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ÍNDIOS E QUILOMBOLAS OCUPAM ÁREAS DA ARACRUZ NO ESPÍRITO SANTO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2007

24 de Julho de 2007 - Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Um grupo de índios das etnias Tupinikim e Guarani ocupa desde a manhã de hoje (24) uma área onde estão plantados eucaliptos da Aracruz Celulose no município de Aracruz (ES). E no norte do estado, quilombolas retomaram uma área florestal da empresa na localidade de Linharinho, no município de Conceição da Barra.

As informações foram divulgadas por lideranças dos dois grupos que realizaram as ações. A Aracruz confirma a ocupação dos quilombolas, mas afirma que ainda não tem informação sobre o ocorrido em Aracruz e vai se manifestar posteriormente.

O cacique Toninho, da aldeia Guarani de Boa Esperança, garante que a área de 11 mil hectares não é da empresa Aracruz e já foi reconhecida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como território indígena. “Nós estamos aqui ocupando o território e fechando as entradas para que nenhum desconhecido entre na área”, afirmou à Agência Brasil. Segundo ele, cerca de 500 pessoas estão no local desde a manhã de hoje e pretendem permanecer por tempo indeterminado.

Em nota divulgada pelo Conselho Indigenista Missionária (Cimi), as lideranças indígenas afirmam que serão organizados mutirões para reconstruir aldeias. “Ergueremos casas e faremos plantios de alimentos e de mudas nativas para reflorestar nossas terras”.

Os índios também pretendem paralisar o corte de eucaliptos como demonstração de "vontade de colaborar para uma solução rápida e pacífica do problema", segundo a nota. O grupo reclama da demora do governo federal para solucionar a questão e ameaça intensificar as ações caso não haja um posicionamento rápido.

As comunidades quilombolas que invadiram a reserva em Conceição da Barra estão pressionando para conseguir a demarcação da área que consideram sua. Uma das lideranças do movimento, Maria Aparecida Marciano, diz que estudos antropológicos já demonstraram que as terras pertenciam aos antepassados destas comunidades. Segundo ela, a área reivindicada pelos quilombolas é de 9,5 mil hectares.

“O nosso objetivo é acelerar o processo de demarcação de terras em todo o território de Sapê do Norte, começando pela comunidade de Linharinhos, que é uma das primeiras do Brasil”, afirma Marciano, garantindo que a retomada das terras é por tempo indeterminado.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) diz que o processo para regularização fundiária da área está em curso, mas lembra que todas as atividades estão paradas por causa da greve dos servidores do órgão, que já dura dois meses.

A Aracruz alega que a área ocupada pelos quilombolas é de propriedade da empresa e que irá buscar na Justiça a garantia de seus direitos. Em nota, o diretor jurídico da Aracruz, José Luiz Braga, diz que a empresa está contestando administrativamente todo o processo que reconhece o território quilombola, inclusive a portaria que garante aos descendentes de escravos 9.542,57 hectares na região de Linharinho.

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Decreto muda exigências para pesquisas na área de genética

23 de Julho de 2007 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Duas regras mais flexíveis sobre o uso do patrimônio genético brasileiro deverão estimular as pesquisas no país. Decreto presidencial publicado na semana passada no Diário Oficial da União muda as exigências legais para a liberação de pesquisas com animais e plantas de potencial farmacêutico ou comercial (bioprospecção).

A legislação (MP nº 2.186-16/01) que regulamenta o acesso ao material genético estabelece que, na exploração de uma determinada espécie da biodiversidade, ao se deparar com substâncias que podem originar produtos comerciais como remédios e cosméticos, o pesquisador deve compartilhar os benefícios com o proprietário da área de onde o material foi retirado.

Antes do decreto, o contrato entre essas partes deveria ser submetido ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, antes da realização do estudo com a biodiversidade. Com as novas regras, os pesquisadores podem combinar com o proprietário da área de onde se retirará o material e só apresentar o documento ao Conselho no momento em que for encontrada uma substância com potencial econômico.

“Acontece de os pesquisadores coletarem material genético em uma área que não conhecem e o analisarem durante anos. Se nada interessante for encontrado, o contrato não é mais necessário", explicou Cristina Azevedo, diretora do Departamento de Patrimônio Genético do ministério. “O contrato só deve ser firmado e submetido ao Conselho se for observado material com potencialidade financeira", acrescentou.

A outra mudança na legislação que o decreto prevê é a permissão para que instituições de pesquisa insiram projetos de estudo dentro de uma pesquisa previamente autorizada pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, que não exigirá autorização específica para cada estudo.

O decreto mantém, no entanto, a obrigatoriedade de o Conselho ser informado da realização de novas pesquisas e do envio de relatórios sobre o andamento dos projetos.

Para Cristina Azevedo, essas medidas vão estimular, principalmente, as pesquisas nas universidades. “Devido à burocracia e aos trâmites jurídicos, eram as instituições mais prejudicadas”, avaliou. E destacou que é interesse do governo estimular pesquisas na área de genética: “Não adianta proteger a biodiversidade sem conhecê-la”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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