13/08/2007
- O cacique Raoni e outros líderes
kayapó metyktire da Terra Indígena
Capoto-Jarina (MT) protestam contra a mineração
em Terras Indígenas, em carta endereçada
ao presidente da Fundação Nacional
do índio (Funai), Marcio Meira e ao
Presidente Lula, e pedem respeito aos povos
indígenas.
A carta é curta e
contundente. Nela, Raoni e os caciques da
TI Capoto-Jarina (MT), do povo Kayapó,
lembram as conseqüências desastrosas
que a mineração pode trazer
para à saúde de seu povo, dos
bichos, da água e dizem que não
querem garimpeiros em suas terras. Terminam
aconselhando o governo brasileiro a fazer
mineração em terra de políticos
e fazendeiros. Os kayapó engrossam
assim o coro com outras lideranças
indígenas, como Davi Yanomami, contra
o projeto de lei de mineração
em Terras Indígenas. Leia a carta na
íntegra.
Aldeia Metyktire, 08 de
agosto de 2007
Ao sr. Márcio Meira,
Presidente da Funai
C\c ao Presidente Luís
Inácio Lula da Silva
Prezados Senhores
Não estou gostando
da lei de mineração que o governo
Lula quer fazer. A mineração
vai estragar as Terras Indígenas, os
Kaiapós vão ficar bravos se
a mineração invadir as nossas
terras. A mineração vai trazer
doenças para nosso povo, vai matar
os peixes e os animais que são nossos
alimentos, vai poluir a nossa água.
Nós não queremos que os garimpeiros
entrem na nossa terra, a mineração
vai acabar com a nossa saúde.
Nós não queremos
que o governo Lula atrapalhe a nossa vida.
Nós temos direito de viver na nossa
terra, que é nossa antes dos brancos
chegarem. Como nós vamos viver na terra
estragada?
O governo do Brasil precisa
ter respeito pelos povos indígenas.
A mineração só vai enriquecer
as grandes empresas e os garimpeiros, nós
índios vamos ficar pobres. Nós
não queremos o dinheiro da mineração,
nossa riqueza é o mato, o rio limpo,
nossas roças, nossas frutas, nossos
remédios, tudo o que existe na nossa
mata. Essa é a nossa riqueza.
Se o governo quer mineração,
pode fazer num outro lugar, na terra dos fazendeiros
e dos políticos, na nossa terra nós
não queremos mineração.
Caciques da Terra Indígena
Kapoto-Jarina:
Ropni Metyktire
Iodji Metyktire
Pekan Metyktire
Jabuti Metyktire
Ndokere Tapajuna
Katàptire Metyktire
+ Mais
Novas terras indígenas
são declaradas na Amazônia
15/08/2007 - O ministro
da Justiça, Tarso Genro, assinou nesta
terça-feira (14/8), portarias reconhecendo
sete territórios de posse permanente
indígena. Todas as terras declaradas
estão localizadas na Amazônia
brasileira, nos estados do Acre, Mato Grosso
e Amazonas.
Com a medida, tornam-se
legalmente terras indígenas as seguintes
áreas: Rio Gregório (AC), das
etnias Katukina e Yawanawá; Cacique
Fontoura (MT), da etnia Karajá; Barro
Alto (AM), Prosperidade (AM) e Santa Cruz
da Aliança (AM), todas da etnia Kokama;
Mapari (AM), da etnia Kaixana e Lago do Correio
(AM), das etnias Kokama e Ticuna.
A Terra Indígena
Rio Gregório, no município de
Tarauacá (AC), era uma reivindicação
antiga dos povos Yawanawá e Katukina.
Apesar do seu processo demarcatório
ter sido finalizado em 1991, áreas
fundamentais ficaram de fora dos limites indicados
pelos dois povos indígenas por conta
dos trâmites burocráticos da
Fundação Nacional do Índio
(Funai). Desde então, os Yawanawá
e os Katukina continuaram a cobrar a integralidade
de seus direitos territoriais. Era necessário
que fossem incluídas na demarcação
as áreas onde estão situadas
as nascentes de muitos rios e igarapés
considerados de grande importância para
a preservação da bacia hidrográfica
à qual pertence a terra indígena.
Depois dessa longa espera, o Diário
Oficial da União publicou, finalmente,
a demarcação da T.I. Rio Gregório
com 187.400 hectares, reconhecendo assim o
equívoco da primeira demarcação.
Com a declaração
dessas sete Terras, a soma das áreas
reconhecidas pelo ministro Tarso Genro é
de 710.471 hectares de extensão (14
TIs)