8 de Agosto de 2007 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil
- Manaus - A criação da Secretaria
Municipal de Juventude está entre as
principais reivindicações que
os participantes do 1º Congresso em Defesa
dos Direitos dos Adolescentes Indígenas
vão apresentar hoje (8) no encontro
com o o prefeito de São Gabriel da
Cachoeira (AM), Juscelino Gonçalves.
A sugestão faz parte
do documento contendo 58 propostas de trabalho
e de apoio à juventude indígena,
resultante do encontro que reuniu na semana
passada cerca de 200 jovens das 22 etnias
que vivem na região.
"Eles querem uma secretaria
municipal para trabalhar em parceria com o
município e com as outras secretarias,
mas que tenha um olhar diferenciado para o
jovem indígena e considere as diferenças
desses povos. Além disso, os participantes
solicitaram a instalação de
uma casa de apoio aos jovens em situação
de risco social, como os que são vítimas
do alcoolismo e das drogas", informou
o coordenador do congresso, Délio Alves,
que é da etnia Dessana.
Do total de propostas, 30
se direcionam à prefeitura de São
Gabriel da Cachoeira, dez ao governo do estado,
sete ao governo federal e 11 a organizações
não-governamentais e instituições
internacionais.
Outro problema apontado
durante o evento foi o grande número
de suicídios praticados por indígenas
na região. Segundo dados do Meiam,
em 2005 foram 11 mortes e, em 2006, o número
subiu para 19. O coordenador do Meiam alerta
para a questão e destaca que o problema
continua. Eles esperam urgentemente pela intervenção
do poder público.
"Os casos de suicídio
entre os índios é muito alto
nesta região, principalmente entre
os jovens. Na segunda-feira, infelizmente,
tivemos a notícia de que uma moça
que vivia no rio Uaupés tirou a sua
vida. Não temos detalhes sobre idade
e etnia desta jovem, mas sabemos que era uma
indígena do alto Rio Negro também.
Só este ano, aproximadamente sete suicídios
já foram registrados", lamenta.
A integrante e ex-coordenadora
do Meiam, Lorena Araújo, também
está preocupada com os números
de suicídios praticados no local. Ela
explica que o evento é resultado de
uma iniciativa de estudantes indígenas
universitários que atualmente vivem
em Manaus. Segundo Lorena, que é da
etnia Tariana, esse foi um dos motivos considerados
ao se propor o encontro, mas também
não foram esquecidos outros problemas
como o alcoolismo, as drogas, a prostituição,
a violência e as dificuldades de trabalho.
"Nós propusemos
esse congresso para que os jovens falem o
que sentem, quais seus problemas e eles mesmos
proporem soluções para enfrentar
essas dificuldades. A partir daí, elaborar
políticas públicas que levem
em consideração esses depoimentos
que surjam da observação diária
desses jovens. Sabemos que tem organismos
nacionais, mas estamos lutando pela criação
de secretarias municipais para executar essas
políticas públicas, que na verdade
já existem, de forma mais eficaz e
mais próxima de nós", pondera.
+ Mais
Estudantes indígenas
levam a prefeito principais problemas de 22
etnias
8 de Agosto de 2007 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil
- Manaus - Representantes do Movimento dos
Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam)
reúnem-se hoje (8) com o prefeito de
São Gabriel da Cachoeira (AM), Juscelino
Gonçalves, para apresentar o resultado
do 1º Congresso em Defesa dos Direitos
dos Adolescentes Indígenas, que reuniu
na semana passada cerca de 200 jovens das
22 etnias que vivem na região.
De acordo com o coordenador
do congresso, Délio Alves, a iniciativa
teve o objetivo de garantir os direitos dos
jovens indígenas da região do
alto Rio Negro, a partir do diagnóstico
dos principais problemas enfrentados e identificados
pelos próprios participantes.
Além da apresentação
do documento final, de acordo com o coordenador
do evento, Délio Alves, espera-se também
que na reunião com o prefeito Juscelino
sejam definidos os detalhes sobre o envolvimento
da prefeitura a partir das propostas sugeridas
e também linhas de ação
em parceria com os jovens indígenas
que vivem na região. De acordo com
o Meiam, o objetivo é aproveitar esse
material a curto, médio e longo prazo.
Até o dia 18 deste
mês, todas as propostas serão
encaminhadas ao executivo estadual e federal.
Quanto às organizações
internacionais, o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef), que
também foi um dos apoiadores do encontro,
vai se responsabilizar pela entrega.
Em troca da implementação
das propostas, os adolescentes indígenas
se comprometem a divulgar o documento final
em suas comunidades, fiscalizar e acompanhar
os trabalhos, além de "serem protagonistas
da vida", conforme destacado no documento.
São Gabriel da Cachoeira
está localizada no extremo noroeste
do Amazonas e concentra a maior população
indígena do país, cerca de 90%
de seus habitantes. No total, vivem na região
aproximadamente 45 mil indígenas, alguns
ainda de pouco contato.