20 de Setembro de 2007 -
Banner do Greenpeace nos corais espanhóis
de Menorca pede a criação de
uma rede de reservas marinhas para proteger
os oceanos do mundo.
Amsterdã, Holanda — Segundo relatório
do Instituto Worldwatch,
o problema chegou a tal ponto que talvez seja
necessário criar reservas marinhas
em 40% dos mares para evitar um colapso total.
Setenta porcento da superfície
da Terra é coberta por oceanos e 3/4
da humanidade vive em áreas costeiras.
Somos imensamente dependentes dos recursos
marinhos - e ainda assim os oceanos estão
enfrentando ameaças que incluem pesca
excessiva, poluição, mudanças
climáticas e caça às
baleias.
O novo relatório
do Instituto Worldwatch, intitulado Oceanos
em Perigo: Protegendo a Biodiversidade Marinha
(texto em inglês), defende a criação
dessas reservas marinhas, onde todas as atividades
extrativas e destruidoras, incluindo a pesca,
seriam proibidas. O documento revela o estado
lastimável em que se encontram os oceanos
do mundo e dá o alerta para que governos
comecem a se mexer para tomar medidas de proteção
enquanto ainda há tempo.
Escrito por um time de especialistas
da unidade científica do Greenpeace
localizada na universidade inglesa de Exeter,
o relatório Oceanos em Perigo atualiza
um estudo feito pelo mesmo grupo em 1998.
Eles ficaram chocados com a escala e o grau
de destruição que aconteceu
em menos de uma década em várias
partes do mundo.
"Os recentes estudos
que realizamos mostram, entre outras coisas,
que 90% dos peixes predadores do mundo, como
tubarões, peixes-espadas e atuns, desapareceram
devido à pesca excessiva praticada
desde a década de 1950. Isso nos ajudou
a expôr ao público o que vem
acontecendo nas profundezas dos oceanos, algo
pouco divulgado para a maior parte das pessoas,"
afirma Paul Johnston, cientista-chefe do Greenpeace.
O relatório detalha
novas e emergentes ameaças, como o
aumento da acidificação dos
oceanos e destaca como a corrida dos países
por recursos cada vez mais escassos está
colocando o ecossistema marinho à beira
do colapso.
O documento ilustra ainda
como 76% dos estoques pesqueiros estão
totalmente ou quase esgotados, uma estimativa
corroborada pelos números levantados
pela Organização para Agricultura
e Alimentos das Nações Unidas
(FAO), que sugere que 158 milhões de
toneladas de peixe foram retiradas do mar
mundo afora em 2005 - sete vezes o total de
1950.
O relatório também
detalha as armadilhas das fazendas de peixe,
a suposta panacéia para os problemas
das reservas marinhas. As estatísticas
são aqui também alarmantes:
a produção de animais carnívoros
como salmão e camarão exige
duas vezes e meia a quantidade de alimento
que outras espécies de peixes comerciais.
Gastasse 20 quilos de peixe para cada quilo
que um atum selvagem engorda em cativeiro.
Isso tudo contribui para exaurir os recursos
marinhos a um passo assustadoramente acelerado.
Problemas como o uso de
redes de arrasto, que provocam danos enormes
aos ecossistemas do fundo do mar, e a sobre-pesca
na costa promovida pelos países em
desenvolvimento, são exarcebados pelo
fato de que 20% de toda a pesca no mundo é
ilegal - e vale algo em torno de US$ 5 bilhões
por ano. Enquanto países ricos têm
recursos suficientes para controlar suas próprias
águas ainda têm alguma chance
de emplacar medidas para proteger os recursos
marinhos, há pouca ou nenhuma regulamentação
sobre a exploração dos recursos
em águas internacionais - um assunto
que precisa ser discutido urgentemente num
nível internacional.
Apesar do sinistro cenário
pintado, o relatório do Instituto Worldwatch
reserva algumas esperançosas palavras
sobre como enfrentar o problema, incluindo
um pacote de medidas que, se implementadas,
poderiam reverter a atual situação
para uma mais salutar, restaurando a produtividade
do mar de tempos atrás. A solução
é estabelecer reservas marinhas por
todos os oceanos, protegendo espécies
e habitats vulneráveis, incrementando
a pescaria além das fronteiras das
reservas, e minimizando os piores impactos
das mudanças climáticas.
As reservas marinhas são
a ferramenta mais poderosa disponível
para estancar o declínio das reservas
marinhas de nossos oceanos e são igualmente
aplicáveis tanto no alto-mar como nas
regiões costeiras. Os oceanos têm
um imenso poder de regeneração
e onde reservas marinhas foram implantadas
a vida local renasceu.
Se quisermos pescar amanhã, é
preciso criar reservas marinhas hoje.
+ Mais
Esperanza reforça
time dos dugongs contra Marinha americana
26 de Setembro de 2007 -
Estima-se que existam apenas 12 exemplares
do peixe-boi japonês (dugong) na região
onde os Estados Unidos querem construir uma
base aérea para sua Marinha.
Naha, Japão — Navio do Greenpeace chega
a Okinawa com 28 mil mensagens de todo o mundo
contra obra que ameaça habitat dos
quase extintos peixes-bois japoneses.
O navio Esperanza, do Greenpeace,
atracou quarta-feira no porto de Naha, em
Okinawa (Japão), trazendo um reforço
de 28 mil mensagens de todo o mundo aos protestos
locais contra as obras da Marinha americana
que ameaçam o lar dos últimos
peixes-bois japoneses – os dugongs. Para proteger
essa e outras espécies em perigo, o
Greenpeace defende a criação
de reservas marinhas na região de Henoko
e Ohura Bay.
No mês passado, os
peixe-bois de Okinawa foram colocados no topo
da lista vermelha de espécies ameaçadas
elaborada pelo governo do Japão e agora
enfrentam o que pode ser o último suspiro
de sua sobrevivência. As obras promovidas
pela Marinha dos Estados Unidos na ilha japonesa
estão em desacordo com procedimentos
que poderiam garantir a existência dos
peixes-bois e outras espécies locais,
promovendo a destruição de seus
habitats. No último dia 3 de setembro,
o Greenpeace Japão exigiu que o Ministério
da Defesa do Japão rejeitasse imediatamente
o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado
para liberar a obra, considerando-o ilegal.
“O governo japonês
deveria ser mais sensível sobre como
lidar com espécies ameaçadas”,
afirmou Junichi Sato, gerente do Projeto Oceanos
do Greenpeace Japão, durante conferência
de imprensa realizada a bordo do navio Esperanza.
Segundo Sato, as quase 30 mil mensagens recebidas
pelo Greenpeace em campanha online serão
enviadas aos ministros da Defesa e do Meio
Ambiente do Japão. “Recebemos mais
mensagens do que imaginávamos e podemos
constatar que a visão que o mundo tem
dos esforços do Japão pela conservação
é bem ruim”, disse.
O Esperanza será
aberto ao público neste fim de semana
(29 e 30 de setembro) no porto de Naha. No
dia 1o. de outubro, o navio deixará
o local e navegará até Nakagusuku
Bay (cidade de Okinawa). A tripulação
do Esperanza pretende se reunitr com a população
local que protesta contra um projeto de aterro
da baía de Nakagusuku e em defesa das
terras alagadas da região. O Esperanza
ficará em Henoko até o dia 4
de outubro, retornando ao porto de Naha antes
de seguir viagem para a Coréia no dia
6.