17 de Outubro de 2007 -
Hugo Costa - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O principal mecanismo para frear a degradação
da Amazônia é minimizar o crédito
para atividades que praticam desmatamento
nos estados da região. Quem afirma
é o Instituto do Homem e do Meio Ambiente
na Amazônia (Imazon).
Para o pesquisador Adalberto
Veríssimo, da organização
não-governamental (ONG), as ações
emergenciais do governo são importantes,
mas é necessário estabelecer
um pacto nacional para sanar o problema. “O
instrumento mais importante para diminuir
o desmatamento é realmente fechar a
torneira do crédito dos bancos públicos
para o setor que desmata na Amazônia”,
afirma, em entrevista à Agência
Brasil.
Segundo ele, ao contrário
do que dizem os pecuaristas, as atividades
ligadas à criação de
gado são as principais responsáveis
pelo aumento da área desmatada: “A
pecuária é a grande atividade
da Amazônia. Tanto em área, quanto
economicamente. No caso de estados como o
Mato Grosso, a maior parte do desmatamento
está em municípios tipicamente
pecuaristas”.
Outros aspectos apontados
por Veríssimo são o aumento
da produção de soja devido à
crescente demanda internacional, a estiagem
e a proximidade das eleições,
período em que ele diz haver crescimento
no número de assentamentos e menor
rigor na fiscalização.
Sobre as medidas anunciadas
ontem (16) pelo ministério do Meio
Ambiente, apesar de considerar que a conjuntura
atual dificulta as ações, o
pesquisador elogia a postura do governo. “É
importante reconhecer que o Ministério
do Meio Ambiente tem feito um esforço
louvável. Vamos ver os efeito que as
ações emergenciais vão
ter no curto prazo”, comenta.
O Imazon, associado a outras
oito ONGs, propôs no início do
mês, na Câmara dos Deputados,
o estabelecimento de um pacto para zerar os
níveis de desmatamento até 2015.
O Ministério do Meio Ambiente e os
governadores de Mato Grosso e do Amapá
manifestaram apoio à iniciativa. Adalberto
Veríssimo diz que espera o apoio de
outros estados para debater conjunto de medidas.
“Precisamos da adesão dos governadores
para discutir melhor as propostas do pacto.”
+ Mais
Aumento do desmatamento
na Amazônia exige ações
imediatas, diz secretário
16 de Outubro de 2007 -
Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O sistema de monitoramento do governo federal
registrou aumento de 107% dos índices
de desmatamento na região amazônica,
no estado do Mato Grosso, entre junho e setembro,
em comparação com o mesmo período
do ano passado. Apesar de dizer que o acréscimo
não é muito significativo em
número de hectares, o secretário
executivo do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), João Paulo Capobianco, reconheceu
a necessidade de providências imediatas
para conter o avanço da prática
ilegal.
Segundo ele, o governo federal
já iniciou ação emergencial,
com inspeções realizadas por
equipes técnicas nos estados onde foi
constatado aumento – Rondônia e Acre,
além de Mato Grosso.
O sistema Detecção
de Desmatamento em Tempo Real (Deter) utiliza
sensores com alta freqüência para
informar periodicamente o governo sobre áreas
desmatadas e orientar a adoção
de medidas de contenção.
“Essa ligeira alteração
na curva, que eleva o desmatamento em alguns
pontos, tem que ser vista como um sinal de
que é preciso verificar onde está
ocorrendo e quais são os agentes motivadores.
Assim será possível corrigir
os instrumentos de fiscalização
e controle, evitando o aumento efetivo da
taxa anual de desmatamento”, disse Capobianco,
em entrevista coletiva.
O relatório anual
de desmatamento divulgado pelo MMA começa
sempre em 1º de agosto de um ano e termina
em 31 de julho do seguinte. O último,
de 2007, traz a estimativa de 9,6 mil quilômetros
quadrados de áreas desmatadas, o que
representaria a menor taxa desde 1988. Esse
número ainda será consolidado.
Segundo Capobianco, três
fatores contribuíram para elevar o
corte de vegetação no segundo
semestre deste ano: a seca prolongada, o aumento
do preço internacional da soja e o
da carne bovina. Ele comentou que o cenário
estimula produtores a tentarem ganhar novos
espaços, e a proximidade das eleições
municipais (que serão realizadas no
ano que vem) torna a fiscalização
mais frágil.
“Ao se analisar o histórico
do desmatamento desde 1988, sempre em ano
de eleição a prática
aumentou, com exceção de 2006.
Na eleição municipal observamos
que há muita pressão e interesse
em atender vontades de certas atividades econômicas”,
disse Capobianco.
Paralelamente ao plano emergencial,
o MMA pretende concluir em fevereiro de 2008
um plano de controle do desmatamento para
os próximos quatro anos. O objetivo
é investir em alternativas econômicas
para gerar emprego e renda na região,
mantendo a floresta em pé.
+ Mais
Mato Grosso ajudará
a frear desmatamento, diz secretário
17 de Outubro de 2007 -
Hugo Costa - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O governo de Mato
Grosso auxiliará o governo federal
na luta contra o desmatamento na região
amazônica. A declaração
foi feita pelo secretário estadual
de Meio Ambiente, Luís Henrique Daldegan,
após o Ministério do Meio Ambiente
anunciar aumento no desmatamento em três
estados e ações emergenciais
para reverter a situação.
Mato Grosso teve a maior
alta no índice de desmatamento entre
as unidades da federação nos
últimos quatro meses. De acordo com
o sistema de monitoramento do governo federal,
a prática no estado subiu 107% de junho
a setembro, em comparação ao
mesmo período no ano passado. Em entrevista
à Agência Brasil, Daldegan apontou
a formulação de parcerias como
caminho para reverter o quadro.
“Nossas ações
vão ser feitas em conjunto com a União,
as Polícias Militar e Federal e fiscais
do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis].
Acreditamos que essa parceria vai propiciar
resultados e começará já
nos próximos dias”, comentou.
Luís Henrique Daldegan
relativizou o aumento recente e disse que
os índices são altos porque
são comparados a um período
anterior de quedas consecutivas. “Foram dois
anos de diminuição significativa.
A questão do número absoluto
não é o que está sendo
observado. Mesmo assim, nós temos que
reforçar a proteção da
floresta.”
O governo estadual informou
que pretende aderir ao pacto proposto por
nove entidades ambientais, no início
do mês, em reunião na Câmara
dos Deputados. “O governador Blairo Maggi
apóia esssa manifestação.
Mas, acima de tudo, temos que criar mecanismos
para acabar com o desmatamento ilegal”, disse
o secretário de Meio Ambiente de Mato
Grosso.