Panorama
 
 
 

PROTESTO EM ABROLHOS PEDE SOCORRO PARA UCS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2007

Manifestação alerta para a necessidade de criação de outras unidades de conservação que se encontram paralisadas na Casa Civil
Salvador, 26 de novembro de 2007 — Ambientalistas se reuniram no último sábado (10) para realizar uma manifestação no arquipélago de Abrolhos, no extremo sul da Bahia. O objetivo foi chamar a atenção das autoridades do governo estadual e, sobretudo, federal, para a situação precária em que se encontram as áreas protegidas da região, bem como alertar para a necessidade de criação de outras unidades de conservação que se encontram paralisadas na Casa Civil.

O primeiro manifesto ocorreu na Ilha de Santa Bárbara, com a extensão de uma grande faixa, amparada por botes infláveis, com a inscrição: “Lula e Wagner, ABRam os OLHOS”. Em seguida, mergulhadores abriram faixas sob a água com as inscrições: “Lula, a criação da Resex Cassurubá só depende de você”; “Lula, resgate a proteção do parque de Abrolhos”; “os manguezais são berçários dessa vida marinha”. O manifesto foi organizado pela Coalizão SOS Abrolhos, uma rede formada por organizações socioambientais e universidades.

A região de Abrolhos passa por uma crise sem precedentes. O Parque Nacional Marinho (PARNAM) de Abrolhos passa por problemas estruturais e seu entorno está desprotegido pela derrubada de sua zona de amortecimento (ZA). Além disso, os manguezais da região - berçários das espécies que vivem nos recifes de Abrolhos - estão vulneráveis a atividades impactantes, como a carcinicultura (criação de camarões), devido à paralisação do processo de criação da Reserva Extrativista (RESEX) do Cassurubá.

Segundo Guilherme Dutra, diretor do Programa Marinho da ONG Conservação Internacional, “a proteção da biodiversidade e a gestão dos recursos pesqueiros de Abrolhos só serão possíveis se o governo garantir que áreas como os recifes de corais e os manguezais estejam realmente resguardados. O funcionamento do PARNAM e a criação da RESEX são passos essenciais para isso”.

A Crise em Abrolhos – A administração do PARNAM enfrenta sérias dificuldades para manter a unidade em funcionamento. Segundo Marcello Lourenço, chefe do Parque, faltam recursos humanos e financeiros para a sua manutenção. “O parque conta hoje com apenas três servidores, sua principal embarcação encontra-se fora de operação há um ano e meio, e os recursos de uma compensação ambiental utilizados para a contratação dos guarda-parque estão finalizando”, explica.

Essa situação prejudica, dentre outras atividades, as operações de fiscalização, sendo freqüentes as queixas de pesca irregular no interior e entorno do Parque de Abrolhos. “Ambientes valiosíssimos do ponto de vista biológico e social estão sob ameaça. A recepção dos visitantes no Arquipélago dos Abrolhos – principal destino dos turistas que visitam a região – também está seriamente ameaçada, e se tornará inviável caso novos recursos não sejam disponibilizados pelo Governo Federal”, complementa Eduardo Camargo, coordenador regional do Instituto Baleia Jubarte.

A situação do Parque foi agravada com a suspensão da sua zona de amortecimento pela justiça federal, em junho. Desde então, a unidade perdeu sua zona de proteção, ficando vulnerável a atividades potencialmente causadoras de impacto ambiental. A decisão foi motivada por ações das prefeituras de Nova Viçosa (BA) e de Caravelas (BA) e questiona apenas o instrumento legal que criou a zona de amortecimento – Portaria do IBAMA – concluindo que o instrumento jurídico adequado seria um Decreto Presidencial ou uma Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

“Não há questionamentos sobre o mérito técnico da zona de amortecimento nem sobre seus limites”, explica Mario Mantovani, diretor de relações institucionais da Fundação SOS Mata Atlântica. “A expectativa de todos nós é que o governo federal se posicione e re-institua a ZA de Abrolhos através de um instrumento legal cabível, pois o fundamental é garantir a proteção da região”, complementa.

UCs na fila de espera - Além da crise financeira do Parque e da queda da ZA, os manifestantes alertaram para a necessidade da Reserva Extrativista do Cassurubá, que permanece sem ser decretada, mesmo após a finalização das etapas necessárias a seu estabelecimento.

A terceira e última consulta pública para a criação da reserva aconteceu em Caravelas no dia 20 de maio deste ano, e contou com a participação de cerca de 400 pessoas. Diante das manifestações favoráveis de pescadores, extrativistas e ribeirinhos, as autoridades governamentais garantiram para breve o estabelecimento RESEX. Desde então, o processo de criação da unidade encontra-se “estacionado” na Casa Civil.

As comunidades tradicionais mostraram-se especialmente preocupadas com essa situação. Na manhã de ontem (11), pescadores e marisqueiros também se reuniram na localidade de Tapera, em Caravelas. Na ocasião, eles reforçaram a importância da Resex e discutiram formas de sensibilizar o presidente Lula e o governador da Bahia, Jacques Wagner quanto à necessidade de criação imediata da unidade. Representantes dessas comunidades vêm pleiteando a oportunidade de dialogar com o governador, mas ainda não foram atendidos. Há mais de dois anos as populações tradicionais locais pleiteiam a Reserva, a fim de afastar ameaças como a ação de catadores de caranguejo vindos de outras regiões, a especulação imobiliária e a carcinicultura.

Os processos de criação de inúmeras outras unidades de conservação (UCs) no Brasil também estão paralisados. Tal como a Resex do Cassurubá, estas unidades já cumpriram as etapas formais para o seu estabelecimento, e a única pendência é o decreto. Na Bahia, além do Cassurubá, estão pendentes a criação do Refúgio de Vida Silvestre de Una; do Refúgio de Vida Silvestre do Rio do Frade; do Monumento Natural de Pancada Grande; da Área de Proteção Ambiental do Alto Cariri e do Refúgio de Vida Silvestre de Boa Nova, bem como a ampliação do Parque Nacional do Pau Brasil, do Parque Nacional do Descobrimento e da Reserva Biológica de Una.

Informações Complementares:

Abrolhos - Com cerca de 56.000 km2 na costa sul da Bahia, a região dos Abrolhos compreende um mosaico de ambientes marinhos e costeiros margeados por remanescentes de Mata Atlântica, incluindo recifes de coral, fundos de algas, manguezais, praias e restingas.

Lá podem ser encontradas várias espécies endêmicas (que só existem na região), incluindo o coral-cérebro, crustáceos e moluscos, além de tartarugas e mamíferos marinhos ameaçados, como as baleias jubarte.

Abrolhos concentra a maior biodiversidade em todo o oceano Atlântico Sul é considerada área de Extrema Importância Biológica pelo governo brasileiro, com base em estudos do Ministério do Meio Ambiente.

O primeiro Parque Nacional Marinho do Brasil foi criado justamente nessa região, em 1983, ao largo das ilhas que compõem o Arquipélago dos Abrolhos, onde se encontram algumas das mais importantes colônias de aves marinhas do país.

Zona de Amortecimento de Abrolhos - A ZA foi estabelecida em 18 de maio de 2006, para garantir a proteção dos ecossistemas de Abrolhos, essenciais ao turismo ecológico e à pesca artesanal, que garantem o sustento de aproximadamente 100 mil pessoas. A medida prevê restrições a empreendimentos e ações que possam causar prejuízos ao meio ambiente no entorno do parque, como a exploração de petróleo e gás natural.

Os limites da zona foram estabelecidos após anos de pesquisas e trabalhos técnicos de modelagem da dispersão de óleo em cenários de derramamento, simulados em função dos ventos e correntes predominantes na região. Outros fatores também foram considerados, como a interdependência entre ecossistemas, razão pela qual a ZA abrange os manguezais da região, considerados berçários da vida marinha do Parque. A partir de 2004, os limites da ZA foram debatidos com representantes dos governos federal, estadual e municipais, colônias de pesca, setor de turismo, organizações não-governamentais e pesquisadores, no Conselho Consultivo do Parque Nacional.

A Coalizão SOS Abrolhos é uma rede de organizações do Terceiro Setor mobilizadas para proteger a região com a maior biodiversidade marinha registrada no Atlântico Sul. A Coalizão SOS Abrolhos surgiu em 2003, ano em que conquistou uma vitória inédita para a conservação, ao impedir a exploração de petróleo e gás natural naquela área. A Coalizão é atualmente formada pela Rede de ONGs da Mata Atlântica; Fundação SOS Mata Atlântica; Conservação Internacional (CI-Brasil); Instituto Terramar; Grupo Ambientalista da Bahia – Gambá; Instituto Baleia Jubarte; Environmental Justice Foundation – EJF; Patrulha Ecológica; Associação de Estudos Costeiros e Marinhos de Abrolhos - ECOMAR; Núcleo de Estudos em Manguezais da UERJ; Movimento Cultural Arte Manha; Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Teixeira de Freitas; Mangrove Action Project – MAP; Coalizão Internacional da Vida Silvestre - IWC/BRASIL; Aquasis – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos; Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro; Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia – CEPEDES; PANGEA - Centro de Estudos Sócio Ambientais; Instituto BiomaBrasil; Associação Flora Brasil e Greenpeace.

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Parque Nacional da Amazônia inaugura estrutura para visitantes

Poder público, ONG e empresa unem competências e investem em projetos de implementação de infra-estrutura em unidade de conservação na região amazônica
Belém, 28 de novembro de 2007 — No próximo dia 30 de novembro, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), em parceria com a organização não-governamental Conservação Internacional (CI-Brasil), a empresa Alcoa Alumínio S.A. e a Fundação Alcoa, inauguram as estruturas para visitação no Parque Nacional (Parna) da Amazônia, em Itaituba, sudoeste do Pará. Este é o resultado das ações executadas pelo MMA, no âmbito do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (Proecotur), e de uma parceria entre CI-Brasil e Alcoa, que começou em 2004 e foi ampliada em junho deste ano, por meio do “Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da Amazônia”. Entre as ações do Proecotur que visam à estruturação do Parna da Amazônia, além da Trilha Interpretativa recém implantada, estão a elaboração da Estratégia de Uso Público para o parque, projeto que se encontra em andamento, e a realização de um curso de capacitação de monitores ambientais locais, com foco em ecoturismo, que preparará as pessoas interessadas das comunidades do entorno para o acompanhamento dos visitantes dentro e fora da UC.

De acordo com o secretário Egon Krakhecke, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, onde está vinculado o Proecotur, “...essas iniciativas visam criar as condições necessárias para que o Parque possa cumprir sua função como vetor para a promoção do ecoturismo e como alternativa econômica para o desenvolvimento sustentável local. Além disso, o Parna da Amazônia está inserido no Programa de Promoção da Visitação dos Parques Nacionais, desenvolvido em parceria que integra ICMBIO, MMA, Ministério do Turismo e Embratur”.

Em três anos, o apoio ao Parque Nacional da Amazônia reuniu um investimento de 540 mil reais, destinados a um amplo programa que envolveu ações de levantamento da fauna e flora no parque, inventários biológicos, visando a atualização do plano de manejo, reestruturação do conselho consultivo e equipamentos de geoprocessamento. No escopo da parceria CI-Alcoa, o apoio ao Parna da Amazônia envolveu ações de comunicação e educação ambiental para promover a aproximação da população local com o Parque, com atividades de capacitação, produção de material didático enfocado na biodiversidade da unidade e mobilização de lideranças comunitárias, educadores, comunicadores, gestores públicos e outros atores locais.

Essa iniciativa resultou na criação da Associação dos Amigos do Parque Nacional da Amazônia (Amiparna), que pretende dar continuidade ao relacionamento entre a unidade e as comunidades vizinhas, bem como identificar e viabilizar alternativas econômicas sustentáveis para a população. Maria Lúcia dos Santos, presidente da Amiparna, afirma que os resultados das ações realizadas pelas instituições envolvidas são de extrema importância e muito positivos. “Hoje a população local conhece o parque e o comprometimento da sociedade está cada vez maior com ele. O próximo passo da associação é trabalhar para formalizar novas parcerias visando realizar as outras ações prioritárias existentes no planejamento participativo realizado”, explica Maria Lúcia.

Novas estruturas

O Parna da Amazônia, criado em 1974, foi o primeiro parque nacional criado na Amazônia, na época da abertura da Transamazônica, principal acesso ao local. A primeira área de proteção integral instituída na região possui 1.161.864 ha e está localizada às margens do rio Tapajós. O Mirante e a Trilha Interpretativa do Rio Tapajós representam o início da estruturação da visitação no Parque, que contará, em um futuro próximo, com um Centro de Visitantes, outras trilhas estruturadas e uma série de atividades que serão disponibilizadas aos visitantes.

A Trilha Interpretativa do Rio Tapajós tem 2.600 metros de extensão, conta com uma série de placas contendo textos de interpretação do ambiente natural, além de sinalização e equipamentos espalhados pelo trajeto (degraus, bancos, deques e passarelas), que têm o objetivo de minimizar os impactos à trilha e dar maior segurança ao visitante. A trilha é auto-guiada (pode ser percorrida sem a necessidade de um guia), mas um grupo de moradores locais participou de palestras, sobre o Parque, ministradas pela Amiparna para atuar nos casos de visitas monitoradas, como por exemplo, para o acompanhamento de grupos escolares. Além disso, esta previsto um curso de capacitação através do MMA.

O Mirante foi construído em uma área de 62 metros quadrados, com vista privilegiada para o rio Tapajós, e conta com dois sanitários e espaço para pequenos eventos.

“Estamos criando uma estrutura voltada principalmente a atender a população de Itaituba, para que ela possa conhecer, desfrutar e valorizar o parque”, explica o chefe da unidade, Márcio Ferla. O Parque é uma das áreas protegidas mais ricas em espécies de aves do mundo, sendo bastante visitada por turistas estrangeiros que têm o hobby de observar pássaros. Entre a diversidade de animais presentes na região Tapajós-Madeira, há espécies endêmicas – que são encontradas somente naquela região – tais como a mãe-de-taoca-arlequim (Rhegmathorina berlepschi), uma bonita ave encontrada em sub-bosques da floresta e que segue marchas de formigas-de-correição, e dois pequenos primatas conhecidos como sagüi-de-santarém (Mico humeralifer) e sagüi-de-maués (Mico mauesi). Além disso, há registros comprovados de populações de espécies ameaçadas de extinção, tal como a ararajuba (Guarouba guarouba), que depende de extensas florestas para a sua sobrevivência.

Mais incentivos

O Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da Amazônia, lançado em 2007, terá a duração de cinco anos e receberá R$ 2 milhões das instituições parceiras. Nesse período, o investimento previsto é de R$ 400 mil anuais, advindos de aportes iguais da Fundação Alcoa e da CI-Brasil. O programa está aberto a contribuições de outras instituições. Pretende-se, até 2012, criar um fundo no valor estimado de R$ 60 milhões para proteger e viabilizar o funcionamento das unidades de conservação na região onde se insere o Parque Nacional da Amazônia.

O Programa será um reforço complementar significativo ao trabalho do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que pretende avançar dos atuais 20 milhões para 30 milhões de hectares de áreas protegidas na região, também nos próximos anos.

José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente da América do Sul da Conservação Internacional, explica que a parceria com a Alcoa não é por acaso. “Sabemos que a companhia valoriza a biodiversidade e trabalha em favor da sustentabilidade. A iniciativa partiu da própria empresa. Com os trabalhos realizados no Parque, percebemos que, se apoiarmos os gestores das unidades de conservação e a população local com informações, capacitação, recursos técnicos e financeiros, é possível mudar comportamentos e, em pouco tempo, criar um movimento positivo em prol da conservação da biodiversidade na região”, explica.

Nilson Souza, vice-presidente de Produtos Primários da Alcoa América Latina, afirma que a parceria com a Conservação Internacional confirma que a empresa procura, ao implantar sua atividade em um dado local, desenvolver um trabalho com as organizações e as pessoas com experiência nessa região. O aprendizado tem que ser feito em conjunto, afirma Souza.

De acordo com o gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais da Alcoa Mina de Juruti, Mauricio Macedo, faz parte dos objetivos da companhia apoiar a valorização do uso sustentável dos recursos naturais. “A implementação efetiva das unidades de conservação que serão beneficiadas pelo Programa de Conservação é um dos maiores legados que podemos deixar para a sociedade amazônica”, afirma.

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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