A adubação
é considerada um dos fatores de produção
mais críticos para os pequenos produtores
na Amazônia, cujos insumos são
ainda bastante onerosos para essa região.
Pensando nessa realidade, pesquisadores da
Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM)
estão desenvolvendo uma técnica
capaz de transformar plantas (ingás
e gliricídias) em adubo.
Por meio do aproveitamento
do material resultante da poda de galhos e
folhas dessas duas espécies foi feito
o adubo verde, que está sendo usado
em espécies frutíferas, como
cupuaçuzeiro e maracujazeiro, com
excelente resultado de nutrição.
O processo de produção é
simples: galhos e folhas devem ser triturados
ainda verdes e depositados aos pés
das plantas adultas, sem necessidade de haver
a compostagem ou aguardar o seu ressecamento.
O composto orgânico
além de baratear o custo de produção
agrícola, também é ecológico
e economicamente mais vantajoso por que além
de
melhorar as características químicas,
físicas e biológicas do solo,
representa relevante economia de capital aos
produtores.
Outra vantagem é
que a planta adubadeira arbórea fica
preservada e durante o processo de regeneração
dos seus galhos, promove o seqüestro
de carbono, processo que ocorre quando as
plantas estão crescendo ou se recuperando
das podas.
Considerando a necessidade
de tecnologias para promover a transição
agroecológica, a pesquisa teve como
objetivo avaliar o comportamento do ingazeiro
e da gliricídia, quando submetidos
a regime de podas e sua capacidade de produção
de biomassa e nutrientes, como adubação
verde e em um sistema agroflorestal.
Mas conforme o pesquisador
Silas Garcia, da equipe de pesquisa da Embrapa
Amazônia Ocidental, plantas de várias
espécies podem ser usadas. As mais
recomendadas são as leguminosas (plantas
com vagens, parentes do feijão e ingá).
Além dessas, é
exemplo de plantas adubadeiras a gliricídia,
leucena, guandu, flemingia e tefrosia, para
citar algumas espécies de leguminosas
que podem ser podadas de 2 a 3 vezes por ano
e colocadas sobre o solo.
Plantas herbáceas
como o feijão, mucuna, centrosema e
puerária, que podem ser plantadas antes
do plantio no meio das culturas, desde que
sejam cortdas e deixadas sobre o solo antes
da floração . Outros tipos de
plantas que não são leguminosas
e podem ser
usadas como adubo verde são o urucu
e a imbaúba.
Os trabalhos foram avaliados
no Campo Experimental da Embrapa do Distrito
Agropecuário da Suframa (DAS), situado
no km 53 da BR-174 e já está
sendo indicado aos produtores das região.
As vantagens da adubação verde
despertou o interesse dos produtores rurais
do Assentamento Iporá, situado no município
de Rio Preto da Eva (distante 80 km de Manaus)
que no dia 25 de agosto, visitará o
Campo Experimental da Embrapa e no dia 22
de setembro será a vez do agricultores
do Assentamento Tarumã Mirim verem
de perto essa experiência que promete
dar bons frutos a um custo mais reduzido e
com menos impacto
ao meio ambiente.
Maria José Tupinambá
Embrapa Amazônia Ocidental
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Embrapa mostra tecnologias
destinadas à sustentabilidade do cerrado
Cerca de 150 pessoas, entre
pesquisadores, técnicos e produtores,
participaram na sexta-feira( 17 ) de um dia-campo
sobre integração agricultura
e pecuária na Embrapa Arroz e Feijão,
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Na oportunidade, foram apresentados
trabalhos, voltados à redução
de custo das lavouras, à manutenção
da capacidade produtiva das pastagens e ao
melhoramento genético animal na região
de cerrado.
A união de ambas
atividades foi mostrada como a melhor maneira
de recuperar os 50 milhões de hectares
de pastagens degradadas, diminuindo a pressão
por abertura de novas áreas e ainda
os prejuízos com a perda de peso e
morte de animais, estimadas em U$ 1 bilhão
de dólares por ano, por causa da época
seca, entre maio e outubro. No que se refere
às áreas com lavouras, aproximadamente
15 milhões de hectares, a integração
é capaz de aumentar a produção
agrícola e de reduzir o dispêndio
com adubos e agrotóxicos.
De acordo com um dos palestrantes
do dia-de-campo, pesquisador João Kluthcouski,
existem três formas principais de conferir
sustentabilidade às áreas já
incorporadas ao processo produtivo do cerrado
por meio da integração lavoura
e pecuária. A primeira delas é
consorciar culturas anuais de grãos
com forrageiras perenes. Um exemplo é
o caso do plantio do arroz com braquiária.
Nesse sistema, após
a colheita do grão, resta o pasto que,
se explorado por dois ou três anos,
proporciona uma renda extra. "É
uma alternativa para ser implantada principalmente
em áreas de pasto degradado, onde a
produção de grãos abate
parcialmente o custo com a recuperação
da pastagem e o lucro vem na seqüência
com a atividade pecuária", afirmou
João Kluthcouski.
A segunda possibilidade,
conforme o pesquisador, é fazer a rotação
entre culturas anuais de grãos com
forrageiras perenes. Nesse caso, o produtor
rural que cultiva soja, por exemplo, faz o
plantio de capim na safra de verão
em parte de sua área e forma o pasto,
aproveitando-o por dois anos. Ao término
do período, desseca-se a forrageira
e retorna-se à agricultura com uma
série de benefícios advindos
do sistema plantio direto.
A última opção é
a sucessão de culturas anuais de grãos
com forrageiras anuais. Ou seja, a produção
de grãos na safra de verão,
aliando-a ao cultivo de capim para fornecer
ao gado na entressafra, quando a falta de
pasto devido à ausência de chuvas
eleva os custos de produção.
João Kluthcouski
disse que existem forrageiras tropicais capazes
suportar satisfatoriamente o déficit
hídrico ocasionado pelo período
seco, desde que este não seja intenso,
beneficiando-se principalmente da adubação
residual deixada pela cultura de grão
anterior e do final das chuvas de verão.
Nessa alternativa, depois do período
crítico do ano, o produtor rural tira
os animais da área e retoma à
semeadura da cultura de grão na safra
de verão seguinte.
Além de João
Kluthcouski, o dia-de-campo contou com os
palestrantes Tarcísio Cobucci, Geraldo
Martha Júnior e Cláudio de Ulhôa
Magnabosco, estes dois últimos da Embrapa
Cerrados (Planaltina-DF). O evento teve a
parceria da Associação Brasileira
de Criadores de Zebu (ABCZ), Associação
Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP),
Aval Serviços Tecnológicos,
Belgo Bekaert, Integral Nutrição
Animal, Lagoa da Serra, Mosaic, Ouro Fino
Saúde Animal, Planalto Tratores, Vitafort.
Rodrigo Peixoto