28 de Setembro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes - Enviada especial
- Washington (EUA) - Manifestantes protestam
contra o presidente dos Estados Unidos, George
W. Bush, na entrada
do Encontro das Maiores Economias sobre Segurança
Energética e Mudança Climática.
Washington (EUA) - O governo norte-americano
promoveu, entre ontem e hoje (28), o Encontro
das Maiores Economias sobre Segurança
Energética e Mudança Climática.
Representantes de 15 países, inclusive
o Brasil, participam do evento, que teve a
programação totalmente elaborada
pela Casa Branca e enfrentou protestos de
organizações contrárias
à política ambiental de George
W. Bush.
Chefe da delegação
brasileira no encontro, o subsecretário-geral
de Política 1 do Itamaraty, embaixador
Everton Vargas, diz que "falta substância"
na iniciativa. "O fórum adequado
para essa discussão é o multilateral,
é a Organização das Nações
Unidas. Os países que vieram aqui tentam
persuadir os Estados Unidos a finalmente ingressar
nesse debate no âmbito multilateral",
contou Vargas, em entrevista na embaixada
brasileira em Washington.
Hoje (28), em um discurso
de exatos 20 minutos, o presidente norte-americano,
George W. Bush apresentou algumas propostas,
citou números de investimentos do país
em tecnologias sustentáveis e disse
que os Estados Unidos vão liderar os
esforços para conservar o meio ambiente
sem comprometer o crescimento econômico.
Para Bush, o essencial é investir em
tecnologia.
"Acredito que a transferência
de tecnologia é essencial. Mas não
resolve tudo. Países como a China e
a Índia precisam de energia para a
área rural e precisam disso agora.
Não podemos esperar novas tecnologias",
pondera o embaixador brasileiro Everton Vargas.
Sobre a aspiração dos EUA de
liderar os debates, o diplomata finaliza:
"Você só alcança
a liderança quando tem ações".
Leia, abaixo, alguns dos
principais trechos da entrevista concedida
pelo embaixador:
Agência Brasil: Qual
é o balanço dessa reunião
promovida pelo governo norte-americano?
Embaixador: A reunião serviu muito
mais para caracterizar o esforço dos
Estados Unidos de sensibilizar o mundo e sua
opinião pública de que eles
estão fazendo alguma coisa na área
de mudanças climáticas. A sociedade
americana, o Congresso perceberam que não
era mais possível ficar de fora desse
debate. Mas eu acho que faltou substância.
E esse é o sentimento que permeia os
delegados que estiveram aqui. Esperava-se
mais do governo americano. Agora, nós
temos que olhar como será a Conferência
de Clima da ONU, em dezembro, em Bali.
ABr: Como o sr. avalia esse
fundo internacional para financiar tecnologias
em energia limpa proposto pelo presidente
George W. Bush hoje?
Embaixador: Precisamos ver como ele vai funcionar.
Os Estados Unidos são sempre o primeiro
país a dizer que estabelecer fundo
é muito complicado. Quando propusemos
em 11000 um fundo específico para a
Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, os Estados
Unidos e os outros países industrializados
foram os primeiros a dizer que era muito difícil
estabelecer um fundo específico e que
isso tudo tinha ficar no âmbito das
instituições existentes. Vamos
analisar a proposta desse novo fundo proposto
hoje quando ela for feita de maneira mais
concreta. Precisamos saber quais são
os termos disso. O que o presidente Bush propôs
foi uma idéia geral. E de idéia
geral qualquer um pode viver.
ABr: No discurso para os
representantes das maiores economias, Bush
propôs também a eliminação
de barreiras para exportação
de equipamento para energia limpa. Qual é
o objetivo dessa proposta?
Embaixador: Ela visa facilitar a venda de
um equipamento que os Estados Unidos desenvolveram
para diminuir as emissões das termelétricas
a carvão. Ele quer mais facilidade
para vender esse material. Os Estados Unidos
são o país que tem o parque
industrial mais avançado nessa área.
São os maiores consumidores de carvão
do mundo. Tem subsídio para a indústria
de carvão aqui dentro. Negociações
comerciais são no âmbito da OMC.
É algo que a gente vai ter que olhar
com cuidado. Não se trata de algo que
nós possamos reagir assim de maneira
imediata.
+ Mais
Para Greenpeace, Bush tenta
bloquear debate sobre mudanças climáticas
28 de Setembro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes - Enviada especial
- Washington (EUA) - Manifestantes protestam
contra o presidente dos Estados Unidos, George
W. Bush, na entrada do Encontro das Maiores
Economias sobre Segurança Energética
e Mudança Climática
Washington (EUA) - Organizações
da sociedade civil fazem esta semana em Washington
uma série de atos contra a política
ambiental norte-americana e o Encontro das
Maiores Economias sobre Segurança Energética
e Mudança Climática, evento
promovido pela Casa Branca entre ontem e hoje
(28).
Os protestos se concentram
na porta do Departamento de Estado, sede do
encontro. Para evitar a entrada no prédio,
a polícia foi acionada e chegou a retirar
ativistas a força do local.
Com faixas e cartazes, os
manifestantes dizem que o presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, está levando
o debate sobre mudanças climáticas
para o caminho errado. Além disso,
pedem o cumprimento do Protocolo de Quioto
e metas para a redução nas emissões
de gases apontados como causadores do efeito
estufa.
"Bush fala pós-Quioto
como se o protocolo ainda não estivesse
em vigor. Não há como esse encontro
resultar em soluções. É
uma forma de bloquear o debate", classifica
o diretor-executivo do Greenpeace nos Estados
Unidos, John Passacontanda.
Para o diretor do Conselho
Norte-Americano de Emergências Climáticas,
Gordan Clark, o encontro em Washington é
uma "farsa" que pode prejudicar
as negociações no âmbito
da Organização das Nações
Unidas (ONU).
"Esse consenso que
os países mais ricos acham que podem
construir aqui não leva em conta uma
série de fatores relacionados aos países
mais pobres e que só se tornam evidentes
na ONU", avalia o diretor da ONG.
Até hoje, os EUA
não ratificaram o Protocolo de Quioto,
que já foi assinado por mais de 170
países e estabelece aos países
desenvolvidos metas de redução
de emissão de gases poluentes a partir
de 2008.
+ Mais
Condoleezza Rice destaca
parceria com o Brasil para enfrentar mudanças
climáticas
27 de Setembro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes - Enviada especial
- Washington - Na abertura do Encontro das
Maiores Economias sobre Segurança Energética
e Mudança Climática, a secretária
de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza
Rice, citou primeiramente o Brasil, ao falar
sobre os “esforços especiais” que a
diplomacia norte-americana tem feito para
estabelecer parcerias com países em
desenvolvimento e enfrentar os desafios colocados
a partir das mudanças climáticas.
“Com o Brasil, nós
estamos trabalhando para ampliar o enorme
potencial dos biocombustíveis, buscando
conhecer nossas necessidades energéticas
e ajudar as nações americanas
em desenvolvimento a fazerem o mesmo”, disse.
"Juntos, nós estamos desenvolvendo
e compartilhando novas tecnologias que podem
permitir aos consumidores de combustíveis
fósseis mudar para o consumo de biocombustível
produzido nacionalmente".
As declarações
foram feitas para os representantes dos 15
países, incluindo o Brasil, convidados
para o encontro. As parcerias com a China
e a Índia também foram destacadas
por Condoleezza.
+ Mais
Bush propõe criação
de fundo internacional para financiar projetos
de energia limpa
28 de Setembro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes - Enviada especial
- Washington (EUA) - No segundo e último
dia do Encontro das Maiores Economias sobre
Segurança Energética e Mudanças
Climáticas, o presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, propôs a criação
de um fundo internacional para financiar tecnologias
de energia e desenvolvimento limpo, especialmente
nos países em desenvolvimento. Segundo
ele, os Estados Unidos estão prontos
para liderar os esforços para reduzir
a emissão de gases poluentes sem comprometer
a economia global.
"A chave para enfrentar
o desafio das mudanças climáticas
são as novas tecnologias", afirmou
Bush, que pediu aos representantes dos 15
países convidados para o evento que
levassem a proposta de criação
do fundo para seus governos. "Temos que
desenvolver energia limpa, mas de uma forma
que não coloque em risco o desenvolvimento
econômico.''
Em seu discurso, o presidente
dos Estados Unidos defendeu a busca de fontes
energéticas que não dependam
do petróleo. Bush também voltou
a apoiar o investimento em biocombustíveis
e disse que o governo norte-americano pretende
ampliar as parcerias com países como
Brasil e a Austrália para reduzir o
desmatamento.
O encontro convocado pela
Casa Branca causou polêmica na comunidade
internacional, que considera a Organização
das Nações Unidas (ONU) o foro
mais adequado para o debate sobre mudanças
climáticas. Atos promovidos por organizações
da sociedade civil em Washington criticam
a política norte-americana para o meio
ambiente e a tentativa de Bush de liderar
os debates a partir de agora.
+ Mais
Brasil participa de encontro
sobre mudanças climáticas promovido
pelos EUA
27 de Setembro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes - Enviada Especial
- Nova York (EUA) - O ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, fala à imprensa
sobre as reuniões com chanceleres estrangeiros
na sede da ONU.
Nova York (EUA) - O presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, convidou representantes
de 15 países para discutir hoje (27)
e amanhã (28) a política internacional
na área de mudanças climáticas.
O Brasil participa do encontro, representado
por secretários dos ministérios
das Relações Exteriores e do
Meio Ambiente.
A iniciativa norte-americana
gerou desconfiança na comunidade internacional,
que considera a Organização
das Nações Unidas (ONU) o fórum
mais adequado para negociações
sobre o que os governos devem fazer para,
por exemplo, reduzir a emissão de gases
poluentes, apontados por cientistas como principais
causadores do efeito estufa.
Para o ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, a reunião
promovida pelos Estados Unidos pode ser válida
para levantar desafios e algumas propostas.
Mas, segundo ele, o Brasil só participará
efetivamente de negociação no
âmbito da ONU.
"O importante, e o
próprio Bush frisou isso com muita
ênfase pra nós, talvez até
porque previsse que essa era a nossa posição,
ele disse que queria fazer uma coisa que convergisse
para os esforços das Nações
Unidas", conta Amorim.
"Ele tem a sua interpretação,
que para atrair outros países para
a mesa de negociação precisava
fazer uma reunião desse tipo. Só
acho que a gente não pode fazer reunião
em fórum de 15 ou 20 e depois jogar
para a ONU."
De acordo com o ministro
Celso Amorim, o Brasil participará
de maneira intensa da Convenção
sobre Mudanças Climática da
ONU, marcada para dezembro, na Indonésia.
Nessa convenção
devem ser definidas medidas sucessoras do
Protocolo de Quioto, que começa a vencer
em 2012. Atualmente, o protocolo obriga 35
países industrializados a reduzirem
em 5% suas emissões de gases em relação
aos níveis de 11000. A meta deve ser
alcançada até 2012.
Grandes poluidores, como
China e Estados Unidos, não seguem
as recomendações do tratado.
Ao anunciar o encontro sobre mudanças
climáticas desta semana, Bush disse
que o país está disposto a reduzir
em 18% a emissão de gases poluentes
nos próximos dez anos.