1 de Novembro de 2007 -
Leandro Martins - Repórter da Rádio
Nacional da Amazônia - Brasília
- Uma ação da Polícia
Federal para prender os garimpeiros que atuam
ilegalmente na Terra Indígena de Roosevelt,
em Rondônia, está sendo analisada
pelo governo. A informação
é do chefe da coordenação
de operações especiais de fronteira
da Polícia Federal de Rondônia,
Mauro Spósito.
O objetivo da operação
é impedir a extração
de diamantes e evitar novos conflitos entre
indígenas e garimpeiros, como o que
ocorreu no dia 7 de abril de 2004, quando
29 garimpeiros foram assassinados por índios
Cinta Larga.
De acordo com o Spósito,
a Polícia Federal apresentou a situação
do local ao Ministério da Justiça,
que está analisando a questão.
O delegado informou que a decisão de
invadir a área indígena para
a retirada de garimpeiros depende de uma autorização
do governo federal. "A polícia
apenas cumprirá a determinação."
A disputa entre indígenas
e garimpeiros começou há oito
anos, quando foi descoberta na região
uma das maiores jazidas de diamante do mundo,
com capacidade de renda de R$ 500 milhões
por ano. A Constituição proíbe
o garimpo em terras indígenas.
Para o delegado Spósito,
a causa da tensão na área é
o retorno da garimpagem clandestina, agora
com a permissão dos indígenas.
"Desde 2004, foi criado
um grupo operacional, por determinação
do presidente da República, para paralisar
as atividades de garimpagem nas terras indígenas
dos Cinta Larga. Nós conseguimos um
relativo êxito nos primeiros anos, mas
agora o que a gente verifica é que
o garimpo retomou força, principalmente
porque os indígenas estão recolhendo
os garimpeiros para trabalhar lá dentro
da área", afirmou.
O líder da reserva
Roosevelt, Marcelo Cinta Larga, diz que o
dinheiro que será gasto na ação
da Polícia Federal poderia ser aplicado
em melhorias para a população
indígena local. Ele não vê
motivo para uma ação armada
e teme o uso de violência na comunidade:
"Sessenta ou oitenta
pessoas se encontram lá dentro. Não
é necessário usar fuzis, bombas
para poder retirar. É só dizer
que vai embora, comunidade dizer que vai embora,
os invasores que estão lá vão
embora. Não quero que o governo gaste
milhões de reais para dizer que está
fazendo o trabalho", disse o líder.
A reserva Roosevelt ocupa
uma área de 2,7 milhões de hectares
e é localizada entre o sudeste de Rondônia
e o noroeste do Mato Grosso. Na região
vivem 1,3 mil indígenas da etnia Cinta
Larga.
+ Mais
Funasa anuncia fim do seqüestro
de funcionários no Parque Nacional
do Xingu
Gilberto Costa - Repórter
da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - O assessor especial de
Saúde Indígena da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), Flávio
Nunes, informou hoje (31) que já foram
libertadas as 11 pessoas, entre funcionários
da Fundação e prestadores de
serviços, que há nove dias estavam
retidos por índios da aldeia Pavuru,
no Parque Nacional do Xingu, próximo
à divisa dos estados do Mato Grosso
e do Pará, sem acesso a barco ou avião
para deixar o local.
O incidente teria ocorrido
por causa da exoneração de Jamir
Alves Ferreira da chefia do Distrito Sanitário
Especial Indígena local.
Esta é a segunda
vez em que a Funasa anuncia a libertação
dos reféns. Na última sexta-feira
(26), o diretor de Saúde Indígena
da Funasa, Wanderley Guenka, em entrevista
ao vivo à segunda edição
do Jornal da Amazônia, da Rádio
Nacional da Amazônia, garantiu que o
problema havia sido resolvido com a recondução
de Jamir Ferreira à chefia do Distrito
Sanitário.
"Já está
resolvido. Já contatamos o pessoal,
os indígenas que estão lá
no Parque do Xingu, já tranqüilizamos,
já informamos a eles o retorno de Jamir
Alves Ferreira como chefe do Distrito Sanitário
Especial Indígena do Xingu. Então
está tudo sob controle. As pessoas
já foram liberadas e as lideranças
estão tranqüilas com essa decisão",
disse Guenka.
Para Gecinaldo Satere Mawe,
da Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira
(Coiab), o problema é "reflexo
da desestruturação e falta de
recursos públicos da saúde"
e poderá ser agravado.
Ele defendeu os seqüestros
das equipes da Funasa: "Apoiamos inteiramente,
como uma forma de defesa dos direitos, uma
forma de expressar, ou talvez uma última
forma de expressar a real calamidade por que
passa a saúde indígena. Nós
defendemos, sim, mas não defendemos
a violência. Em nenhum momento ocorreu
violência, mas uma forma de chamar atenção
do governo brasileiro e da sociedade brasileira
para o que está acontecendo com a saúde
e os recursos da saúde indígena".
Na avaliação
de Flávio Nunes, o seqüestro é
uma forma de protesto que ocorre em função
da pequena participação dos
indígenas em conselhos de controle
social, como os conselhos estaduais de saúde:
"Essa é a forma encontrada de
manifestar".
Flávio Nunes também
enfatizou que não houve violência,
mas não soube informar quantos seqüestros
de equipes da Funasa já ocorreram neste
ano, nem se o seqüestro também
foi feito em protesto à Portaria 2.656,
publicada no dia 17 de outubro. Esta portaria
regulamenta a descentralização
do repasse de recursos de saúde indígena
aos municípios.