08 de outubro - Nos dias
05 e 06 de outubro, a etnia Xerente realizou
na aldeia Kritê, no Tocantins, a I Feira
de Sementes, com o objetivo de divulgar a
experiência deste povo no uso de novas
tecnologias, tanto na produção
agrícola como na criação
de animais. A feira atraiu especialistas de
várias regiões
do país e proporcionou aos indígenas
aprofundar o conhecimento do uso de sementes
agrícolas como uma forma de auto-sustentabilidade,
na produção e comercialização
de produtos.
Além da exposição
e troca de sementes da região do cerrado,
a feira teve apresentações culturais
típicas da etnia como as danças
e o jogo do cabo-de-guerra.
Durante toda a sexta-feira,
os indígenas participaram de palestras
proferidas por convidados da Funai. O ciclo
de palestras educativas trouxe novos conhecimentos.
A cultura do amaranto e da quínoa no
resgate da semente – a tradicionalidade das
sementes amenídias foi proferida pelo
professor Dr. Carlos Roberto Spehar, da Emprapa
de Brasília; A lei das sementes e produção
de mudas teve como palestrante o Engenheiro
Florestal Dr. Manoel de Jesus Vieira Lima
Júnior da Universidade Federal de Manaus
- UFM e, Aproveitamento e comercialização
de sementes com o Dr. Antônio José
Fernandes de Lima, do Clube da Semente do
Brasil.
A Terra Indígena
Xerente fica localizada no município
de Tocantínia/TO, distante 100Km da
capital Palmas/TO. Com 180 mil hectares, aproximadamente
quatro mil Xerentes estão distribuídos
em mais de 50 aldeias. Desde o ano de 2002,
o povo Xerente sofre os impactos da Usina
Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães,
construída no município de Lajeado/TO,
distante apenas 15km da Terra Indígena.
O progresso e o desenvolvimento trazidos pela
UH foi compensado na forma de programas e
projetos adotados para proteger a comunidade
indígena e o meio ambiente. Neste contexto,
foi implantado o Programa de Compensação
Ambiental Xerente – Procambix, com ações
voltadas a amenizar os impactos causados pela
mudança no modo vida Xerente, a partir
da alteração dos cursos dos
rios da região.
O Procambix é executado
pelos próprios índios Xerente
por meio de um convênio firmado entre
a Funai e a Investco – empresa concessionária
da UH – e um outro firmado entre a Funai e
a Associação Indígena
Akwê (A.I.A).
+ Mais
Acordos para documentação
de línguas indígenas trazem
tecnologia de ponta para o Brasil
05 de outubro - O Museu
Nacional/RJ, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), firmou ontem, 4 de outubro,
Acordo de Cooperação Científica
e Tecnológica com o Instituto Max Planck
de Psicolingüística (Alemanha/Holanda),
agregando novas tecnologias de processamento
e armazenamento de dados multimídia
ao trabalho científico tradicional
realizado junto às comunidades indígenas.
A parceria baseou-se em Acordo entre o Max
Planck e o Museu do Índio, da Fundação
Nacional do Índio (FUNAI), em vigor
desde abril deste ano.
A tecnologia de ponta desenvolvida pelo Instituto
Max Planck representa um avanço para
as instituições brasileiras
na documentação da diversidade
lingüística e cultural, beneficiando,
principalmente, as comunidades indígenas.
Segundo Bruna Franchetto, do Museu Nacional,
75% das línguas faladas no Brasil desapareceram
nos últimos 500 anos e 24% das línguas
indígenas atuais possuem menos de 50
falantes. Apenas 15% das línguas indígenas
possuem mais de mil falantes.
“Com base no Acordo, a FUNAI
ampliou o trabalho de documentação
das línguas indígenas no Brasil”,
explica José Carlos Levinho, diretor
do Museu do Índio. O Programa de Documentação
de Línguas e Culturas Indígenas
Brasileiras, um dos destaques da Agenda Social
do Governo Federal, pretende, sob a coordenação
do Museu do Índio/FUNAI, documentar
e fortalecer de 35 línguas, das quais
serão escolhidas 20 para a execução
na primeira fase, com base em diversos fatores,
dentre os quais o grau de ameaça à
sua continuidade.
Após a assinatura
do Acordo, os representantes do Instituto
Max Planck e do Museu Nacional/UFRJ foram
visitar as exposições “Tisakisu:
Tradição e Novas Tecnologias
da Memória” e “A Presença do
Invisível: Vida Cotidiana e Ritual
entre os Povos Indígenas do Oiapoque”,
em exibição no Museu do Índio/RJ.