20 de Agosto de 2007 - Gilberto
Costa - Da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - Cientistas do Instituto
de Pesquisa da Amazônia
(Inpa) descobriram este ano quatro espécies
de aves, dois macacos, um esquilo, dezenas
de tipos de aranha e diversas plantas, entre
elas duas palmeiras, que o homem ainda não
havia catalogado.
Essas descobertas são
resultado de duas expedições
ao sudeste da Amazônia, em dois pontos
do trecho de terra existente entre os rios
Purus e Madeira, nos estados do Amazonas e
Rondônia.
Em um total de 46 dias divididos
entre os meses de abril, maio e julho, cerca
de 30 pesquisadores percorreram locais em
que o homem nunca esteve, ou que pelo menos
não há registro de presença
humana nos últimos 100 anos, nem mesmo
de populações indígenas.
A área pesquisada pode ser considerada
uma das mais ricas em diversidade de fauna
e flora da Amazônia, como explica o
pesquisador do Departamento de Ecologia do
Inpa, Mário Cohn-Haft, responsável
pelas expedições.
"O que tem é
uma diversidade muito grande de ambiente em
uma região relativamente pequena, que
faz com que você possa encontrar muitas
espécies relativamente perto uma da
outra sem ter que andar grandes distâncias
para encontrar diferentes ambientes",
informou.
A biodiversidade verificada
na pesquisa, no entanto, está ameaçada.
A área será cortada pela BR
319 e pelo gasoduto que ligará Urucu
(AM) a Porto Velho (RO), além de ser
afetada pela construção das
hidrelétricas no Rio Madeira.
Os maiores riscos são
de invasão de terras estimulada com
a construção e funcionamento
dos empreendimentos; e da atividade agrícola.
Na área pesquisada há muitas
campinas, que grileiros e invasores acabam
escolhendo por causa da vegetação
baixa.
Segundo os especialistas,
esses campos naturais são muito ricos
em biodiversidade, mas não são
propícios para a atividade agrícola,
como detalha o cientista Mário Cohn-Haft.
"Na verdade, esses campos são
difíceis de cultivar. São alagadiços
e encharcam em toda época chuvosa.
O solo é ruim, ácido e arenoso,
e demandam muito tratamento para servir para
agricultura e depois disso são abandonados".
O pesquisador do Inpa acredita,
no entanto, que é possível contornar
impactos indiretos dos empreendimentos e evitar
as atividades econômicas que agridem
o meio ambiente.
Os resultados das expedições
poderão ser usados para processos de
licenciamento ambiental na região e
para a criação de novas unidades
de conservação pelo Ibama e
pelas secretarias de meio ambiente dos estados.