24 de Outubro de 2007 -
Clara Mousinho - Da
Agência Brasil - Brasília - Representantes
de populações nativas do Brasil,
Nova Zelândia, Austrália e Canadá
pedem maior integração de povos
indígenas no mundo. Durante a 1ª
Conferência Internacional e o 1º
Encontro Nacional de Saúde Mental Indígena,
eles apresentaram os maiores problemas do
índios em diferentes países.
O australiano Edward Wilkes
é aborígene (população
nativa da Austrália) e trabalha no
programa de Pesquisas Aborígenes do
Instituto Nacional de Pesquisa de Drogas do
país. Segundo ele, a situação
dos aborígenes e dos índios
brasileiros é parecida.
“Nosso povo foi retirado
do lugar onde morava e ainda há indiferença
e intolerância com o povo nativo, o
que sabemos que é racismo. A saúde
mental de nosso povo está muito relacionada
ao fato de que existe racismo, muita pobreza
e nosso povo está tentando sobreviver.
Isso gera impactos psicológicos nas
nossas famílias e nas comunidades”,
disse ele.
Wilkes afirmou que os problemas
de saúde mental da população
nativa da Austrália acontecem por causa
da falta de expectativas de emprego, educação
e saúde. “Grande parte da juventude
aborígene recorre ao álcool
e às drogas para escapar das pressões
ocidentais de viver num mundo capitalista.
Isso está atingindo também os
mais velhos. Consequentemente nos vemos em
um ciclo de pobreza que tem impactos na nossa
saúde mental”.
O australiano disse que
a conferência internacional é
importante para que as populações
indígenas passem a discutir os problemas
sociais em nível mundial. “É
importante que a questão indígena
seja discutida na globalização.
Esses povos, mesmo falando português
ou inglês, precisam manter suas culturas
e saúde”.
A índia canadense
Gaetan Pétiquay, da tribo Attikemekw,
disse que se identificou muito com a situação
da juventude indígena do Brasil. “As
reivindicações são muito
parecidas com as do jovem do meu povo. A falta
de diálogo, o preconceito na hora de
procurar emprego e o racismo”.
Samuel Carajás é
índio da tribo dos Carajás,
no Mato Grosso. Ele afirma que, antes de ouvir
os representantes dos povos estrangeiros,
pensava que os problemas de terras, saúde,
educação e emprego atingiam
apenas os índios brasileiros. Para
ele, essas populações devem
unir forças na luta pelos seus direitos.
“Precisamos estar juntos nessa batalha”.
O índio Valter Martins
da tribo Kiowá, do Mato Grosso do Sul,
afirmou que aprendeu muito com a troca de
experiências. “Vou voltar para casa
enriquecido após ouvir as expêriencias
de outros países.
+ Mais
Funasa libera recursos após
ocupação da sede por indígenas
em Macapá
24 de Outubro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Macapá - O procurador geral
de Justiça do Amapá, Fernando
Aguiar, anunciou hoje (24) que a direção
da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) vai liberar, em 48 horas, R$ 1,5
milhão para o pagamento de dívidas
da Associação dos Povos Indígenas
do Amapá (Apitu), uma das organizações
não-governamentais responsáveis
pela administração dos recursos
destinados pelo governo federal à saúde
indígena.
"Esse valor já
foi liberado e será creditado em no
máximo 48 horas na conta da Apitu.
Tenho cópia do documento que comprova
a liberação. A condição
da direção da Funasa para o
manuseio desse dinheiro é que a Apitu
aceite o acompanhamento do gasto por pelo
menos dois técnicos da fundação.
É uma ajuda especializada", explicou.
A medida é uma resposta
à ocupação pacífica
da sede da Funsa em Macapá, por cerca
de 150 indígenas das etnias Karipuna,
Palikiur, e Galibi-karinã. Eles saíram
do município de Oiapoque, a quase 700
quilômetros da capital, para cobrar
do poder público mais atenção
à saúde indígena na região.
E foram recebidos pelo coordenador da Funasa
no Amapá, Gervásio Oliveira,
que marcou reunião deles com alguns
membros do Ministério Público
Federal e da Fundação Nacional
do Índio (Funai).
Durante a reunião
os indígenas denunciaram atraso de
dez meses no pagamento dos salários
dos que atuam no setor administrativo da Apitu,
falta de medicamentos básicos nas unidades
de saúde à disposição
dos moradores das aldeias e de mantimentos
na Casa do Índio em Macapá.
E exigiram mais autonomia para os Distritos
Especiais Indígenas e obras de saneamento
nas aldeias.
De acordo com Elza Figueiredo,
líder da aldeia Kumarumã, da
etnia Galibi-Karinã, a mobilização
é fruto da necessidade de atenção
urgente para o acompanhamento dos índios
que estão doentes ou precisam de remédios.
"Nós estamos cansados, não
temos dinheiro para comprar os remédios,
precisamos saber quando essa situação
vai melhorar. Não viemos aqui para
quebrar, mas para procurar nossos direitos,
porque a saúde e a doença não
podem esperar", afirmou.
Ainda no encontro, o procurador
Fernando Aguiar sugeriu ao coordenador Gervásio
Oliveira que determine a instauração
de procedimentos administrativos disciplinares
para apurar a conduta dos técnicos
que atuam na administração da
Casa do Índio. Segundo dados da Funasa
no Amapá, o estado concentra cerca
de 8,8 mil indígenas, divididos entre
sete etnias distintas.
+ Mais
Lideranças indígenas
cobram mais espaço para participação
nos conselhos de saúde
24 de Outubro de 2007 -
Clara Mousinho - Da Agência Brasil -
Brasília - Lideranças indígenas
reivindicaram hoje (24), durante a 1ª
Conferência Internacional e o 1º
Encontro Nacional de Saúde Mental Indígena,
mais espaço para participação
de índios nos conselhos de saúde
dos estados e dos municípios. O presidente
do Conselho Distrital de Saúde Indígena
da Bahia, Ancelmo da Conceição,
reclamou da falta de debate nos conselhos
sobre os problemas vivenciados nas aldeias.
“Em todos os municípios
brasileiros, existem conselhos municipais
de saúde. A inclusão dos indígenas
nesse conselho ainda é bem devagar
e não está acontecendo em todos
os municípios. A gente tem que estar
lá porque eles têm que fazer
saúde para os índios porque
é lei”, defendeu Conceição.
“Por que a gente tem que participar dos conselhos
estaduais? Porque lá estão os
nosso interesse dos índios. Nós
temos que buscar os nossos interesses. A nossa
saúde e a nossa terra.”
As leis 8.080/90 e 9.836/99 garantem às
populações indígenas
o direito de participar dos organismos colegiados
de formulação, acompanhamento
e avaliação das políticas
de saúde, tais como o Conselho Nacional
de Saúde e os conselhos estaduais e
municipais de Saúde.
Para antropóloga,
suicídio indígena só
pode ser combatido com respeito às
culturas locais
23 de Outubro de 2007 -
Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O Poder Público precisa adotar políticas
de saúde indígena mais adequadas
às culturas diferenciadas de cada comunidade
para combater o suicídio entre os índios.
A avaliação é da antropóloga
Regina Erthal, consultora da Organização
das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (Unesco), durante
a 1ª Conferência Internacional
de Saúde Mental e Indígena,
que vai até quinta-feira (25) em Brasília.
“O suicídio entre
os índios deve ser visto de maneira
mais cuidadosa. Hoje temos equipes da Funasa
com grande rotatividade de pessoal e sem formação
necessária para enfrentar a complexidade
do problema”, avaliou Erthal. Durante o seminário,
ela apresentou um levantamento sobre o suicídio
nas aldeias do Alto Rio Solimões, no
Amazonas, que comprovou que o problema atinge
principalmente os jovens.
Segundo a antropóloga,
103 índios da comunidade Tikuna, no
Alto Rio Solimões, suicidaram-se entre
2000 e 2005. Desse total, 54 (mais de 50%)
tinham entre 15 e 19 anos. Na região,
próxima à fronteira do Brasil
com o Peru e a Colômbia, vivem cerca
de 28 mil índios em 143 aldeias espalhadas
por 214 mil quilômetros quadrados. As
principais terras indígenas foram demarcadas
a partir de 1993.
De acordo com Erthal, os
suicídios na região devem-se
a conflitos familiares e às diferenças
políticas na comunidade. Fatores econômicos
e a escassez de recursos naturais também
contribuem para intensificar problema. “O
quadro é agravado ainda pela depredação
da floresta e pelas disputas de terras”, disse
Erthal. Para ela, a fiscalização
mais rigorosa contra a exploração
ilegal de madeira e de minérios também
representa um meio de reduzir os índices.
O coordenador do programa
de saúde mental da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), Carlos
Coloma, admitiu que a burocracia governamental
dificulta algumas ações necessárias.
Ele, no entanto, garantiu haver disposição
para enfrentar a questão. “Estamos
agindo para identificar as causas e adotar
soluções amplas, pois é
preciso evitar o risco do problema do suicídio
se tornar incontrolável em outras etnias”,
afirmou Coloma.
+ Mais
Índice de suicídio
em aldeias indígenas do Mato Grosso
do Sul preocupa especialistas
23 de Outubro de 2007 -
Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Consultor da Unesco no Brasil Fabio Mura
faz palestra na 1ª Conferência
Internacional de Saúde Mental Indígena
e no 1º Encontro Nacional de Saúde
Mental Indígena.
Brasília - Apesar
de a Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) não divulgar dados exatos
sobre suicídios nas comunidades indígenas
Guarani Kaiowá e Nanhandeva, no Mato
Grosso do Sul, especialistas ouvidos pela
Agência Brasil consideram que a situação
na região é alarmante e exige
soluções para um enfretamento
mais eficaz do problema. Extra-oficialmente,
falam em uma média anual de 50 casos
na região. Os estudiosos do tema estão
reunidos em Brasília na 1ª Conferência
Internacional de Saúde Mental Indígena,
que começou ontem (22) e vai até
quinta-feira (25).
A principal dificuldade,
segundo os especialistas, é a diversidade
dos fatores que estimulam os suicídios
entre os índios. Desentendimentos familiares,
disputas de poder e de terra nas comunidades,
feitiços, desilusões amorosas,
alcoolismo e poucas perspectivas de crescimento
social são algumas das causas mais
citadas.
Segundo o consultor da Unesco
no Brasil Fábio Mura, existe um conflito
entre o controle tradicional exercido pelas
famílias e as aspirações
dos jovens indígenas. “Diante de tantas
contestações, muitos deles têm
caminhado para tentativas ou concretizações
de atos suicidas”, explicou Mura.
Como a cultura indígena
associa o suicídio a agentes externos,
Mura também considera necessária
uma preocupação com a purificação
espiritual do ambiente após um suicídio.
Caso contrário, outras pessoas da família
podem ser influenciadas. O trabalho seria
feito por rezadores especializados, com legitimidade
reconhecida pelos índios.
O alto consumo de álcool
nas aldeias, aponta o consultor, pode promover
efeitos distintos sobre a intenção
dos índios em se suicidar. “Tanto pode
inibir e adiar um ato ou servir para dar a
coragem necessária para concretizá-lo”,
analisou Mura.
Outro aspecto que agrava
as tensões é a forte restrição
territorial das reservas de Mato Grosso do
Sul, que provoca concentração
das populações indígenas
na região. “Na Reserva de Dourados,
por exemplo, com 3.560 hectares, vivem aproximadamente
11 mil indígenas. Do ponto de vista
tradicional, uma comunidade de 200 índios
aliados entre si deveria viver em um espaço
de dez mil hectares”, disse Fábio Mura.
O psicólogo da Funasa
Walter Martins, que nasceu em uma aldeia Kaiowá
e atende cinco comunidades indígenas
no Mato Grosso do Sul, compara a reserva atual
a uma grande favela. Com a experiência
de quem já teve três primas adolescentes
que se suicidaram, ele considera a falta investimentos
sociais na comunidade, voltados especialmente
para a formação dos jovens,
um fator que estimula os suicídios.
Martins defende a adoção
de projetos de preparação profissional
nas aldeias. “Os jovens não tem a expectativa
de um futuro melhor. Meus amigos dizem que
não conseguem nada na cidade porque
não puderam estudar na aldeia. Eles
se vêem num beco sem saída”,
afirmou.
Para Fábio Mura,
da Unesco, os programas de saúde mental
para indígenas a serem desenvolvidos
pelo Governo Federal devem fortalecer o caráter
multidisciplinar das equipes, com a presença
de médicos, enfermeiros, curandeiros
e rezadores. “É preciso vencer o preconceito
ocidental e a desconfiança indígena,
com métodos interligados aceitáveis
por ambas as partes”, defendeu Mura.
Segundo a Funasa, a população
indígena brasileira é estimada
em mais de 400 mil pessoas, que pertencem
a cerca de 215 povos e falam 180 línguas
identificadas.
+ Mais
Falta de dados sobre suicídio
indígena dificulta ações,
reconhece Funasa
23 de Outubro de 2007 -
Clara Mousinho - Da Agência Brasil -
Brasília - O coordenador do Programa
de Saúde Mental da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), Carlos
Coloma, reconheceu hoje (23) que a falta de
estatísticas e informações
sobre o suicídio de índios no
Brasil atrapalha a solução do
problema no país. Ele estima que o
índice de suicídios entre jovens
indígenas seja de duas a seis vezes
superior ao registrado entre jovens não-indígenas.
"Não existe
um número exato sobre suicídio
da população indígena.
Há a necessidade de os governos se
preocuparem em identificar melhor o que acontece
com os índios”, avaliou Coloma, que
participa da 1ª Conferência Internacional
e do 1º Encontro Nacional de Saúde
Mental Indígena. "Em geral, os
indígenas estão imersos em uma
estatística puramente numérica.
Precisamos identificar o que está acontecendo
com a perspectiva de vida dessas populações.”
Para o coordenador do Programa
de Saúde Mental da Funasa, é
importante conhecer a política de saúde
indígena adotada em outros países
para avaliar as medidas em andamento no Brasil.
No entanto, no que diz respeito às
política na área de saúde
mental, Coloma disso que o país é
visto como pioneiro.
“O Brasil é o único
país hoje que está trabalhando
nesse domínio de conhecimento da saúde
mental indígena. Dentro disso, o problema
de droga, alcoolismo, suicídio”, citou
Coloma, para quem a morte de indígenas
tem que ser tratada com seriedade. “Não
podemos banalizar a morte como se faz diariamente
com a violência.”
A 1ª Conferência
Internacional e do 1º Encontro Nacional
de Saúde Mental Indígena vão
até quinta-feira (25). Serão
discutidos temas como violência, alcoolismo
e as políticas em saúde mental
indígena no Brasil.
+ Mais
Diminuir número de
suicídios depende do acesso à
terra, defende liderança indígena
23 de Outubro de 2007 -
Ana Luiza Zenker - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Samuel Karajá,
da aldeia Teribré (MT), concede entrevista
durante a 1ª Conferência Internacional
de Saúde Mental Indígena e o
1º Encontro Nacional de Saúde
Mental Indígena.
Brasília - O sucesso das ações
para diminuir as taxas de suicídios
na população indígena
depende da garantia de acesso dessas comunidades
à terra. É o que defende o integrante
do Conselho Indígena de Saúde
de São Félix do Araguaia (MT),
Samuel Karajá.
“Quando a gente tem a nossa
terra, nós temos a paz, tranquilidade,
saúde, aquilo que a vida tem para oferecer,
então a terra é o principal
problema que os índios brasileiros
estão enfrentando”, disse Karajá,
em entrevista à Agência Brasil.
“A ação do
governo tem que ser: demarcar terra, reconhecer
as comunidades indígenas e oferecer
realmente um programa do governo, políticas
públicas que cheguem à aldeia,
concretamente.”
De acordo com dados do Ministério
da Saúde, apresentados hoje (23) na
1ª Conferência Internacional e
no 1º Encontro Nacional de Saúde
Mental Indígena, o risco de morte por
suicídio é até seis vezes
superior na população indígena.
Os maiores índices são registrados
entre índios de 10 a 29 anos. A desvalorização
da cultura indígena é apontada
como uma das causas que levam aos suicídios.
“Há um tempo atrás
a gente tinha terra, paz, a gente tinha nossa
cultura viva, quer dizer, os jovens eram ocupados
com a cultura, hoje não tem a ocupação
com a cultura, então fica numa ociosidade
e isso vai levando para um caminho de bebida,
drogas, e tudo isso vai acarretando o problema
[do suicídio]”, avalia Samuel Karajá.
Para ele, é dever
do Estado reconhecer as comunidades indígenas
e garantir os seus direitos, que envolvem
o acesso à terra, à produção
de alimentos para a subsistência e a
meios de manter a cultura viva.
“Nós estamos fazendo
a nossa parte, tentando revitalizar a nossa
cultura com recursos que a gente tem, que
os nossos antepassados trabalharam. A cultura
é o que dá vida a toda uma sociedade
indígena, ela dá vida, saúde,
segurança alimentar, tudo isso, então
nós estamos trabalhando nisso.”
+ Mais
Conferência em Brasília
discute saúde mental da população
indígena
22 de Outubro de 2007 -
Ana Luiza Zenker - Da Agência Brasil
- Brasília - Até quinta-feira
(25), representantes do governo federal, lideranças
indígenas e responsáveis pela
área de saúde mental nas secretarias
estaduais participam da 1ª Conferência
Internacional e do 1º Encontro Nacional
de Saúde Mental Indígena. O
evento conta ainda com a presença de
especialistas da Austrália, do Canadá,
dos Estados Unidos, da Nova Zelândia
e do Brasil.
“Trouxemos especialistas
estrangeiros para discutir como trabalhar
essa questão no Brasil”, explica o
diretor do Departamento de Saúde Indígena
da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), Wanderley Guenka. “Nós temos
um consumo alto de álcool, algum consumo
de drogas ilícitas, a questão
do suicídio e das violências;
precisamos buscar uma alternativa para implementar
um trabalho dentro das aldeias”, completa
Guenka.
O número de suicídios
nas aldeias preocupa os responsáveis
pelo atendimento à saúde indígena.
De acordo com o diretor da Funasa, somente
entre os Guarani-Kaiowá, em Mato Grosso
do Sul, ocorrem entre 45 e 50 casos por ano,
atingindo pessoas cada vez mais jovens.
Para o presidente do Conselho
Distrital de Saúde Indígena
da Bahia, Ancelmo da Conceição,
os casos de suicídio nas comunidades
indígenas hoje são reflexo da
intervenção do homem branco.
“O índio ficou sem
ter a pesca e a caça, sem a sua principal
fonte de alimento, porque os rios ficaram
poluídos, ficaram sem peixe e as matas
ficaram sem caça”, explica. “A ociosidade
levou à depressão, o que abriu
porta para a chegada das drogas, principalmente
do álcool às comunidades indígenas.”
Ancelmo, que é da
etnia Tuxá, no norte da Bahia, diz
que faltam médicos, transporte para
as aldeias e comunicação com
a Funasa. Apesar dessas carências, ele
diz que uma das coisas que mais fazem falta
é um projeto de auto-sustentação,
que ocupe os indígenas com alguma atividade
de resgate da cultura e ao mesmo tempo gere
renda para essas comunidades.