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PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO COMEMORA 25 ANOS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2007

14/09/2007 - As comemorações do aniversário de 25 anos do Parque Estadual Carlos Botelho, nesta sexta-feira (14/09), foram iniciadas com a execução do Hino Nacional pela cantora Ná Ozzete, com uma interpretação emocionada, que foi classificada pelo secretário Mauro Arce, dos Transportes, como uma versão ecológica. Ele acompanhava o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, na cerimônia que serviu também para a inauguração das obras de recuperação da estrada SP 139, que corta o parque. Graziano aproveitou a presença dos prefeitos de cinco municípios da região – São Miguel Arcanjo, onde está a sede do Carlos Botelho; Sete Barras, onde está o outro núcleo dessa unidade de conservação administrada pela Fundação Florestal; Pilar do Sul, Registro e Itapetininga – , para responder à expectativa de pavimentação do trecho de 35 quilômetros, afirmando que a proposta será analisada com muito cuidado, visando evitar que cause prejuízos ao meio ambiente e ponha em risco a vida dos animais que vivem no parque, entre os quais o muriqui do sul, ou mono-carvoeiro.

“O conceito de estrada-parque será regulamentado nesta gestão, em uma iniciativa inédita, pois até hoje não foi definido em nenhuma região do país. Mas, para isso, vamos tomar todos os cuidados necessários, ouvir todos que tiverem contribuições a dar”, explicou Graziano, em resposta às reivindicações do prefeito Celso Mossin, de São Miguel Arcanjo e do deputado Edson Giribone. “O que já está decidido é que o trecho de 35 quilômetros que atravessa o parque não será asfaltado”, afirmou o secretário do Meio Ambiente, referindo-se ao risco de impermeabilização do solo. Ele também revelou sua preocupação com o aumento de velocidade que a pavimentação pode provocar, pondo em risco a segurança dos usuários e dos animais.

Por sua vez, Mauro Arce se declarou honrado com a oportunidade de desenvolver a obra, justamente pelos seus aspectos ecológicos e pela recepção calorosa das autoridades locais, ambientalistas e funcionários do parque, que participaram das comemorações. Ele citou o aspecto especial da SP 139, “que vai além de uma simples obra de engenharia, por permitir o aproveitamento dos atributos do parque, sem prejuízo para o meio ambiente”. O estado de São Paulo tem 170 mil quilômetros de estradas vicinais, segundo o secretário dos Transportes, dos quais 4 mil quilômetros estão na região.

Além da inauguração, o aniversário do parque foi marcado pela assinatura do protocolo entre o governo do Estado, através da Fundação Florestal, representada por seu diretor executivo, José Amaral Wagner Neto, com a Associação Pró-Muriqui e o Instituto Supereco, ongs que pretendem desenvolver o projeto de educação ambiental na região.

Segundo o diretor da FF, o “Programa de Educação Ambiental 'Salve com um Abraço' deve se estender por um período de quinze anos”.

A cerimônia serviu ainda para que o diretor José Luiz Camargo Maia, que completou 10 anos à frente dessa unidade de conservação, recebesse duas menções honrosas atribuídas pela Câmara Municipal de São Miguel Arcanjo, enaltecendo a dedicação dos funcionários e o trabalho de seu responsável.

Mata quase intocada

Criado em 1982, o Parque Estadual Carlos Botelho completa 25 anos com muitos predicados – abriga os mais bem preservados remanescentes de Floresta Tropical no Brasil, integra a Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, desde 1991, e foi classificado pela Unesco como Sítio do Patrimônio Mundial da Humanidade, a partir de 1998.

Com uma área de 37.644 hectares, localizado entre os municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Tapiraí e Sete Barras, o parque ocupa o lugar das terras que originalmente pertenciam à Fazenda Pública do Estado de São Paulo. Sua criação, através de decreto publicado em 10 de setembro de 1982, foi justificada pelo seu grande valor científico e cultural, que levou em consideração a variada ocorrência de essências, assim como as condições ideais para a preservação da fauna, além de constituir-se em um repositório de espécimes raros.

Rico em biodiversidade, pelo ambiente praticamente intocado, o parque sedia cerca de 120 projetos de pesquisa científica, desenvolvidos pelo programa Biota, patrocinado pela Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Por servir de habitat à metade da população, no país, dos mono-carvoeiros, ou muriquis - os maiores primatas das Américas, com população total estimada em 1.200 indivíduos - , o Parque Carlos Botelho é objeto também do mais longo estudo sistemático com a espécie no Brasil.
Em razão da mata bem preservada e de fazer parte de um “continnum”ecológico, pela proximidade com outras áreas de proteção ambiental, o parque serve de abrigo para diversos animais ameaçados de extinção, como a onça-pintada e a jacutinga, ave característica do parque, que aparece em bandos na época da frutificação do palmito juçara. Abriga também espécies endêmicas de sapos, rãs, pererecas e cágados de água-doce, entre outras, que servem como indicadores do seu estado de conservação. A diversidade de aves é um atrativo à parte e razão de expedições de observadores que vêm de países como a Inglaterra, Dinamarca e Holanda.

A sede do parque, a 800 metros de altitude, situa-se a 30 quilômetros de São Miguel Arcanjo e a 210 km da capital. O outro núcleo, localizado no município de Sete Barras, está a 70 metros de altitude, o que contribui para as características diversas que apresenta aos visitantes. A ligação entre esses dois pólos é feita pela rodovia SP 139, também conhecida como Estrada da Macaca e, mais recentemente, como Estrada-Parque, muito utilizada para romarias, caminhadas e ciclismo.

O trecho em terra, com 35 quilômetros que atravessam o parque, acaba de ser reinaugurado, com obras de contenção das encostas e de parte do leito, desbarrancados pelas fortes chuvas que atingiram a região entre 2004 e 2005. Futuramente, a estrada deverá receber pavimentação de broquetes de concreto, que ajudam a tornar o solo mais estável e são mais adequados do que o asfalto, por permitir maior permeabilidade, além de estrutura de lazer, como mirante, sinalização educativa e centros de recepção. A iniciativa faz parte do Projeto de Ecoturismo na Mata Atlântica, desenvolvido em parceria do governo do Estado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Entre as atrações do parque estão as trilhas da Represa, da Canela e do rio Taquaral, na região da sede e as trilhas da Figueira e Cachoeira do Travessão, no núcleo de Sete Barras. O plano de manejo, já concluído e que deverá ser encaminhado em breve para aprovação no CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente, inclui novos atrativos, como o passeio ao pico da Pedra, com mil metros de altitude, situado no núcleo Sete Barras e a trilha que integrará os parques estaduais do Alto Ribeira (Petar) e Intervales ao Parque Estadual Carlos Botelho.
Texto: Eli Serenza
Foto: Zé Jorge

 
 

Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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