"A boa ciência
deve servir para ser aplicada”, disse o secretário
do Meio Ambiente, Xico Graziano, em sua palestra
sobre “Gestão Ambiental”,
nesta segunda-feira (29/10), no 58º Congresso
Nacional de Botânica, enfatizando a
diretriz de um dos 21 projetos prioritários
do Governo do Estado que trata da pesquisa
científica. Graziano participou da
sessão inaugural do encontro, que se
estende até a próxima sexta-feira
(2/11), no Centro de Exposições
Imigrantes, na Rodovia dos Imigrantes, km
1,5 na região Sul da Capital.
Prosseguindo, o secretário lembrou
que “um desses projetos é o de pesquisa
ambiental, em que a ciência deve ser
um componente com valor permanente, embora
fique sujeita às prioridades estabelecidas
pelos governos de plantão”. E concluiu:
“O fundamental é a boa pesquisa que
respalda a ciência”.
Ao reportar-se às
origens do ambientalismo, como manifestação
de teses radicais, Graziano esclareceu a diferença
entre discurso ambiental e ações
efetivas. “Conhecendo e analisando a história
do movimento ambientalista brasileiro, defini
que a minha prioridade seria a gestão
ambiental, para transformar o discurso em
ações efetivas, avaliando-as
criteriosamente como se avalia a política
pública”, disse. Lembrou que no Estado
de São Paulo existem 100 unidades de
conservação, os quais classificou
como “parques de papel”, pois “muitos deles
não têm plano de manejo, demarcação
ou bloqueios para proteger a fauna”.
No entender de Graziano,
é importante estabelecer prioridade
e integração. “Se você
tiver prioridades vai conseguir fazer gestão
ambiental, este é o tema de minhas
reflexões há muito tempo”, disse
ao estabelecer um paralelo entre pesquisa
e paradigma, ressaltando que a primeira é
dinâmica, enquanto a outra dificilmente
muda.
Segundo o secretário,
as pesquisas convencionais ajudam a sedimentar
o conhecimento científico. “Faz-se
necessário rompermos essa dinâmica
conservadora”, salientou, sugerindo que cabe
aos jovens fazer a ciência evoluir.
“No processo de gestão ambiental, temos
que por em prática a capacidade de
descobrir o valor do outro e encontrar mecanismos
para estabelecer a integração,
sem esquecer a contribuição
daqueles que não estão no setor
público”, finalizou.
A diretora do Instituto
de Botânica, Vera Bononi, em sua palestra
sobre “Fungos e Vegetais”, discorreu sobre
a relação desses organismos.
“Os fungos são desagregadores de matéria
orgânica e têm papel muito importante
na reciclagem dos nutrientes do planeta, requisito
básico para o desenvolvimento sustentável.
Eles absorvem os nutrientes de restos vegetais
para o seu crescimento e reprodução,
produzem gás carbônico e liberam
minerais no ambiente. Têm, assim, um
papel essencial evitando a acumulação
contínua de restos orgânicos
e participando ativamente do ciclo de carbono
na natureza”, explicou.
Segundo Bononi, pode-se
citar ainda numerosas interações
entre fungos e vegetais que são exploradas
economicamente pelo homem. “Os fungos são
responsáveis pela produção
de algumas substâncias que o homem utiliza
na fabricação de remédios,
defensivos agrícolas e outros produtos”,
disse.
O Congresso promovido
pela Sociedade Botânica do Brasil e
organizado pelo Instituto de Botânica,
órgão da Secretaria do Meio
Ambiente do Estado, está reunindo mais
de três mil pesquisadores, professores
e estudantes que irão assistir a 30
conferências e participar de 52 simpósios,
22 minicursos e mais de 10 reuniões
satélites.
Texto: Wanda Carrilho
Foto: Zé Jorge