18 de Outubro de 2007 -
Alex Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Após sete
dias de visita a bases do Comando Militar
da Amazônia (CMA), o ministro da Defesa,
Nelson Jobim, retornou
a Brasília convencido de que a preservação
da floresta depende do desenvolvimento econômico
da Região Norte.
“Não se deve imaginar
que é possível resolver questões
ambientais da região sem assegurar
alternativas aos povos aqui residentes”, disse,
pouco antes de deixar Porto Velho (RO), na
manhã de hoje (18). Em discurso na
cerimônia de formatura da 17ª Brigada
de Infantaria de Selva, ele comentou que se
o governo não tiver a responsabilidade
de promover essas alternativas econômicas,
"estará empurrando essas comunidades
para a ilegalidade, uma vez que a questão
básica é a da sobrevivência”.
Para o ministro, além
de a preservação do meio ambiente
não ser incompatível com o desenvolvimento
da região, deixar de estimular o incremento
das atividades econômicas “seguramente
levaria à deterioração”
ambiental.
Ele explicou sua concepção
de desenvolvimento sustentável para
a região: “É preciso um ajuste
que permita que a produção seja
compatível com a preservação.
Na produção de energia, por
exemplo, é evidente que não
há como se ter uma grande produção
energética, pois distribuí-la
por toda a Amazônia é impossível.
A produção tem de ser localizada,
com emprego de fontes que possam suprir a
necessidade das populações,
como o uso de energia eólica em algumas
situações”.
A falta de energia elétrica
foi uma das queixas mais comuns apresentadas
pelos moradores das comunidades próximas
aos pelotões especiais de fronteira,
além da falta de médicos nos
postos de saúde. Durante a viagem,
o ministro e a comitiva que o acompanhou percorreram
17 organizações militares do
CMA: nove pelotões especiais de fronteira,
cinco batalhões e três brigadas
de infantaria de selva.
O grupo saiu de Manaus na
última sexta-feira (12), passou pelo
Acre e terminou o percurso na capital de Rondônia,
Porto Velho. Conforme Jobim explicou no primeiro
dia, além de demonstrar a solidariedade
e o reconhecimento do Ministério da
Defesa às ações desenvolvidas
na fronteira, a viagem serviu para proporcionar
à autoridades dos poderes Executivo
e Legislativo o conhecimento da realidade
amazônica.
Participaram da primeira
etapa da viagem, concluída com a chegada
a Tabatinga (AM), no domingo (14), a ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff, o secretário-executivo
do Ministério da Fazenda, Nelson Machado,
e cinco ministros do Superior Tribunal de
Justiça (STJ).
Segundo Jobim, as impressões
e informações recolhidas servirão
para subsidiar o grupo interministerial que
preside, criado no início de setembro
para elaborar o Plano Estratégico Nacional
de Defesa, com prazo até setembro de
2008 para ser apresentado ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
+ Mais
Ameaçados por madeireiros,
ambientalistas refugiam-se em base do Exército
no Pará
18 de Outubro de 2007 -
Leandro Martins - Repórter da Rádio
Nacional da Amazônia - Brasília
- Oito ativistas da organização
ambientalista Greenpeace tiveram de se refugiar
por 24 horas dentro de uma base do Exército
no município de Castelo dos Sonhos,
sudeste do Pará. Perseguidos por cerca
de 300 assentados e madeireiros da região
na terça-feira (16), os ambientalistas
protegeram-se num prédio do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) dentro
da base e só saíram escoltados
pela polícia ontem (17).
Os madeireiros protestavam
contra a autorização do Ibama
para o transporte de uma tora de castanheira
para cidades de São Paulo e do Rio
de Janeiro. A madeira seria utilizada pelo
Greenpeace como material de uma exposição
chamada Aquecimento Global: Apague Essa Idéia,
promovida pela organização para
alertar sobre os perigos do desmatamento ilegal
da Floresta Amazônica.
Há 15 dias, o Greenpeace
havia pedido permissão para transportar
a madeira. O Ibama concedeu a licença
na última quinta-feira (11). Após
a pressão dos madeireiros, o órgão
cancelou ontem (17) a autorização.
Para o ativista do Greenpeace
Marcelo Marquezini, a reação
dos madeireiros pode ter tido origem numa
ação de fiscalização
do Ibama na segunda-feira (15). Na ocasião,
um madeireiro que transportava madeira ilegalmente
foi detido e teve o caminhão apreendido.
Irritados, os madeireiros
e assentados da região voltaram-se
contra o Greenpeace. "O grupo que primeiro
se revoltou foram esses madeireiros, que fecharam
a nossa saída, alegando que se eles
não têm autorização
para manejo florestal, o Greenpeace também
não deveria ter essa autorização,
não deveria levar aquela madeira de
lá para denegrir a região"
relata.
A tora de castanheira permanecerá
em Castelo dos Sonhos. O diretor nacional
de Proteção Ambiental do Ibama,
Flávio Montiel da Rosa, explica que
a permissão para o transporte da madeira
do Greenpeace teve de ser cancelada por razões
de segurança.
"Por causa do risco
para os membros da base e dos prejuízos
para as operações de fiscalização,
o Ibama teve de cancelar a autorização
do transporte daquela madeira", afirma
Montiel. "O cancelamento se deu unicamente
em função da garantia de vida
e de continuidade das operações."
+ Mais
Forças Armadas se
dispõem a ajudar no combate ao desmatamento,
afirma Jobim
16 de Outubro de 2007 -
Alex Rodrigues - Enviado especial - Cruzeiro
do Sul (AC) - O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, afirmou que as Forças Armadas
estão dispostas a participar do combate
ao desmatamento na Amazônia, que teve
confirmado hoje (16) aumento no período
entre junho e setembro.
“Em primeiro lugar, segundo
o relatório, o desmatamento, na perspectiva
macro, reduziu-se”, comentou o ministro, que
segue em viagem a áreas de fronteira
na região. “Estamos verificando é
que, comparando com o mesmo período
do ano passado, tivemos um aumento. As Forças
Armadas, os pelotões de fronteira,
e os batalhões de infantaria de selva
estão dispostos a prestar toda a assessoria
ao Ministério do Meio Ambiente, para
coibir o problema e fazer um trabalho conjunto
para reduzir e manter a redução
do grau de desmatamento.”
Segundo Jobim, para atuar
na questão, por não ter competência
direta, o Exército depende de solicitações
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
do Ministério do Meio Ambiente e da
Fundação Nacional do Índio
(Funai).
Diante de pergunta de jornalista
sobre se o relatório alimenta as críticas
de que o país não cuida bem
da floresta amazônica, ele respondeu:
“Qualquer motivo é elemento para esse
discurso. Precisamos desprezar esse tipo de
discurso porque estamos trabalhando e este
é um assunto nosso, não destruímos
nenhuma mata além daquelas que já
foram destruídas pelos próprios
europeus e americanos.”