subsidiária integral da Companhia Vale
do Rio Doce (CVRD), onde a empresa explora
uma jazida polimetálica.
A visita ao sítio
faz parte do Programa de Arqueologia Preventiva
na Área do Projeto Salobo, resultado
de um convênio entre o MPEG e a SMSA,
que é realizado nas vilas Paulo Fontelles
e Sansão, no município de Parauapebas
(PA).
Pelo projeto, educadores
e pesquisadores do MPEG desenvolvem junto
às comunidades atividades envolvendo
arqueologia, arte e cultura, com o objetivo
de disseminar informações sobre
a riqueza histórica presente nos sítios
arqueológicos da região e conscientizar
a população local sobre a preservação
dessas áreas.
Os sítios encontrados
na área do Projeto Salobo são
estudados pela equipe de arqueólogos
do Goeldi, coordenada pela arqueóloga
Maura Imázio. Esses locais são
ricos em artefatos líticos (objetos
feitos de pedra, como pontas de lanças)
e cerâmicos (como vasos e urnas funerárias).
As ações de
educação patrimonial ocorrem
desde agosto de 2005 com aproximadamente 120
moradores (entre crianças, adolescentes,
jovens e adultos) das Vilas Paulo Fonteles
e Sansão, e desde janeiro último,
com um grupo de cerca de 30 artesãos
e professores da área urbana de Parauabepas.
O Programa de Arqueologia
Preventiva na Área do Projeto Salobo
visa a atender o cumprimento da Portaria nº
230, de 17 de dezembro de 2002, do Iphan,
que prevê a realização
de um programa de educação patrimonial,
juntamente com o desenvolvimento de estudos
arqueológicos nas áreas de empreendimentos
onde existem sítios arqueológicos.
Tiago Araújo - Assessoria de Comunicação
do Museu Goeldi