27/11/2007 - Lucia Leão
- José Carlos dos Reis Meirelles Júnior
foi o vencedor da categoria Liderança
Individual do VI Prêmio Chico Mendes
de Meio Ambiente, edição 2007,
concedido pelo Ministério do Meio Ambiente
em reconhecimento ao trabalho que o indigenista
realiza, há quase vinte anos, junto
às comunidades indígenas
do Acre e que culminará, até
o final de 2008, com a regularização
das áreas indígenas dos Kampa
e povos isolados do Rio Envira, Alto Tarauacá
e Riozinho do Alto Envira.
Os outros vencedores foram
a Associação Ashaninka do Rio
Amônia -Apiwtxa -, do Acre, na categoria
Associação Comunitária;
a Associação de Certificação
Socioparticipativa da Amazônia, também
acreana, premiada na categoria Organização
Não-Governamental; a Ecoban Agroindustrial
Ltda, beneficiadora de castanha-do-brasil
que atua em Alta Floresta (MT), premiada na
categoria Negócios Sustentáveis;
e a OSCIP Associação de Defesa
Etnoambiental Kanindé, de Porto Velho
(RO), premiada na categoria Ciência
e Tecnologia pelas pesquisas sobre o potencial
de recursos naturais em terras indígenas.
O prêmio na categoria Arte e Cultura
foi para os documentaristas John Adrian Cowell,
Vicente Silvério Rios e Stella Oswaldo
Cruz Penido, que registraram em película
os principais momentos da Amazônia desde
1958 - inclusive os três últimos
anos de vida do líder seringueiro Chico
Mendes - e construíram o maior acervo
cinematográfico sobre a natureza e
homem da região, hoje sob a guarda
da Universidade Católica de Goiás.
O anúncio do prêmio
foi feito na manhã desta terça-feira
(27) pelo secretário-executivo do MMA,
João Paulo Capobianco, na abertura
da 88ª reunião plenária
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
"A cada ano esse prêmio ganha mais
importância para o Ministério
do Meio Ambiente porque constatamos que ele
está cumprindo o seu papel de fortalecer
essas pessoas e essas iniciativas." Segundo
o secretário, são lideranças
e trabalhos excepcionais que, quando reconhecidos,
conseguem ampliar seu campo de atuação
e se multiplicar. "É um instrumento
muito forte e eficiente para a política
de desenvolvimento sustentável da Amazônia",
constatou Capobianco, parabenizando os vencedores.
O Ministério do Meio
Ambiente selecionou 18 iniciativas - três
em cada uma das seis categorias - entre mais
de 600 inscrições. Todos os
vencedores serão diplomados na festa
de premiação, dia 5 de dezembro,
com o show do cantor Almir Sater. Os primeiros
colocados receberão ainda prêmio
em dinheiro no valor de R$ 20 mil cada.
Saiba quem são e
o que fazem os 18 laureados com o Prêmio
Chico Mendes:
Categoria Liderança
Individual
1º lugar: José
Carlos dos Reis Meirelles Júnior, Alto
Rio Envira-AC
José Carlos dos Reis Meirelles Júnior
se autodefine paulista de nascimento e acreano
por opção, ingressou na Fundação
Nacional do Índio (Funai) em 1971.
Em 1976 foi convidado por Porfírio
Carvalho para trabalhar no estado do Acre,
onde estava em implantação uma
unidade da Funai. Por discordar da política
indigenista adotada pelo regime militar, foi
demitido da Funai em 1982, sendo recontratado
em 1984.
Em 1988 participou da criação
da nova política da Funai para os povos
indígenas isolados, baseada não
na busca do contato e sim na proteção
com a garantia de seu direito de permanecerem
isolados e com suas terras demarcadas.
Ainda em 1988 mudou-se para as cabeceiras
do Rio Envira onde foi responsável
pela adoção da nova política
de demarcação de terras indígenas
para povos isolados. Até 2008 três
terras estarão regularizadas: Kampa
e Isolados do Rio Envira, Alto Tarauacá
e Riozinho do Alto Envira.
2º lugar: Ivaneide
Bandeira Cardozo, Porto Velho-RO
Nascida em 1959 na cidade de Plácido
de Castro (AC), mudou-se com a família
para Porto Velho (RO) em 1971. Estudou História
na Universidade Federal de Rondônia,
onde participou de atividades culturais. Em
1986, em conjunto com a pintora Rita Queiroz,
idealizou o primeiro movimento artístico
de Rondônia, o Movimento Artístico
e Cultural Rondônia.
Em 1992 fundou a Associação
de Defesa Etnoambiental Kanindé, voltada
para a defesa dos povos indígenas e
do meio ambiente, em especial os Uru-eu-wau-wau,
Gavião, Suruí, Arara e Partintin.
Foi indicada para concorrer ao Prêmio
Chico Mendes por Paulo Afonso dos Santos Júnior.
3º lugar: Elson Martins
da Silveira, Rio Branco (AC)
Nascido no seringal Nova Olinda, no alto do
Rio Iaco, no estado do Acre. Após o
final da Segunda Guerra Mundial mudou-se com
a família para a cidade, tendo estudado
em escolas de Sena Madureira e Rio Branco.
Após o período de estudos em
Belo Horizonte, retornou para a Amazônia
em 1969 como membro da Aliança Libertadora
Nacional (ALN). Foi preso político
em 1971.
O jornalista Elson Martins atuou prioritariamente
nos estados do Acre, Pará e Amapá.
Especialmente no estado do Acre testemunhou
importantes acontecimentos históricos
que culminaram com a organização
dos povos da floresta, organização
de sindicatos rurais, os empates contra o
desmatamento, as discussões para a
criação das reservas extrativistas
e de novos conceitos como "florestania".
Ainda no Acre liderou a equipe que produziu
o jornal "Varadouro", uma das mais
importantes experiências da imprensa
alternativa do país, tornando-se referência
para as organizações populares
de esquerda, como testemunha da história
recente de resistência em defesa da
floresta. Tornou-se amigo de lideranças
acreanas, como Wilson Pinheiro e Chico Mendes,
sendo grande defensor deste na imprensa.
Em 2006 foi consultor e personagem da minissérie
- "Amazônia, de Galvez a Chico
Mendes", produzida e exibida pela TV
Globo
3º lugar: Idalino Nunes
de Assis, Porto de Moz (PA)
Natural do estado de Minas Gerais, Idalino
cresceu no Espírito Santo e foi posteriormente
para São Paulo, onde trabalhou como
metalúrgico. Em 1980 mudou-se para
Porto de Moz, no Pará, onde liderou
movimento contra a pesca predatória
no município, promovida pelas grandes
geleiras que lá se instalaram quando
da implantação da Hidrelétrica
de Tucuruí. Em 1984 os peixes haviam
praticamente desaparecido do rio Xingu, o
que levou a comunidade a reagir de forma organizada
com ações que culminaram na
queima de redes e na retirada dos barcos das
geleiras que ficavam ancorados na beira do
rio. Essa mobilização teve à
frente o Grupo de Lavradores de Porto de Moz,
que posteriormente teve de se confrontar com
outros problemas, desta feita, decorrentes
da extração ilegal de madeira
e da depredação do meio ambiente
patrocinados por grandes empresas madeireiras,
ameaçando a permanência das comunidades
em suas terras, que tinham no extrativismo
sua principal fonte de sobrevivência.
Essa luta durou mais de 20 anos, até
a criação, em 2004, da Reserva
Extrativista Verde para Sempre, na qual foram
demarcadas 10 áreas comunitárias,
algumas com até 13 mil hectares de
floresta. Eleito presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais, em 1996, seu Adelino
é reconhecido e respeitado como liderança
na comunidade fato que lhe custou 60 processos
na Justiça, todos impetrados por empresas
madeireiras e fazendeiros insatisfeitos com
sua atuação e poder de mobilização
junto à comunidade.
Categoria Associação
Comunitária
1º lugar: Associação
Ashaninka do Rio Amônia - Apiwtxa -
Marechal Thaumaturgo (AC)
Fiel às suas tradições
e detentor de sabedoria milenar, o povo indígena
Ashaninka se tornou exemplo de sustentabilidade
social e ambiental para a região amazônica.
Sua história de luta contra o desmatamento
e a exploração predatória
tem seu marco no início da década
de 11000, quando sua terra é brutalmente
invadida pela empresa madeireira Cameli e
Filhos. O impacto dessa invasão motivou
a comunidade a lutar pela garantia de seu
território e a buscar alternativas
de baixo impacto ambiental para a economia
da região, que girava em torno da exploração
predatória da madeira e de outras espécies.
Em 1992, os Ashaninka criaram a associação
indígena Apiwtxa, no âmbito da
Aliança dos Povos da Floresta . Por
meio da associação firmaram
diversas parcerias para a execução
de projetos e ações voltados
para a implementação de atividades
produtivas sustentáveis. Em virtude
do importante papel que desempenha para a
melhoria da qualidade de vida do povo Ashaninka
e preservação de sua cultura,
a associação Apiwtxa foi classificada
em primeiro lugar na categoria Associação
Comunitária.
2º lugar: Associação
dos Pequenos Agrossilvicultores do Projeto
Reca (Reflorestamento Econômico Consorciado
e Adensado) - Nova Califórnia (RO)
Um novo jeito de viver e trabalhar na Amazônia
foi o mote que, na década de 1980,
deu origem ao Projeto Reca. A idéia
foi impulsionada por um grupo de agricultores
originários de várias partes
do Brasil, assentados em uma área de
regularização fundiária
do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra), no antigo
Seringal Santa Clara, na região da
Ponta do Abunã, em Porto Velho (RO).
O projeto objetiva "buscar a melhoria
da qualidade de vida das famílias de
produtores agroflorestais por meio da organização
solidária, do fomento ao desenvolvimento
social, cultural, ambiental e econômico
alternativo".
Educação, formação,
capacitação, conscientização,
preservação do meio ambiente,
questões de gênero, lixo, saúde
e segurança alimentar são temas
tratados no âmbito do projeto, que se
orgulha de receber mais de 1.500 visitas por
ano. Classificado em segundo lugar, na categoria
Associação Comunitária,
o Reca é exemplo de experiência
bem-sucedida, graças, também,
às parcerias consolidadas, ao longo
dos anos, com entidades de peso regional e
nacional como o Instituto Nacional de Pesquisa
da Amazônia (Inpa), Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
dentre outras.
3º lugar: ASIRIK: Associação
do Povo Indígena Rikbaktsa - Noroeste
de Mato Grosso
O combate à exploração
ilegal de madeira e de minérios em
suas terras e a busca de sustentabilidade
econômica, por meio do uso racional
dos recursos naturais, constituem as frentes
de atuação do povo indígena
Rikbaktsa, no noroeste do estado de Mato Grosso.
São 1.500 pessoas que vivem numa área
de 401 mil hectares no Complexo de Terras
Indígenas Erikptasa, Japuíra
e Escondido.
Os primeiros contatos dos Rikbaktasa com não-índios
remontam às missões de pacificação
realizadas por jesuítas e financiadas
por seringalistas entre 1957 e 1962, quando
seus territórios foram ocupados por
diversas frentes pioneiras de extração
da borracha, empresas madeireiras, mineradoras
e agropecuárias. Uma epidemia de gripe
e outras doenças dizimaram 75% da população.
Apesar dessas investidas, a população
preferiu recorrer a outras alternativas de
sobrevivência ao invés de ceder
às atividades degradadoras do meio
ambiente.
Neste processo, a Associação
do Povo Indígena Rikbaktsa desempenha
importante papel, principalmente como mediadora
na articulação de projetos e
na busca de parcerias para a implementação
de atividades produtivas, principalmente o
manejo e a comercialização da
castanha-do-brasil, que vem se tornando referência
na região.
Categoria Organização
Não-Governamental
1º lugar: Associação
de Certificação Socioparticipativa
da Amazônia (ACS/Amazônia), Rio
Branco (AC)
A partir da década de 11000 o estado
do Acre inicia um novo momento na luta pela
emancipação das populações
tradicionais locais, busca por novos modelos
produtivos alternativos que assegurem sua
sustentabilidade socioambiental e econômica.
A Associação de Certificação
Socioparticipativa (ACS) é um dos frutos
desse processo.
Fundada em 2003, a associação
tem como missão desenvolver nas comunidades
da Amazônia um processo de certificação
participativa que garanta a qualidade e a
sustentabilidade dos processos e produtos
produzidos por intermédio do agroextrativismo
da região. O objetivo maior da Associação
é tornar acessível e real a
obtenção de Certificação
de Origem, Socioambiental e Orgânica,
pelas comunidades que vivem na floresta e
a utilizam de forma econômica e ambientalmente
sustentável.
A metodologia desenvolvida pela ACS-Amazônia
subsidia discussões para a consolidação
do Sistema Brasileiro de Agricultura Orgânica
e do Sistema Brasileiro de Comércio
Justo e Economia Solidária.
2º lugar: Associação
de Defesa Etnoambiental - Kanindé,
Porto Velho (RO)
Organização fundada em 1992
por grupo de profissionais que trabalhavam
com o povo indígena Uru-eu-wau-wau
e na defesa do meio ambiente no estado de
Rondônia. Seu corpo técnico é
multidisciplinar e propicia um melhor desenvolvimento
de suas atividades, essencialmente voltadas
para a proteção ambiental e
a garantia do cumprimento dos direitos indígenas.
Tem como missão promover a harmonia
entre o homem e a natureza, participando na
construção de um desenvolvimento
socialmente justo e ambientalmente sustentável
. Atua especialmente no sudeste do estado
do Amazonas e no estado de Rondônia,
desenvolvendo atividades de pesquisas, diagnósticos
de terras indígenas, vigilância
e fiscalização, manejo da floresta,
e com destaque para o fortalecimento das organizações
indígenas em sua área de atuação.
3º lugar: Centro de
Medicina da Floresta, Céu do Mapiá
(AM)
O Centro foi fundado em 1989, por iniciativa
de mulheres que buscaram o saber sobre saúde
dos antigos , a defesa e proteção
dos conhecimentos tradicionais e a luta por
sua legitimação dentro das sociedades
local e mundial, buscando garantir o retorno
do benefício aos povos nativos, destacando
critérios de equanimidade e justiça.
Alia a cultura medicinal popular a atividades
de pesquisa com parâmetros científicos,
devolvendo os resultados à população
sob forma de educação e formação
de agentes de saúde.
Em 1997 o centro foi oficializado e, a partir
de então, ampliou sua área de
atuação. Multiplicou a experiência
de Céu do Mapiá no Vale do Rio
Juruá e, em 2001, com o apoio do governo
do estado, constituiu filial no Acre.
Categoria Negócios
Sustentáveis
1º lugar: Ecoban Agroindustrial
Ltda (Ouro Verde Amazônia), Alta Floresta
(MT)
Fundada em janeiro de 2002, a Ecoban Agroindustrial
- Ouro Verde Amazônia se dedica à
produção e à comercialização
de derivados da castanha-do-brasil. Sua atividade
se caracteriza pelo emprego de tecnologias
que asseguram tratamento adequado à
matéria-prima e agregação
de valor aos produtos finais, bem como pela
prática do comércio justo ,
com as populações que vivem
da coleta da castanha.
2º lugar: Iniciativa
Mercado Rio Negro Parcerias para Conservação
(Projeto da Fundação Vitória
Amazônia), Manaus (AM)
A FVA atua há 18 anos na bacia do Rio
Negro, buscando a conservação
ambiental aliada à melhoria da qualidade
de vida dos habitantes daquela região.
Obteve o primeiro lugar do Prêmio Chico
Mendes na categoria "Organização
Não-Governamental", no ano de
2005, e volta agora a ser premiada, na categoria
"Negócios Sustentáveis",
com o projeto "Iniciativa Mercado Rio
Negro: Parcerias para Conservação",
que apóia as populações
tradicionais do Rio Negro nas atividades produtivas
e na intermediação comercial.
3º lugar: Amigos da
Terra Amazônia Brasileira - São
Paulo
Esta Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público (Oscip)
faz parte da rede Amigos da Terra Internacional
e atua no Brasil desde 1989. Dedica-se a atividades
de diversos tipos em defesa da Amazônia
e de sua população e recebe
agora o Prêmio Chico Mendes pela iniciativa
"Balcão de Serviços para
Negócios Sustentáveis",
que desde 2002 já apoiou a consolidação
de dezenas de empreendimentos de base comunitária
na Amazônia brasileira.
Categoria Ciência
e Tecnologia
1º lugar: Associação
de Defesa Etnoambiental - Kanindé,
Porto Velho (RO)
É uma Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público
(Oscip) com atuação na região
Sudeste do Amazonas e em Rondônia. Seu
princípio orientador é a "harmonia
entre o homem e a natureza, participando na
construção de um desenvolvimento
socialmente justo e ambientalmente sustentável".
Desenvolve diversos projetos e atividades
com o objetivo de proteger o meio ambiente
e os direitos indígenas. Premiada em
2006 com o 2º lugar na categoria "Organização
Não-Governamental", neste ano
recebe o 1º lugar pelos estudos e pesquisas
desenvolvidos sobre o potencial dos recursos
naturais em terras indígenas.
2º lugar - Márcia
Maria Corrêa Rêgo e Patrícia
Correia de Albuquerque, São Luís
(MA)
São pesquisadoras da Universidade Federal
do Maranhão. Dedicaram-se ao estudo
dos polinizadores do muricy, produzindo e
divulgando, de forma simples e dinâmica,
conhecimentos muito importantes para diversas
comunidades que ainda sobrevivem do extrativismo
e dos pequenos cultivos de frutíferas.
3º Lugar - Jurandir Melado, Cáceres
(MT)
Engenheiro agrônomo e professor aposentado
da Universidade Federal de Mato Grosso. Inspirado
no sistema de "Pastoreio Racional"
estabelecido na década de 1950 pelo
francês André Voisin, desenvolveu
a tecnologia da "Pastagem Ecológica",
que pôs em prática na "Fazenda
Ecológica Santa Fé do Moquém",
em Cáceres (MT), dedicando-se também
à sua difusão, desde 1993, por
meio de numerosas publicações
e vídeos.
Categoria Arte e Cultura
1º lugar - John Adrian
Cowell, Vicente Silvério Rios e Stella
Oswaldo Cruz Penido, Londres Inglaterra, Universidade
Católica de Goiás, respectivamente.
Em 1958, acompanhando uma expedição
de estudantes da Universidade de Oxford e
Cambridge, o inglês Adrian Cowell iniciou
seu relacionamento com o Brasil, especificamente
com os povos indígenas do Alto Xingu,
quando foi convidado pelos irmãos Villas
Boas, Orlando e Cláudio, para participar
de expedição ao Centro Geográfico
do Brasil. Dessa relação com
os indígenas foram produzidos vários
filmes e livros, destacando The Trible that
Hides from Man (A Tribo que se Esconde dos
Homens).
Em 1980, inicia uma parceria com o Instituto
Goiano de Pré-História e Antropologia
da Universidade Católica de Goiás
(UCG), que se mantém até os
dias atuais. Em parceria com Vicente Silvério
Rios, com contrapartida da UCG, realizam diversas
produções, com enorme destaque
para The Decade of Destruction (A Década
da Destruição), registro da
ocupação e desenvolvimento da
Amazônia dos anos 1980 e 11000.
Nesse processo de filmagem em meados da década
de 1980 a equipe de Adrian e Vicente acompanha
o movimento dos seringueiros na Amazônia
com enfoque na luta de Chico Mendes e dos
seringueiros do Acre. Nesse período
Adrian Cowell era diretor da Television Trust
for the Environment na Inglaterra e indicou
Chico Mendes a dois prêmios internacionais:
o Global 500 Award do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e o Better World
Society. Chico Mendes é sagrado vencedor
dos dois prêmios e, com isto, a luta
dos seringueiros pela preservação
da Amazônia ganha visibilidade internacional.
A equipe de Adrian e Vicente continua filmando
e no momento encontra-se envolvida em novo
projeto. Adrian Cowell doou todo seu acervo
filmográfico, produzido no Brasil,
para a Universidade Católica de Goiás.
A pesquisadora Stella Oswaldo Cruz Penido
realizou pesquisa e projeto detalhado para
transportar e arquivar adequadamente este
importante acervo histórico que pesa
cerca de 17 toneladas e inclui todos os filmes
gravados com Chico Mendes no período
de 1985 até sua morte em 1988.