24 de Setembro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes - Enviada especial
- Nova York (EUA) - A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, participa de evento de alto
nível da ONU sobre mudanças
climáticas
Nova York (EUA) - O controle do desmatamento
foi destacado hoje (24) pela ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, como o principal desafio
brasileiro no conjunto de esforços
para conter as mudanças climáticas.
Em discurso na Organização das
Nações Unidas (ONU), durante
encontro sobre o tema, Marina citou os avanços
alcançados na redução
do desmatamento, mas reconheceu serem necessários
mais investimentos e apoios internacionais
para a preservação das florestas.
"O nosso maior desafio
está no controle do desmatamento e,
neste desafio, buscar valorar a floresta em
pé, para evitar que seja pressionada
pela expansão de atividades pecuárias
e agrícolas", disse a ministra.
"Isto tem requerido investimentos significativos
por parte do governo e hoje, mais do que nunca,
se reconhece a necessidade de incentivos positivos
financeiros para a implementação
plena de ações para assegurar
a redução de emissões
por desmatamento."
Na última sexta-feira
(21), antes de embarcar para Nova York, Marina
lançou o cronograma de concessões
de florestas públicas para exploração
sustentável por grupos privados. A
medida é elogiada algumas empresas
e organizações não-governamentais
(ONGs), mas é criticada por alguns
especialistas e comunidades extrativistas.
De acordo com Marina Silva,
vários países em desenvolvimento
não possuem condições
de investir em projetos sustentáveis.
"A comunidade internacional tem sido
alertada para a necessidade de auxiliar os
países em desenvolvimento a seguirem
uma trilha alternativa àquela que trilharam
no passado."
A ministra do Meio Ambiente
defendeu que os países desenvolvidos
e em desenvolvimento trabalhem juntos e passem
da retórica para a ação.
Em relação aos países
desenvolvidos, Marina Silva cobrou a necessidade
do reconhecimento de que metas muito mais
ambiciosas do que as fixadas no Protocolo
de Quioto precisam ser assumidas e atingidas.
"Isso por meio da intensificação
de ações domésticas e
fortalecimento dos mecanismos de flexibilização,
particularmente do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, além de outras abordagens complementares
que acomodem setores e atividades que os mecanismos
de flexibilização não
incluem", sugeriu a ministra.
"Por parte dos países
em desenvolvimento, o compromisso de dar maior
transparência e visibilidade às
ações que hoje já tomam,
assim como das ações, políticas
e medidas previstas para auxiliar no processo
de mitigação da mudança
climática, e a contribuição
que as mesmas são esperadas ter, através
do uso de uma métrica comum, dentro
do princípio das responsabilidades
comuns da Convenção sobre Mudança
do Clima", concluiu.
+ Mais
Com um vigésimo da
área, reflorestamento rende mesmas
divisas que gado, diz técnico
21 de Setembro de 2007 -
Luana Lourenço - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - Apesar
de ocupar menos de 1% do território
nacional, as florestas comerciais (áreas
de reflorestamento) rendem ao Brasil cerca
de R$ 10 bilhões por ano em exportações,
mesmo valor que a atividade pecuária,
que ocupa quase 20% do território brasileiro.
Os dados são do Serviço Florestal
Brasileiro (SFB), a partir de dados de 2006.
“Os números mostram
que a gente ocupa mal o solo. De cada 20 metros
cúbicos de madeira vendidos no mundo,
apenas um vem do Brasil, ou seja, ainda há
muito espaço a ser conquistado no mercado
florestal”, afirmou Tasso Azevedo, diretor-geral
do SFB em entrevista à Rádio
Nacional da Amazônia.
Segundo Azevedo, o reflorestamento
com fins comerciais está crescendo
e, em 2006, o Brasil plantou 1 bilhão
de árvores, numa expansão de
627 mil hectares. Dados da Associação
Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas
(Abraf) mostram que o país tem 5,3
milhões de hectares de florestas comerciais,
dos quais 3,5 milhões são plantações
de eucalipto, de propriedade de grandes empresas
produtoras de papel e celulose, por exemplo.
Segundo o SFB, a participação
dos pequenos produtores está crescendo
e saltou de 8% em 2002 para cerca de 25% no
ano passado.
Além de aumentar
a participação dos pequenos
produtores na atividade – a meta é
chegar a 30%, – outro desafio apontado por
Azevedo é estimular a utilização
de espécies nativas. “Precisamos ampliar
o plantio com espécies brasileiras,
porque a maior parte do plantio feito atualmente
no país é de eucalipto e Pinus
[pinheiro], que não são espécies
originárias do Brasil e, em algumas
situações, não trazem
os benefícios que a biodiversidade
traz”, comentou.
Andiroba, tachi e jatobá
são algumas das espécies sugeridas
para a substituição, de acordo
com o presidente do SFB. Segundo ele, “as
espécies nativas do Brasil têm
muito potencial, mas é preciso trabalhar
a pesquisa sobre elas”. Para isso, está
prevista uma parceria entre o SFB e a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) para viabilizar a construção
do Centro Nacional de Silvicultura de Espécies
da Amazônia, em Marabá (PA).
Está aberta até
amanhã (21), no site do Serviço
Florestal Brasileiro, consulta pública
para o manejo sustentável de florestas.
Em evento no Rio de Janeiro sobre mudanças
climáticas, o diretor do Serviço
Florestal Brasileiro disse que o Brasil pode
lucrar até US$ 1 bilhão por
ano no mercado de créditos de carbono
preservando a Amazônia.
+ Mais
Lula pode ser o Nelson Mandela
desse século se combater fome e aquecimento
global, avalia ambientalista
25 de Setembro de 2007 -
Juliana Andrade - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O secretário
executivo do Fórum Paulista de Mudanças
Climáticas Globais Biodiversidade,
Fábio Feldmann, disse hoje (25) que
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
poderá assumir um papel de líder
mundial se associar, nos fóruns internacionais,
o debate sobre a erradicação
da pobreza à discussão sobre
o combate ao aquecimento global.
“O presidente Lula tem um
enorme prestígio internacional, levantou
a bandeira de combate à pobreza e acho
que até o momento o presidente Lula
não percebeu a importância e
a dimensão política do tema
de aquecimento global. Se ele associar o combate
à pobreza ao combate ao aquecimento
global o presidente Lula será o Nelson
Mandela desse século”, afirmou Feldmann,
que é ambientalista e ex-deputado federal
pelo PSDB.
Mandela foi representante
da luta antiapartheid na África do
Sul, que culminou com o fim do regime que
negava aos negros (maioria da população)
direitos políticos, sociais e económicos.
Após o fim do mandato de presidente,
em 1999, Mandela voltou-se para a causa de
diversas organizações sociais
e de direitos humanos.
Para o secretário
executivo, um dos principais desafios mundiais
na atualidade é buscar alternativas
para incluir os mais pobres na sociedade de
consumo sem comprometer ainda mais o meio
ambiente. “Tem que associar a questão
da pobreza à questão do aquecimento
global, porque é óbvio que é
um desafio ético você incluir
na sociedade de consumo os pobres. Só
que essa inclusão não pode ser
feita, na mina opinião, em termos de
aumentar as emissões de gases de efeito
estufa”, destacou o ambientalista, em entrevista
ao programa Revista Brasil, da Rádio
Nacional.
Feldmann destacou que a
os pobres são mais vulneráveis
aos impactos negativos do aquecimento global
que os ricos. Segundo ele, a resistência
de países como os Estados Unidos em
ratificar o Protocolo de Quioto é uma
política, porque a decisão de
assinar o documento implicaria a substituição
do uso de combustíveis fósseis,
como o petróleo, por fontes de energia
renovável.
As nações
industrializadas que ratificaram o Protocolo
de Quioto devem reduzir, até 2012,
suas emissões de gases de efeito estufa
em aproximadamente 5% abaixo dos níveis
de 11000. Já os países em desenvolvimento
não têm metas obrigatórias
para redução de suas emissões.
“Essa transição
do combustível fóssil para outras
formas de energia é uma transição
que tem um significado político muito
importante, quer dizer, hoje o petróleo
condiciona a geopolítica no mundo e
não é por outra razão
que os Estados Unidos estão no Iraque.
Portanto, a resistência é política
e do setor empresarial que marcou o século
passado com o petróleo”.
Na entrevista, Feldmann
também criticou o uso da energia nuclear
como alternativa aos combustíveis fósseis
no Brasil. “Eu ainda acho que é uma
alternativa que deve ser colocada numa lista
como uma das últimas prioridades, inclusive
porque o custo da energia nuclear ainda é
muito alto, além dos riscos inerentes
em caso de eventuais acidentes”.