Vista aérea mostra
terra arrasada depois
que queimadas destruíram a floresta
na Indonésia para abrir espaço
para plantação de dendê
(palma), a ser usado como biocombustível.
Estocolmo, Suécia
— Assim a empresa evita a destruição
de extensas áreas de floresta nativa
em países como a Indonésia.
A iniciativa também serve de alerta
para o Brasil, que tem planos ambiciosos para
os biocombustíveis.
A empresa petrolífera
sueca OKQ8 anunciou nesta quarta-feira que
vai abandonar seus planos de usar óleo
de palma em seu biodiesel Eco20, evitando
assim a destruição de florestas
nativas em países como a Indonésia.
A decisão acontece pouco depois da
longa campanha feita pelo Greenpeace e outros
grupos ambientalistas contra a produção
de óleo de palma, que promove o desmatamento
por queimadas para abrir espaço para
imensas plantações.
Este é um aviso para
o governo brasileiro de que o mercado global
pode se fechar para o etanol proveniente de
plantações não sustentáveis
e que provoquem o desmatamento da Amazônia.
A empresa OKQ8 foi a primeira
petrolífera da Europa a planejar o
lançamento de um biodiesel a base de
óleo de palma. Antes de tomar a decisão
de abandonar o projeto, ativistas do Greenpeace
passaram dois dias no QG da OKQ8, estendendo
um banner de 70 metros quadrados com a imagem
de um orangotango na mira de uma bomba de
gasolina, para mostrar a verdadeira face do
óleo de palma.
“É inaceitável
a conversão de florestas ou ecossistemas
intactos para a produção de
etanol ou biodiesel, bem como colocar em risco
a produção de alimentos para
a geração de combustíveis”,
afirmou Rebeca Lerer, coordenadora da campanha
de energia do Greenpeace Brasil.
Nas duas últimas
semanas o Greenpeace produziu vários
documentos que mostravam a destruição
das florestas na Indonésia para plantação
de óleo de dendê. Além
disso, uma equipe da ONG e habitantes da vila
de Kuala Cenaku construíram dois diques
para represar canais que drenavam terras alagáveis
destinadas a grandes plantações
de dendê.
As ações aconteceram
a um mês do início da próxima
rodada de negociações globais
do clima, que acontecem em Bali, na Indonésia.
O desmatamento é responsável
por cerca de 1/5 das emissões globais
de gases de efeito estufa. Na Indonésia,
as altas taxas de conversão de florestas
em plantações de óleo
de dendê fazem do país um dos
maiores emissores mundiais de CO2.
No Brasil, o desmatamento
da Amazônia é o responsável
por 75% de nossas emissões e nos coloca
em quarto lugar entre os maiores emissores.
A crescente demanda por etanol pode transformar
as plantações de cana em mais
um vetor de desmatamento na região.
“Seria no mínimo
estúpido tentar reduzir nossas emissões
aumentando o uso de etanol e, para isso, destruir
a Amazônia, provocando mais emissões
ainda. Precisamos de uma regulamentação
para a indústria de biocombustíveis
garantindo parâmetros de sustentabilidade
sócio-ambiental neste momento de grande
expansão da produção
e da demanda”, concluiu Rebeca.