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CAMPANHA DE RECUPERAÇÃO DAS MATAS CILIARES DO VALE DO RIBEIRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2007

07/08/2007 - Apesar de concentrar o maior remanescente de Mata Atlântica do País, o Vale do Ribeira, entre os estados de São Paulo e Paraná, sofre com o desmatamento de suas mais preciosas matas, as vegetações de beira de rio, que protegem o solo, a água e garantem a manutenção da biodiversidade. A partir de uma ampla mobilização social, a Campanha Cílios do Ribeira, cujo lançamento está marcado para este sábado, 11 de agosto, em Registro (SP), tem o objetivo de mudar essa situação.

O Vale do Ribeira abriga a maior extensão continua da Mata Atlântica no Brasil. Dos 100 mil quilômetros quadrados da vegetação que restam deste Bioma no território nacional, 23% se situam dentro da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape. São 2,1 milhões de hectares de florestas, 150 mil de restingas, 17 mil de manguezais e 200 km de uma costa recortada por um conjunto de praias, estuários e ilhas cobertas por matas bem preservadas. O Vale do Ribeira contém ainda a mais importante reserva de água doce de São Paulo e Paraná, estados entre os quais se localiza.

A despeito do valor crescente de todo este patrimônio ambiental em tempos de aquecimento global e escassez de água, o desmatamento segue avançando no Vale do Ribeira. Pior: atinge principalmente as florestas localizadas ao longo do rio Ribeira de Iguape e seus afluentes, as chamadas matas ciliares. Em levantamento realizado em 2003 por um conjunto de organizações da sociedade civil, descobriu-se que, somente na porção paulista do vale, mais de 11 mil hectares de mata ciliar foram desmatados nos últimos 20 anos. Isso equivale a mais de 500 campos de futebol desmatados a cada ano. A retirada das matas de beira de rios tem conseqüências especialmente graves, como o aumento da erosão das margens, do assoreamento da calha dos rios, o comprometimento do solo, a ocorrência mais freqüente de cheias e enchentes e a perda de biodiversidade.

Para reverter este processo e garantir vida longa às matas ciliares do Vale do Ribeira, o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto Vidágua lançam no próximo sábado 11 de agosto, na cidade de Registro (SP), a Campanha Cílios do Ribeira. A estratégia principal do movimento é promover uma ampla articulação regional envolvendo prefeituras, órgãos públicos federais e estaduais, empresas, escolas, proprietários rurais e comunidades tradicionais da região para que todos assumam papéis ativos e responsabilidades compartilhadas para impedir que a degradação das florestas ciliares avance. “A recuperação das matas ciliares e dos próprios rios tem impacto direto da qualidade de vida e nas condições econômicas da população regional”, diz Nilto Tatto, do Instituto Socioambiental, um dos coordenadores da campanha.

Protegidas pelo Código Florestal, as florestas ciliares são essenciais para o escoamento das águas das chuvas, estabilização das margens dos rios, interação entre os ecossistemas terrestre e aquático (o que inclui a temperatura da água e a alimentação da fauna aquática e terrestre). Essas matas ainda desempenham o papel de corredor genético para a flora e fauna, promovendo o fluxo de espécies dentro e entre os diferentes biomas. Por tudo isso, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) inclui as ações de conservação e recuperação destas florestas como estratégias prioritárias para preservação dos recursos hídricos e da biodiversidade.

Com a participação dos segmentos sociais envolvidos, a Campanha Cílios do Ribeira vai elaborar um plano estratégico e permanente de recuperação ambiental das matas ciliares, iniciando pela recuperação, nos próximos dois anos, de 120 hectares destas florestas. A médio e longo prazo, contudo, a campanha deve promover a recuperação de 1.243 hectares em matas ciliares. Essas áreas correspondem aos chamados “campos sujos”, em geral áreas abandonadas ou sem uso econômico aparente, e áreas de solo exposto com alto grau de degradação. As ações devem abranger os 33 municípios da Bacia do Ribeira. “Nossas metas incluem aprimorar os estudos técnicos sobre a situação das matas ciliares, produzir mais de 230 mil mudas de espécies nativas e promover a capacitação de técnicos e comunidades locais nos processos de reflorestamento”, diz o biólogo Clodoaldo Gazzeta, coordenador do Vidágua e da campanha, cujo projeto é apoiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape, Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo e Fundo Nacional do Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambiente.

A mobilização no Vale do Ribeira teve início em outubro do ano passado, com a realização do primeiro dos cinco seminários regionais que serviram para que pesquisadores, técnicos, gestores públicos e moradores de cada um dos municípios da região pudessem identificar as áreas prioritárias para recuperação e produzir um mapa com estas informações. O próprio nome da campanha, “Cílios do Ribeira”, surgiu a partir de concurso promovido em 29 escolas públicas da região, em um processo de sensibilização que envolveu cerca de dois mil estudantes.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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