13/11/2007 - Adriano Ceolin
- Debaixo da sombra de uma samaúma
(a árvore chamada de "rainha da
floresta"), a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, e o secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, reforçaram o compromisso
de lutar juntos pela defesa da Amazônia.
Nesta terça-feira (13), os dois participaram
de uma visita à ilha Combu, em Belém
(PA), que abriga mil famílias que vivem
do extrativismo sustentável.
A ministra enalteceu a importância
da ida do secretário-geral à
Amazônia. "As populações
locais estão aqui para reconhecer a
grande contribuição política
que o senhor está dando", disse
a ministra. Depois de agradecer as ações
do governo brasileiro, Ki-moon afirmou: "como
secretário das Nações
Unidas, eu posso assegurar o nosso forte comprometimento
de trabalhar com vocês".
Além das comitivas
da ministra e do secretário-geral,
participaram da visita a governadora do Pará
e representantes de comunidades de povos tradicionais
da Amazônia. Atanagildo Matos, do Conselho
Nacional de Seringueiros, e Marcos Apurinã,
da Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia (Coiab),
também ressaltaram a importância
do apoio do secretário-geral na defesa
da floresta Amazônia.
Referindo-se aos indígenas
e ribeirinhos, Ki-moon afirmou que são
eles "os pioneiros na preservação
da floresta". Ele aproveitou ainda a
oportunidade para citar parte da conversa
que teve com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, na segunda-feira (12), em Brasília.
"Eu fiquei muito encorajado ao conversar
com o presidente Lula sobre o seu forte compromisso
em não usar essas terras (da Amazônia)
para a produção de alimentos",
afirmou o secretário.
Ainda debaixo da samaúma,
Marina Silva lembrou as três propostas
feitas ao secretário-geral na reunião
de trabalho realizada na segunda-feira (12):
a criação de um regime internacional
de acesso que assegure o pagamento às
comunidades tradicionais pelo uso dos componentes
da biodiversidade; incentivos aos países
que combatem o desmatamento e evitam emissões
de CO2; e apoio à agenda de governança
ambiental para criar mecanismos de transferência
de tecnologias e recursos, a fim de unir os
conhecimentos científicos e das populações
tradicionais.
Antes da visita à
ilha de Combu, a ministra e o secretário-geral
estiveram no Museu Paraense Emílio
Goeldi, instituição fundada
em 1866 para desenvolver estudos e pesquisas
sobre a floresta amazônica. No local,
há uma grande variedade de espécies
vegetais e animais. Marina e Ki-moon plantaram
uma muda de dendê-do-pará e outra
de copaíba.
As comitivas seguiram para
a ilha Combu de barco, navegando pelas águas
da baía de Guajará. De um lado
da margem, avistavam a Belém urbana,
com seus prédios e casas. Do outro,
observavam a Belém insular, que mantém
praticamente intacta a vegetação
nativa da Amazônia, onde reina a samaúma.
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Marina Silva reúne-se
com secretário-geral da ONU em Belém
12/11/2007 - Adriano Ceolin
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
reuniram-se nesta segunda-feira (12), em Belém
(PA). Realizado em um hotel na capital paraense,
o encontro serviu para que a ministra apresentasse
os esforços feitos pelo governo brasileiro
para reduzir o desmatamento na Amazônia.
A ministra também conversou com o dirigente
da ONU sobre propostas defendidas pelo Brasil
consideradas importantes, como o regime internacional
para acesso e repartição de
benefício no âmbito da Convenção
da Biodiversidade, incentivos positivos para
países que conseguirem reduzir emissões
de CO2, em função da diminuição
do desmatamento, e a agenda de governança
ambiental global.
Marina Silva explicou para
Ki-moon que, entre 2005 e 2006, houve uma
queda na taxa acumulada de desmatamento na
região amazônica em 50%. Segundo
ela, o desafio do governo brasileiro é
dar continuidade a esse trabalho, promovendo
e incentivando a mudança no modelo
de desenvolvimento. "Conseguimos uma
redução líquida e certa
de 50%. Para 2007, temos uma previsão
de mais 30%", disse.
A ministra pediu apoio político do
secretário para a viabilização
da proposta brasileira que trata sobre incentivos
positivos para países que apresentem
redução de emissão de
CO2 provenientes do desmatamento. Pela proposta,
apresentada no ano passado, na Conferência
das Partes da Convenção sobre
Mudanças Climáticas (COP-12),
em Nairóbi, no Quênia, deverá
ser criado um fundo, financiado voluntariamente
por países ricos, para beneficiar os
países em desenvolvimento que reduzirem,
também de modo voluntário, seus
índices de desmatamento de acordo com
referências históricas pré-estabelecidas.
De acordo com a ministra, o Brasil, nos últimos
três anos, reduziu meio bilhão
de toneladas de CO2, o que representa mais
de 20 % de tudo que teria de ser reduzido
pelos países ricos.
Quanto ao regime internacional
de acesso, a ministra solicitou ajuda do secretário
para viabilizar a partilha justa e eqüitativa
de benefício pelo uso dos componentes
da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais
associados. Marina Silva justificou que uma
grande quantidade de países utiliza
esses recursos, enquanto os países
megadiversos, como o Brasil, não recebem
o benefício econômico e social.
Marina Silva salientou para
Ki-moon a importância de uma governança
ambiental global para viabilização
e implementação dos acordos
internacionais. Ela informou ao secretário
que há muitos tratados já estabelecidos
no âmbito das Nações Unidas,
como as Convenções do Clima,
de Biodiversidade, de Desertificação,
mas com baixa implementação
no mundo inteiro. Ressaltou a necessidade
de uma agenda nesse sentido que viabilize
não apenas os regulamentos, mas também
os meios, com recursos novos e adicionais,
e transferência de tecnologia. "Com
essas medidas, com certeza, a implementação
desses acordos será viabilizada",
disse.
Para esta terça-feira,
está prevista uma visita do secretário-geral
e da ministra à Ilha Combu, que fica
a 20 minutos de barco de Belém. Cerca
de mil famílias habitam o local onde
sobrevivem do extrativismo sustentável
de plantas e frutos, sobretudo da coleta do
açaí.