5 de Agosto de 2007 - Pedro
Biondi - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A soja vai ter
uma nova expansão no Mato Grosso, usando
principalmente áreas que já
têm ocupação humana. A
previsão é do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE),
que registrou safra recorde do grão
este ano no país, apesar da redução
na área plantada. O estado responde
por mais de um quarto da
produção nacional.
“Temos levantamento sobre
aquisição de adubos dizendo
que os produtores adquiriram quantidade maior
que na safra anterior”, comenta o supervisor
de Estatística Agropecuária
do IBGE no estado, Fernando Marques de Figueiredo,
em entrevista à Agência Brasil.
“É cedo para saber quanto vai crescer
a produção, mas deve ser no
máximo 10%.”
O supervisor, que é
engenheiro agrônomo, aponta uma recuperação
da cotação do produto na Bolsa
de Chicago como compensação,
para os exportadores, ao baixo valor do dólar
em relação ao real. Ele prevê
que o avanço da sojicultura se concentrará
em áreas colocadas em descanso, locais
com produtividade menor ou pastagens, ou ainda
em substituição a outras lavouras
– em geral, arroz. Por isso, conclui, não
há um novo risco para o Parque Indígena
do Xingu.
Para Figueiredo, quando
houver desmatamento, será principalmente
de trechos de cerrado, inclusive por uma questão
financeira. “Os produtores que normalmente
atuam nessas áreas são paranaenses
e gaúchos, que por tradição
preferem derrubar o cerrado, a um custo muito
menor”, diz. “E estão no vermelho [com
prejuízo], são castigados com
doenças na lavoura e menor cotação
há três safras.”
É diferente a avaliação
do coordenador do Programa Xingu do Instituto
Socioambiental (ISA), André Villas-Bôas.
Ele diz que o entorno do parque indígena
reúne características muito
atraentes ao agronegócio, que o impulso
dos biocombustíveis deve aquecer o
mercado de terras na região e que ao
menos parte da expansão produtiva será
em novos locais.
Fernando Marques de Figueiredo,
do IBGE, diz que a a situação
ao redor do parque está “meio estabilizada”.
“Hoje existem restrições para
a derrubada de mata, impostas pelo Ibama [Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis] e pela Fema [Fundação
Estadual de Meio Ambiente]”, justifica. “Normalmente
são os madeireiros que agem primeiro,
e depois entram os produtores para terminar
a derrubada e implantar a lavoura. Como os
madeireiros estão sendo cerceados em
inúmeras irregularidades, está
sendo reduzida essa influência no entorno.”
O engenheiro agrônomo
pondera que pode haver mais ocupação
de áreas hoje preservadas mais ao sul
do estado, onde está parte dos rios
que formam o Xingu. “Lá já está
mais aberto, com mais lavoura, a quantidade
de pesticidas e inseticidas é maior,
e eles são carreados para os rios”,
comenta. Ele opina que pesquisas a partir
de peixes consumidos podem trazer dados esclarecedores.
Figueiredo destaca também
a ampliação do plantio de cana-de-açúcar
em alguns municípios, mas diz que ela
se dá em áreas que já
vinham sendo plantadas com soja, num sistema
de rotação de culturas.
+ Mais
Instituto Socioambiental
aponta risco para o Xingu com expansão
prevista para soja
5 de Agosto de 2007 - Pedro
Biondi - Repórter da Agência
Brasil - Pedro Biondi/ABr - Brasília
- O coordenador do Programa Xingu, do Instituto
Sociambiental (ISA), André Villas-Bôas,
discorda da previsão de que um crescimento
da soja no Mato Grosso este ano aconteceria
essencialmente em áreas já ocupadas,
sem ameaçar, assim, o Parque Indígena
do Xingu.
Em entrevista à Agência
Brasil, o supervisor de Estatística
Agropecuária do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) no
estado, Fernando Marques de Figueiredo, apontou
a melhora na cotação do produto
na Bolsa de Chicago (EUA) e disse que, em
território mato-grossense, deve haver
avanço da sojicultura concentrado em
áreas colocadas em descanso, locais
com produtividade menor ou pastagens, ou ainda
em substituição a outras lavouras
– em geral, arroz. Disse, ainda, que a situação
do entorno do parque tende à estabilidade
no que diz respeito a desmatamento.
Para André Villas-Bôas,
do ISA, existe a possibilidade de que a expansão,
se confirmada, aproveite áreas já
abertas. Ele prevê, no entanto, que
o processo incluiria um percentual de desmatamento
e um processo de expulsão da pecuária
para municípios mais ao norte, com
abertura de novas áreas. “O Xingu está
numa região que vem sendo muito procurada
pelo agronegócio, porque é plana
e coberta em boa parte por solos vermelhos,
além de contar com e uma variação
climática muito apropriada, com períodos
muito definidos de chuva”, comenta.
“É uma conjunção
perfeita”, diz. “É tudo o que a agricultura
mecanizada quer. O mercado de terra ali está
se aquecendo, não só pelo preço
da soja, mas também por causa do biocombustível.”
Ele avalia que o grau de preservação
do patrimônio natural do estado vai
depender da atuação do poder
público, mas lembra que em muitas propriedades
ainda existem áreas que, legalmente,
podem ser desmatadas.
O instituto e parceiros
trabalham, desde 2004, com a campanha ‘Y Ikatu
Xingu, que visa à recuperação
das nascentes da região – muitos dos
rios que formam o Xingu nascem fora do território
indígena. Entre as estratégias
da iniciativa, que tem como meta recuperar
300 mil hectares degradados de mata ciliar
(que margeia cursos d’água), estão
a capacitação de lideranças
e a promoção do desenvolvimento
sustentável por intermédio da
mídia local e de escolas. Além
disso, há cerca de 20 projetos pilotos
buscando estabelecer formas de recuperação
de vegetação adequadas para
pequenas e grandes propriedades e assentamentos
de reforma agrária.
+ Mais
Greenpeace elogia diminuição
do desmatamento, mas pede "mudança
estrutural"
10 de Agosto de 2007 - João
Porto - Da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - O anúncio da diminuição
do desmatamento na Amazônia Legal foi
elogiado pela ONG Greenpeace. Os dados pesquisados
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) mostram que o desmatamento na Amazônia
reduziu 25,9% de agosto de 2006 à agosto
de 2007 e a tendência para o próximo
ano também é de queda. Segundo
a ONG, mesmo que os dados para 2006-2007 sejam
provisórios, eles são muito
"estimulantes", pois "mostram
que o desmatamento inverteu a tendência
de alta".
Para o coordenador da Campanha
Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário,
os esforços do governo na fiscalização
e aumento das APA´s (Áreas de
Proteção Ambiental) foram importantes
para a diminuição do desmatamento,
mas outros fatores precisam ser considerados
como a queda do preço da soja e da
carne. Adário avalia que é necessário
se pensar na questão econômica
para que se mantenha a diminuição
do desmatamento.
"Não houve uma
mudança estrutural na economia brasileira
que permita a continuação da
queda do desmatamento. Os fatores econômicos
que foram favoráveis a floresta estão
negativos, a economia está se aquecendo
e a questão dos biocombustíveis
pode aumentar o desmatamento no futuro",
avalia o coordenador.
Segundo o Greepeace, vários
fatores podem ter contribuído para
esta queda, entre elas: a criação
de milhões de hectares de áreas
protegidas, aumento na fiscalização
do Ibama, a queda de preço das commodities
agropecuárias, desvalorização
do real e até campanhas da sociedade
contra o desmatamento.