26 de Outubro de 2007 -
Paulo Adário,
coordenador da Campanha de Amazônia
do Greenpeace, entrega ao governador de São
Paulo, José Serra, documento do pacto
que propõe o fim do desmatamento na
Amazônia em sete anos.
São Paulo, Brasil
— Governador do Estado e prefeito da capital
anunciam adesão ao Pacto pela Valorização
da Floresta em ato político realizado
no Parque Villa Lobos.
O pacto proposto por diversas
ONGs, entre as quais o Greenpeace, para zerar
o desmatamento na Amazônia em sete anos
ganhou um reforço de peso nesta sexta-feira.
O governador de São Paulo, José
Serra, e o prefeito da capital, Gilberto Kassab,
aderiram à proposta em ato político
realizado no Parque Villa Lobos pela governança
da Amazônia, subindo no caminhão
preparado pelo Greenpeace para a exposição
itinerante "Aquecimento Global: Apague
Essa Idéia".
O Brasil é o quarto
maior poluidor do clima mundial graças
às queimadas e ao desmatamento da Amazônia.
“O Greenpeace foi impedido
de trazer uma castanheira que foi derrubada
a troco de nada. Estamos tornando o futuro
uma vítima do presente, em troca de
praticamente nada. Podem contar com minha
solidariedade, agora e no futuro, onde quer
que eu esteja”, afirmou Serra durante a cerimônia.
A castanheira de 13 metros
coletada pelo Greenpeace na Amazônia
para participar da exposição
itinerante foi confiscada por madeireiros
na cidade de Castelo dos Sonhos (PA). Ativistas
do Greenpeace ficaram sob cárcere privado
por mais de 40 horas. O Greenpeace tinha autorização
do Ibama para coletar e transportar a árvore,
mas ela foi retirada pelo órgão
depois dele ser pressionado pelos madeireiros.
Com isso, a exposição que começaria
neste final de semana em São Paulo
- seguindo depois para Rio e Brasília
-, foi adiada.
As intenções
do governo de São Paulo não
ficam apenas nas palavras. A Operação
Primavera, realizada nas estradas que cortam
o Estado, apreendeu mais de 300 toneladas
de madeira nativa que saiu ilegalmente da
Amazônia. Na quinta-feira, apreendeu
mais 200 toneladas de madeira ilegal, aplicando
R$ 300 mil em multas. A operação
vem sendo realizada também em outras
cidades do Estado.
“Estamos cercando a entrada
de madeira ilegal em São Paulo como
contribuição à conservação
da Amazônia”, afirmou Xico Graziano,
secretário de Meio Ambiente do Estado
de São Paulo. O prefeito Gilberto Kassab
anunciou sua solidariedade ao movimento e
lamentou a ausência da árvore.
“A ausência dessa
árvore fala mais alto do que sua presença
porque significa a prova da falta de governança
na Amazônia”, afirmou Paulo Adário,
coordenador da campanha de Amazônia
do Greenpeace. “Com seu peso político
e econômico, São Paulo pode dar
uma grande contribuição à
preservação da Floresta Amazônica”,
disse Adário, que considerou a presença
das autoridades paulistas no evento como “um
estímulo ao Pacto pelo Fim do Desmatamento
e um claro sinal da necessidade de maior governança
na floresta”.
São Paulo foi o primeiro
estado brasileiro a aderir, em 2006, ao programa
Cidade Amiga da Amazônia, do Greenpeace,
que visa banir madeira ilegal e predatória
do consumo público. Para mostrar o
compromisso do Estado com a proteção
da Amazônia, José Serra divulgou
medidas recentes adotadas pelo seu governo
para coibir a comercialização
de madeira ilegal no território estadual,
o maior consumidor de madeira da região
amazônica.
“O conjunto de ações
apresentadas hoje e as políticas de
clima atualmente em discussão sinalizam
que o estado de São Paulo e sua capital
estão no caminho certo para combater
o aquecimento global”, disse Marcelo Furtado,
diretor de campanhas do Greenpeace. “A Amazônia
exerce grande influência no clima de
São Paulo, protegê-la também
significa qualidade de vida aos paulistas”,
concluiu Furtado.
+ Mais
Porto Alegre fecha as portas
para madeira ilegal da Amazônia
23 de Outubro de 2007 -
José Fogaça, prefeito de Porto
Alegre (RS), visita exposição
sobre a destruição da Amazônia,
antes de assinar decreto que exige comprovação
de origem legal para a madeira usada em obras
públicas na cidade.
Porto Alegre (RS), Brasil — Fogaça
assina decreto vetando madeira sem documentação
de origem nas obras da prefeitura e visita
exposição sobre o desmatamento
e as queimadas na floresta.
O prefeito José Fogaça
assinou nesta terça-feira o decreto
que estabelece critérios para a compra
de madeira pelo poder público municipal,
obrigando que toda madeira comprada pela prefeitura
ou utilizada em obras e serviços públicos
tenha comprovação de legalidade
de origem. Com o decreto, Porto Alegre passa
ser a capital de estado mais avançada
entre os participantes do Programa Cidade
Amiga da Amazônia, do Greenpeace.
"Porto Alegre é
uma cidade que tem a questão ambiental
como prioridade, e o programa Cidade Amiga
é um exemplo disso", disse o prefeito
durante a solenidade, que contou com a presença
de ativistas e voluntários do Greenpeace.
O diretor de Políticas
Públicas do Greenpeace, Sergio Leitão,
ressaltou que a cidade dá um exemplo
ao país e às demais capitais
brasileiras sobre a importância da preservação
da Amazônia. O programa foi concebido
há dois anos e conta com a adesão
de 35 municípios e do estado de São
Paulo. No Rio Grande do Sul, além da
Capital, São Leopoldo, Santa Maria,
Rio Grande e Cachoeirinha também aderiram
ao Cidade Amiga da Amazônia.
A assinatura do decreto
acontece uma semana depois de membros da ONG
terem sido mantidos em cárcere privado
na localidade paraense de Castelo de Sonhos,
no município de Altamira, e impedidos
por madeireiros de transportar uma árvore
queimada que faria parte de uma exposição
em várias capitais do país,
sob a alegação de que isso iria
prejudicar a imagem da região.
O Greenpeace transportava,
com autorização do Ibama, uma
tora de castanheira que tombou como resultado
de uma queimada criminosa feita este ano em
terras públicas da União. “Fomos
impedidos de sair do Pará com uma castanheira
autorizada legalmente, enquanto o fluxo de
toras extraídas de forma ilegal e predatória
ainda acontece para fora do estado rumo ao
sul do país e ao exterior”, diz Márcio
Astrini, representante do Programa Cidade
Amiga da Amazônia.
“Esse lamentável
incidente demonstra que a presença
do governo na Amazônia ainda é
frágil. Os novos sistemas de controle
ainda não garantem a procedência
legal da madeira, obrigando que as prefeituras
que consomem madeira em outras regiões
do país tomem medidas para evitar que
suas cidades sejam cúmplices da devastação”,
complementa Astrini.
Quem passou em frente à
prefeitura esta tarde também teve a
oportunidade de manifestar sua indignação
e exigir do governo federal, por meio de um
abaixo-assinado, o fim do desmatamento da
Amazônia. Dois painéis gigantes
de imagens da queima de florestas e de impactos
das mudanças climáticas sobre
a agricultura sulista foram exibidos pelos
voluntários do Greenpeace.
A atividade é parte
da exposição ‘Aquecimento global:
apague essa idéia’, que a organização
realiza nas próximas semanas também
em Manaus, Rio de Janeiro, Salvador, São
Paulo e Brasília. O objetivo da mostra
é levar aos moradores de grandes centros
urbanos do país a realidade do desmatamento
da Amazônia e seus impactos diretos
no clima das demais regiões do Brasil.
Na segunda-feira, o Greenpeace solicitou nova
autorização ao Ibama para transporte
da tora, que deveria ser exposta nas capitais
paulista, fluminense e no Distrito Federal.