5 de Agosto de 2007
- Gláucia Gomes - Repórter da
Agência Brasil - Elza Fiúza/ABr
- Brasília - Integrante da organização
não-governamental Novo Encanto e idealizador
das sacolas de tecido para substituir as de
plástico, Bento Viana mostra a resistência
das embalagens.
Brasília - As novas tecnologias para
reduzir o uso do plástico, como as
sacolas oxi-biodegradáveis – que se
decompõem em contato com o ar, o calor
e a umidade em um prazo de 18 meses –, precisam
ser bem estudadas, para que não causem
maiores danos à natureza.
O alerta é de Luiz
Fernando Merico, diretor do Departamento de
Economia e Meio Ambiente do Ministério
do Meio Ambiente, para quem "o fato de
as sacolas se decomporem à luz do sol
não significa que esse material vá
desaparecer".
"Essas tecnologias
têm que ser bem estudadas porque não
adianta apenas a gente fazer com que o impacto
visual suma. É necessário que
haja uma solução de caráter
mais abrangente”, disse.
Para Merico, por meio da
educação ambiental o consumidor
deve ser levado a reduzir o uso desses materiais.
Ele lembrou que o lixo orgânico das
residências também é um
problema que precisa ser avaliado, por ser
acondicionado em sacolas plásticas.
"No Brasil não
há experiência de coleta de resíduos
orgânicos. Ainda não temos a
certeza se seria a criação de
legislação específica
beneficiando uma ou outra tecnologia, mas
estamos preocupados porque o plástico
tem se tornado um resíduo com impactos
desagradáveis”, afirmou.
Dados da Fundação
Verde (Funverde) apontam o consumo de um milhão
de sacos por minuto em todo o mundo, o que
significa quase 1,5 bilhão por dia
e mais de 500 bilhões por ano. A cada
mês, mais de um bilhão de sacos
plásticos são distribuídos
nos supermercados no Brasil – ou 66 sacos
plásticos para cada brasileiro por
mês.
Em 2004, os resídios
plásticos pós-consumo no Brasil
somaram quase 2,2 milhões de toneladas.
Deste total, menos de 5% foram reciclados,
ou seja, apenas 360 toneladas.
+ Mais
Confecção
de sacolas de tecido aumenta renda de costureira
e preserva natureza
5 de Agosto de 2007 - Gláucia
Gomes - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - Evanira Maria de Lima,
costureira há 33 anos, é associada
a uma organização não-governamental
em defesa da ecologia. Apesar de uma levar
"uma vida difícil, responsável
pelo sustento de uma família com cinco
pessoas", ela conta que sempre se preocupou
em fazer trabalhos comunitários e de
preservação da natureza.
Há mais de 20 anos,
relatou, conheceu Bento Viana, um "fotógrafo
preocupado com o meio ambiente". E no
trabalho como voluntários em uma comunidade
perto de Brasília surgiu a idéia
de confeccionar as primeiras bolsas de tecido
para serem vendidas e ajudarem a entidade.
Em uma Kombi estacionada
em uma das entrequadras de Brasília,
ela faz consertos de roupas. Em casa, confecciona
cortinas e as sacolas de pano para vender.
E o fotógrafo, habituado a levar caixas
ou sacolas de tecidas para trazer as compras
do supermercado, chamava a atenção
dos comerciantes e dos outros consumidores
por rejeitar as sacolas de plástico.
“Isso nos motivou a buscar
a melhoria do nosso trabalho, ou seja, uma
bolsa melhor, com tecido e costura de boa
qualidade para ser resistente. Um bolsa onde
coubessem as compras do supermercado, da feira,
mas também pudesse ser levada a outras
lojas, por ser bonita e colorida e usável
em qualquer situação”, disse
Bento Viana, que encomendou a Evanira as primeiras
cem unidades.
Para ela, uma ajuda no orçamento
e a satisfação do trabalho de
ajudar o meio ambiente. Evanira lembrou que
os consertos de roupas na Kombi e as eventuais
encomendas de cortinas nem sempre foram suficientes
para pagar as contas. "Chegou esse extra
e tem auxiliado a mim e a outras pessoas",
disse. Dos cerca de R$ 2 mil mensais, o orçamento
subiu em aproximadamente R$ 900 com a confecção
das sacolas, "que ainda está no
começo".
O proprietário do
mercado já comprou outras 300 unidades
e mais 300 estão encomendadas. Elvira
e Bento já pensam em montar um pequeno
negócio de confecção
de sacolas de tecido. Com isso, disse Evanira,
“vou poder auxiliar mais a minha família
e vou ajudar outras pessoas que também
precisam, porque vou precisar de mais gente
para trabalhar comigo”.
Bento lembrou que "vivemos a cultura
dos descartáveis e precisamos, em muitos
sentidos, ver como antigamente, porque as
coisas eram feitas para durar mais, com muito
mais qualidade". E acrescentou: "É
preciso cada um se movimentar e fazer a sua
parte”.