Museu Goeldi - 24/09/2007
- Nascem filhotes de anta e guará
Foto: Divulgação/Goeldi
A cada ano a lista de espécies de animais
ameaçadas de extinção
tem aumentado. Com o avanço da atividade
humana sobre a floresta, seja por meio da
caça predatória ou das
queimadas, a reprodução de espécies
é cada vez mais difícil.
Entretanto, longe das matas,
no centro urbano de Belém, no Pará,
o milagre da vida se desenvolve no Parque
Zoobotânico do Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG/MCT): nasceu hà alguns
dias um filhote de anta e, dentro de algumas
semanas devem nascer filhotes de guará.
Anta (Tapirus terrestris)
O veterinário responsável pela
fauna do Parque, Messias Costa, informa que
as antas sempre se reproduziram naquele espaço,
que tem uma área de 5,2 hectares. O
pequeno "Zangão" já
tem algumas semanas de vida e nasceu pesando
em torno de 5 kg. Quando ficar adulto, Zangão
pode atingir até 350 kg.
Mas, por que esse nome para
um filhote de anta? "É uma provocação
às abelhas africanas, que causaram
a morte de um espécime de anta do Parque,
em 2006. Zangão é a prova de
que, apesar das adversidades, a vida sempre
encontra meios de se proliferar", explica
Messias. Este é o segundo filhote de
anta que nasce após o incidente.
Os filhotes de anta nascem
com manchas claras e escuras sobre a pele,
como se fossem "malhados". Essas
manchas, no habitat natural, servem como meio
de camuflagem na mata, evitando o ataque de
predadores. Após nove meses, as manchas
somem dando lugar a uma coloração
marrom.
As antas dão à
luz a apenas um filhote por gestação,
que dura pouco mais de um ano. Nas primeiras
semanas de vida, os recém-nascidos
se alimentam basicamente do leite materno.
É só a partir do primeiro mês
de vida que eles passam a comer frutos.
E o uso do nome da espécie
para designar pessoas de pouca inteligência?
Será que procede? "em contrário
ao uso pejorativo de seu nome, a anta é
um dos animais mais bem sucedidos em termos
evolutivos. Tem um corpo com formato semelhante
a um cone, que propicia uma melhor locomoção
entre a vegetação na floresta,
e a pequena tromba serve para coletar galhos
do solo e outros resíduos. Enxergam
pouco, mas têm o olfato muito desenvolvido",
diz Messias.
Guará
Outra espécie que está se reproduzindo,
o guará, é velha conhecida dos
visitantes do Parque. As aves dessa espécie,
de plumagem avermelhada, habitam o Parque
Zoobotânico desde a sua fundação,
em 1895. Os guarás já se reproduziram
outras vezes no PZB, mas, desta vez, existe
uma novidade: é a primeira vez que
a espécie se reproduz no novo recinto
das Aves Brejeiras.
Diferente dos adultos, os
filhotes nascem com uma plumagem preta. Tal
como a anta, essa coloração
serve para proteger os filhotes dos predadores.
Alimentam-se principalmente de pequenos crustáceos,
como camarões, ricos em caroteno –
substância responsável pela plumagem
avermelhada da espécie, quando adulta.
No Parque Zoobotânico
há cinco ninhos visíveis, mas,
segundo Messias, é provável
que haja outros. E o biólogo alerta:
"Não deve ocorrer interferência
humana na área de reprodução,
sob o risco de abandono dos ninhos".
Uma das características
dos guarás é que a espécie
se reúne em grupos no período
de reprodução. Tanto que alguns
exemplares da espécie, que fazem parte
da fauna livre do Parque, fizeram seus ninhos
na parte externa do novo recinto das Aves
Brejeiras, onde estão os outros guarás.
Para Messias "a reprodução
desses animais é um motivo de alegria.
Tomamos todos os cuidados necessários
para que elas vivam e se reproduzam com saúde,
ainda que num pedaço da Amazônia
em pleno centro de Belém".
Tiago Araújo - Assessoria de Comunicação
do Museu Goeldi