Recado do IPCC - e nosso
também - para
Bali é claro: salvem o clima!
12 de Novembro de 2007 -
Uma grande faixa com a mensagem "Perigo:
Salvem o clima já!" foi colocada
por ativistas do Greenpeace na entrada do
prédio que abrigou a 27a. reunião
do IPCC.
Valência, Espanha — Relatório
do painel da ONU que reuniu cientistas de
todo o mundo em Valência tem que se
tornar prioridade para a agenda da Convenção
do Clima, em dezembro.
Para reforçar a importância
da última reunião do ano do
Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês),
inicada nesta segunda-feira em Valência,
na Espanha, ativistas do Greenpeace estenderam
uma faixa de 400 metros quadrados no local
do evento com a mensagem: "Perigo: salvem
o clima já".
Durante o encontro, os cientistas
do IPCC (recém-premiados com o Prêmio
Nobel da Paz por sua defesa do clima) vão
finalizar seu documento mais importante do
ano – o relatório síntese, que
traz os dados consolidados de todo o conhecimento
científico sobre mudanças climáticas
e deve guiar os tomadores de decisão
nos próximos anos. Em dezembro, representantes
de governos de todo o mundo estarão
reunidos em Bali, na Indonésia, para
discutir uma segunda fase do Protocolo de
Kyoto, com o estabelecimento de compromisso
obrigatório dos países com metas
e limites mais rígidos de emissão
de gases do efeito estufa.
“Este relatório do
IPCC será uma referência sobre
mudanças climáticas para os
tomadores de decisão política”,
diz Stephanie Tunmore do Greenpeace Internacional.
“O Relatório Síntese esboça
o problema, a causa e as soluções,
e ainda fornece diretrizes para ações
urgentes no campo climático a serem
tomadas pelos governos, empresários
e indivíduos”.
“Dentro de três semanas,
negociadores dos governos de todo o mundo
se encontrarão em Bali, Indonésia,
para decidir os próximos passos a serem
tomados na proteção do clima.
A urgência reiterada pela comunidade
científica deve direcionar todas decisões
e tornar as medidas de combate à mudança
climática prioritárias”, afirma
Tunmore.
No caso brasileiro, a principal
questão a ser enfrentada é o
desmatamento da Amazônia, responsável
pela maior parte das emissões brasileiras
de gases do efeito estufa. Os índices
anuais da derrubada da floresta cresceram
muito a partir de 2000 e atingiram um pico
de 27,4 mil quilômetros quadrados entre
2003 e 2004 - o segundo maior da história
brasileira.
Nos três anos seguintes
houve uma queda chegando, em julho de 2007,
a uma estimativa de aproximadamente 10 mil
km2, sendo que no ano de 2006 aproximadamente
14 mil km2 foram desmatados. A derrubada de
árvores diminuiu, mas uma área
equivalente à metade do estado de Sergipe
foi cortada e queimada em apenas um ano. Em
2004 em torno de 30% do desmatamento registrado
era ilegal, esse número subiu para
90% em 2006. No total, cerca de 17% da Amazônia
já foi desmatado, o equivalente a quase
700 mil quilômetros quadrados.
“A mensagem é muito
clara: não temos tempo a perder. Entramos
numa era de responsabilidade e ação.
O Governo brasileiro precisa mudar a retórica
do 'direito de poluir para crescer' e assumir
que, como parte do problema, devemos participar
ativamente na luta contra o aquecimento global.
Devemos assumir o compromisso pelo desmatamento
zero, que garante a conservação
de florestas com o a Amazônica e elimina
nossa maior fonte de emissões”, afirma
Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace.
+ Mais
Parem com a loucura nuclear;
sigam a Revolução Energética!
12 de Novembro de 2007 -
Ativistas do Greenpeace protestam durante
o Congresso Mundial de Energia, que acontece
em Roma, na Itália. O evento reuniu
empresários e representantes de governos
para discutir os rumos energéticos
do mundo.
Roma, Itália — Ativistas
do Greenpeace surpreendem participantes de
Congresso Mundial de Energia, em Roma, exigindo
maior atenção às fontes
renováveis, única solução
sustentável e viável para se
enfrentar as mudanças climáticas.
O palco não poderia
ser melhor: a inauguração de
um congresso internacional sobre energia em
Roma que acontece de três em três
anos e reúne empresários e representantes
de governos. Na pauta do evento iniciado nesta
segunda-feira a adequação da
matriz energética mundial, mudanças
climáticas e energia nuclear. Eis que,
de repente, ativistas do Greenpeace descem
do teto estendendo uma grande faixa com a
mensagem: “Cessem a loucura nuclear – Revolução
Energética Já!“
A seleta platéia
fotografou, riu, zangou-se, surpreendeu-se,
aplaudiu. Que parem também para pensar
e vejam que a energia nuclear não é
a solução para combater o aquecimento
global e as mudanças climáticas.
O Conselho Mundial de Energia,
que organiza o congresso, publicou um guia
prático de energia para ser distribuído
aos participantes do evento, em que diz que
as emissões de gases do efeito estufa
continuarão aumentando até 2030
e só então começarão
a cair.
Para o Greenpeace, o guia
está equivocado em dois pontos fundamentais:
não exige a redução drástica
de emissões de gases do efeito estufa
no prazo necessário e considera a expansão
do uso da energia nuclear. Guia por guia,
o nosso [R]evolução Energética,
lançado em janeiro de 2007, é
bem mais realista e sustentável. Nele
detalhamos como mudar drasticamente a matriz
energética mundial global, eliminando
gradualmente a energia nuclear e os combustíveis
fósseis para investir em fontes renováveis
e programas de eficiência energética
até 2050 – reduzindo as emissões
de gases do efeito estufa em 50% até
lá.
Por ser muito cara, a energia
nuclear prejudica as soluções
energéticas sustentáveis, desviando
investimentos em fontes renováveis
e em eficiência energética. O
Greenpeace propõe a eliminação
global do uso de energia nuclear devido aos
seus altos cusos, longo período necessário
para a construção de novas usinas
e pelos graves impactos ambientais e sociais
que provocam, principalmente o acúmulo
de lixo radioativo e os riscos de proliferação
de armas nucleares.
“Nos resta menos de uma
década para começarmos a reduzir
as emissões de gases do efeito estufa
e evitar os piores impactos das mudanças
climáticas. Agora é o momento
para uma revolução energética,
não do sonho falido da energia nuclear“,
afirma Jan Berank, coordenador da campanha
de nuclear do Greenpeace.
GOVERNO FOGE DO DEBATE -
DE NOVO
O cenário brasileiro
do relatório [R]evolução
Energética foi apresentado no último
dia 8 de novembro no evento “Produção
Sustentável de Energia Elétrica
no Brasil“, promovido no Senado em Brasília
pela Comissão Mista Especial de Mudanças
Climáticas e a Frente Parlamentar Ambientalista,
com apoio do WWF-Brasil.
Apesar da importância
do tema em discussão, representantes
da Empresa de Pesquisas Energéticas
(EPE) e do Ministério de Minas e Energia
não compareceram ao evento, apesar
de estarem inscritos.
Segundo Ricardo Baitelo
da campanha de energia do Greenpeace, “a ausência
de representantes do MME e da EPE é
lamentável, especialmente neste momento
de crise energética decorrente da falta
de planejamento do governo”.