Panorama
 
 
 

FILIPINAS SUSPENDEM APROVAÇÃO À ARROZ TRANSGÊNICO DA BAYER

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2007

19 de Setembro de 2007 - O arroz é o alimento básico mais consumido no mundo.
Manila, Filipinas — Liminar da Justiça é a primeira desde que o país liberou plantações geneticamente modificadas, em 2002. Base da ação, promovida pelo Greenpeace e a ONG Searice, é o respeito a direitos constitucionais básicos da população filipina.

A Justiça filipina decidiu nesta terça-feira suspender a aprovação de arroz transgênico da Bayer no país. O Greenpeace e a ONG Searice comemoraram a decisão como sendo um grande passo para a campanha de proteção à saúde humana e ao meio ambiente dos efeitos adversos dos organismos geneticamente modificados (OGMs). A decisão judicial é a primeira em relação aos transgênicos nas Filipinas desde que o governo liberou plantações de OGMs em 2002.

“O Greenpeace espera agora que o Departamento de Agricultura reveja sua política para os transgênicos no país. É preciso priorizar a saúde e o meio ambiente dos filipinos. Os OGMs não comprovaram ainda serem seguros e a atual política do governo para o assunto é inadequada e inaceitável. Esperamos que a decisão judicial leve o Departamento de Agricultura a rever sua agenda independentemente de pressões e queixa da indústria multinacional de OGMs”, afirmou Daniel Ocampo, da campanha de engenharia genética do Greenpeace Sudeste Asiático.

A liminar concedida pela Justiça filipina é o mais recente capítulo de um caso que questiona a constitucionalidade de uma ordem administrativa do Departamento de Agricultura das Filipinas de 2002, o sistema governamental para aprovações de transgênicos no país. O Greenpeace vem afirmando seguidamente que o sistema viola direitos constitucionais básicos e ajudou a elaborar uma petição legal contra a tal política em agosto passado. A petição também prevê uma ação permanente contra a aprovação do arroz transgênicos LL62 da Bayer, cuja aplicação ainda está sob investigação pelo Departamento de Agricultura.

“Devido à natureza da petição legal, tanto o Departamento de Agricultura como a Bayer Cropscience estão arrolados no caso, mas é exasperante ver que o governo está deixando a defesa do caso inteiramente nas mãos dos advogados da empresa. O Departamento de Agricultura é a agência mais importante do governo filipino, responsável pelas fontes de alimento básico do país, não pode se deixar levar num caso desse pelos interesses de uma empresa”, afirmou Ocampo.

A próxima audiência para discutir o caso acontecerá no próximo dia 16 de novembro, em Manila. Até lá, continua valendo a liminar da Justiça filipina contra o arroz transgênico da Bayer.

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França endurece contra transgênicos. Já o Brasil...

21 de Setembro de 2007 - A crop circle X marks location of commercial GE maize fields in France. French courts want the locations kept secret.
Internacional — Governo francês pretende suspender a liberação de transgênicos no país até que o país tenha uma legislação dura o suficiente para impedir a contaminação genética, que já vem ocorrendo. Enquanto isso, o Brasil aprova mais uma variedade geneticamente modificada de milho.

A França, assim como o Brasil, é uma grande potência agrícola, sendo o principal produtor da Europa. Lá, apenas uma variedade transgênica de milho - a MON810, da Monsanto - está autorizada para ser comercializada no país, mas o governo já pensa em rever isso.

Segundo declarou nesta quinta-feira o ministro francês do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo, ao jornal Le Monde, a França deverá congelar a liberação de toda e qualquer variedade geneticamente modificada até que seja elaborada uma legislação que garanta a biossegurança do país. Foram plantados este ano 22 mil hectares do milho transgênico na França (0,75% das terras agricultáveis do país), um número quatro vezes maior do que no ano anterior, e esse aumento vem provocando inúmeros casos de contaminação das plantações convencionais. "Sobre os transgênicos, todo mundo está de acordo: é impossível controlar sua disseminação. Então nós não vamos assumir esse risco", afirmou Borloo na entrevista que concedeu ao jornal francês.

Enquanto isso, em terras brasileiras, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou também na quinta-feira a liberação comercial da terceira variedade de milho transgênica do país, desta vez o Bt11 da Syngenta. Um grupo de gestantes foi até a reunião da CTNBio protestar contra a liberação, exigindo saber porque os integrantes da Comissão ignoraram em sua análise questões que podem colocar em risco a saúde de mães e bebês - o milho é o alimento básico mais consumido no Brasil.

De acordo com a matéria do Le Monde, o governo francÊs está preparando o anúncio da suspensão nas vendas de sementes transgênicas no país para uma conferência nacional sobre meio ambiente que acontecerá em outubro.

O Greenpeace fica satisfeito de ver que o ministro do Meio Ambiente francês reconhece que a disseminação dos transgênicos está sem controle e que isso representa um risco para o meio ambiente. Esperamos agora que sejam tomadas medidas concretas para banir, o quanto antes, o cultivo de transgênicos tanto na França como no Brasil.

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Gestantes protestam em reunião da CTNBio

20 de Setembro de 2007 - Gestantes fazem protesto em reunião da CTNBio, em Brasília, contra a liberação de milho transgênico da Bayer.
Dez mulheres, incluindo algumas gestantes, foram hoje até a reunião da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) protestar contra a liberação do milho transgênico da Bayer. As manifestantes querem saber por que os cientistas da comissão ignoraram, em sua análise, questões que podem colocar em risco a saúde de gestantes, lactantes e bebês. Elas também foram fazer um apelo para que CTNBio não repita a mesma falta de responsabilidade na análise dos próximos pedidos de liberação comercial de variedades geneticamente modificadas.

A preocupação das manifestantes surgiu depois que a Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária) encaminhou recurso ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) com diversos questionamentos sobre a segurança do milho transgênico da Bayer para consumo humano. Em seu recurso, a Anvisa afirma que “o processo de liberação comercial do milho da Bayer possui estudos inadequados e insuficientes para atestar a segurança alimentar e determinar os riscos à saúde pública da cultura geneticamente modificada”. Entre as irregularidades apontadas pela agência estão a falta de estudos toxicológicos ou de alergenicidade. Na opinião da Anvisa, a Bayer deve apresentar estudos sobre as conseqüências do consumo do produto transgênico para a saúde humana e, em especial para a amamentação.

“As dúvidas levantadas pela Anvisa sobre a falta de segurança desse milho para a saúde humana são muito graves e não poderiam ter sido deixadas de lado pela CTNBio”, afirmou Paula Pereira, uma das manifestantes. “É inaceitável que os membros dessa comissão coloquem a saúde de tanta gente em risco. Isso não pode continuar acontecendo”.

As manifestantes demonstraram preocupação especial com a possibilidade de que os efeitos notados em cobaias filhotes – como aumento da taxa de mortalidade, mudança na composição do sangue, alterações nos rins e testículos – possam se repetir em bebês. Também destacaram um temor de que os resíduos de agrotóxico – que são maiores nas variedades transgênicas – e as bactérias inseridas no milho geneticamente modificado possam passar aos bebês por meio do leite materno.

Carta ao presidente
No início de setembro, 48 entidades e movimentos que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária enviaram carta ao Presidente Lula pedindo a não aprovação do milho da Bayer pelo CNBS. Na carta, as entidades afirmam que a eventual liberação de variedades transgênicas irá destruir a economia agrícola familiar e camponesa do país. “Com o milho transgênico, Senhor Presidente, os consumidores, os produtores e o Brasil perdem. Só as empresas transnacionais de biotecnologia ganham”, diz o documento.

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Justiça exige que Bunge e Cargill cumpram lei de rotulagem

20 de Setembro de 2007 Greenpeace denuncia os óleos Liza e Soya, líderes de mercado no Brasil, como sendo produzidos com soja transgênica e exige sua rotulagem conforme lei federal de 2003.

São Paulo, Brasil — Quase dois anos depois de denúncia feita pelo Greenpeace, liminar concedida por juiz de São Paulo obriga as maiores fabricantes de óleo de soja do país a informarem seus consumidores de que seus produtos contêm transgênicos.

A Justiça de São Paulo determinou que as duas maiores fabricantes de óleo de soja do Brasil – Bunge e Cargill – rotulem seus produtos (respectivamente os óleos Soya e Liza) como transgênicos, conforme determina a lei em vigor no país. As empresas terão que se adequar ao decreto federal de rotulagem de 2003, fazendo constar dos rótulos a imagem do triângulo amarelo com um T no meio e a informação de que o produto foi fabricado com matéria-prima transgênica (no caso, a soja). A 3a. Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acolheu a ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), mandou citar as empresas e deu uma liminar de ofício concedendo prazo de 30 dias para a adequação de suas respectivas linhas de produção.

“O Código do Consumidor assegura o direito à informação sobre toda característica relevante dos produtos. No caso dos transgênicos, há também normais legais específicas a fazer obrigatória a informação ao consumidor, seja na Lei da Biossegurança (Lei 11.105, de 2005), seja no Decreto Federal 4.680 (de 2003)”, afirma Paulo Sérgio Cornacchioni, promotor de Justiça do Consumidor do MP-SP que propôs a ação. “O que a Promotoria do Consumidor pretende é o cumprimento da lei. Quem deve decidir o que quer ou deve consumir é o próprio consumidor. Ele é o senhor absoluto dessa escolha e decisão. Mas para ele poder decidir é fundamental que a informação lhe seja propiciada, como manda a lei.”

A ação civil pública proposta pelo MP-SP é resultado de uma denúncia feita pelo Greenpeace em outubro de 2005, quando cerca de 20 ativistas da organização foram à Brasília entregar ao governo um dossiê que comprovava a utilização de soja transgênica na fabricação dos óleos Soya e Liza, marcas líderes do setor. Os ativistas desceram a rampa do Congresso Nacional empurrando 20 carrinhos de supermercado cheios de latas de óleo da Bunge e da Cargill, e se posicionaram próximos à entrada da Câmara dos Deputados enquanto a denúncia era entregue aos parlamentares. Posteriormente, a denúncia foi encaminhada a diversas representações do Ministério Público e aos ministérios da Justiça, Agricultura, Ciência e Tecnologia, e Meio Ambiente.

As evidências contidas no dossiê comprovam a utilização da soja transgênica pela Bunge e pela Cargill na fabricação de diversos produtos, como os óleos Soya, Liza, Primor e Olívia, e a falta de rotulagem dos produtos oferecidos ao consumidor. O material continha amostras de soja, documentos e um vídeo.

“Essa é uma grande vitória para todos os brasileiros”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace Brasil. “A ação do MP garante o direito à informação dos consumidores. É vergonhoso que a Justiça precise forçar as empresas a cumprir a lei.”

De acordo com o decreto de rotulagem, todos os produtos fabricados com mais de 1% de organismos geneticamente modificados devem trazer essa informação no rótulo. Isso vale mesmo para produtos como o óleo, a maionese e a margarina, em que não é possível detectar o DNA transgênico. No entanto, até o momento, nenhum produto rotulado pode ser encontrado nas prateleiras dos supermercados.

“Esperamos que esse caso sirva de exemplo para outras empresas que não respeitam os direitos dos seus consumidores”, alertou Gabriela. “Já está claro que os brasileiros não querem comer transgênicos. Então é fundamental que eles sejam informados sobre o que estão comprando para poderem exercer o seu direito de escolha. Isso está garantido pelo Código de Defesa do Consumidor e precisa ser respeitado”.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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