13 de Outubro de 2007 -
Elaine Borges - Da
Rádio Nacional da Amazônia -
Brasília - Projetos de reciclagem de
casca de coco se multiplicam pelo país.
O vendedor de coco José Roberto Melo
Machado preside cooperativa que montará
fábrica de reciclagem em Planaltina
(DF).
Brasília - Para cada 300 ml de água-de-coco
consumidos, são gerados cerca de um
quilo e meio de casca de coco. O Brasil possui
cerca de 700 toneladas desse resíduo.
As cascas, quando jogadas sem nenhum tipo
de tratamento em aterros sanitários
ou lixões, levam em média dez
anos para serem decompostas. Servem de abrigo
para animais como ratos e favorecem, por exemplo,
a reprodução de insetos, como
o mosquito da dengue. Uma saída para
essa situação pode ser a reciclagem.
Uma tecnologia que vem sendo
desenvolvida em pelo menos 12 estados do país,
com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), aproveita a
casca do coco para a produção
de fibras vegetais, que podem ser usadas na
fabricação de estofados de automóveis,
vasos de xaxim e coberturas para a proteção
do solo. A casca do coco reaproveitada também
serve para produzir um tipo de pó que
ajuda no desenvolvimento de plantas cultivadas
em vasos e que pode ainda substituir a terra
em plantações.
“Basicamente é feita
uma trituração da casca, depois
ela é prensada para a extração
do excesso de umidade. Isso porque a casca
do coco tem cerca de 80% de umidade. Então,
você extrai esse excesso de umidade
da casca e junto com ela você extrai
parte dos sais cristalinos, que são
diluídos nessa fase líquida",
explica o analista do Núcleo de Apoio
à Transferência de Tecnologia
da Embrapa Agroindústria Tropical,
em Fortaleza (CE), Adriano Lincon Albuquerque
Matos.
"Depois é feita
uma classificação, onde o pó
sai de um lado da máquina e do outro,
a fibra. Em seguida, é feito algum
trabalho de compostagem sobre o pó
para a utilização de substrato
agrícola e a fibra é simplesmente
seca e enfardada.”
No Brasil, já existem fábricas
de reaproveitamento da casca do coco no Ceará,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia,
Espírito Santo, São Paulo, Goiás
e Mato Grosso. Cada uma delas é capaz
de processar até 16 toneladas de casca
de coco por dia. Um mercado que gera lucro.
"Você conseguindo
se colocar adequadamente no mercado, a rentabilidade
de uma unidade dessa é bem satisfatória.
Hoje em dia, a matéria-prima, que é
a casca de coco, chega à unidade só
com o custo do transporte, ou, com um custo
bem baixo, e o produto gerado tem um valor
agregado razoável”, conta Matos.
Segundo a Embrapa Agroindústria
Tropical, a partir de 5 mil cocos processados,
o empreendedor já cobre as despesas
e começa a lucrar - 5% deste total
vira fibra, outros 15% viram substratos (pó).
Com a venda desses dois produtos, fibra e
pó, o produtor fatura cerca de R$ 1
mil , sendo que R$ 200, em média, como
lucro.
A idéia agradou vendedores
de coco do Distrito Federal, que também
estão montando um fábrica de
reciclagem em Planaltina. José Roberto
Melo Machado, vendedor de cocos há
dois anos, montou a Cooperativa de Reciclagem
de Côco Verde, a Coopercoco, financiou
os equipamentos e já espera pelos resultados.
"Nós vamos fazer
substrato agrícola para o plantio de
hortas, mudas, vamos fazer vasos substituindo
o xaxim, vamos fazer tubete, que é
onde coloca a planta para a muda diretamente
na terra. Queremos fazer também as
mantas secas para a proteção
de erosão e a fibra bruta, que é
a fibra que a indústria compra para
fazer estofamento de carro, tênis",
planeja Machado.
Em Fortaleza, a Cooperativa
de Beneficiamento da Casca do Côco Verde,
a Coobcoco já começou a fabricar
e a comercializar os produtos. A presidente
da cooperativa, Kelcilene da Silva Martins,
diz que é possível lucrar com
a iniciativa, mas os desafios são inúmeros.
"Como é um produto
novo no mercado, a gente está com dificuldade
de abrir mercado. A Embrapa fez o projeto,
colocou a gente e a gente está fazendo
como a gente pode. Todo o dia a gente processa
5 mil cocos e o máximo que dá
para tirar de mercadoria, em dinheiro é
uns R$ 100”, calcula Kelciclene.
Os produtos feitos com fibra
de coco são vendidos para produtores
rurais ou para empresas. Empresários,
cooperativas e produtores interessados no
projeto devem entrar em contato com a Embrapa
Agroindústria Tropical, em Fortaleza.
O telefone é (85) 3299-1913.