4 de Dezembro de
2007 - Luana Lourenço - Enviada especial
- Bali (Indonésia) - Com mais de 15
mil ilhas, a Indonésia pode ser uma
das principais nações afetadas
pelo aquecimento global, caso sejam confirmadas
as previsões de aumento da temperatura
e elevação do nível do
mar, previstas por organismos como o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês).
Escolhida para sediar a
13ª Conferência das Partes sobre
o Clima (COP-13), a Ilha de Bali, uma das
mais importantes do país, pode se transformar
em um "paraíso perdido" se
os países não tomarem decisões
urgentes em relação aos impactos
das mudanças climáticas, avaliou
o secretário-executivo da Convenção
da Organização das Nações
Unidas sobre as Mudanças Climáticas,
Yvo de Boer.
Na ilha, as ruas estão
cobertas de bandeiras com a logomarca da COP-13
e mensagens de boas vindas em diversas línguas
aos delegados da ONU. Todos os hotéis
de Nusa Dua - onde funciona a sede do evento
- e de Sanur e Kuta, regiões próximas,
estão lotados, de acordo com o serviço
turístico da cidade. O deslocamento
das delegações no início
do dia provoca grandes trechos de lentidão
no trânsito, onde vigora a mão
inglesa e há mais motocicletas que
carros.
"A cidade está
muito cheia, mais do que nas altas temporadas
de turismo. E dessa vez está tudo muito
concentrado", avaliou o motorista de
táxi Nea Karry, que não está
acompanhando os assuntos discutidos pelos
negociadores internacionais, mas já
avalia positivamente os resultados da COP
- pelo faturamento com a jornada de trabalho
intensificada.
Nascido na Ilha de Bali,
Gede Artade, que trabalha em um hotel da cidade,
acompanhou somente a abertura oficial da COP-13
pela televisão. Longe dos debates,
acredita que a reunião pode ajudar
o futuro do planeta.
"Sei que eles precisam
chegar a um acordo, tomara que isso aconteça.
Sei que será bom não só
para a Indonésia, mas para o mundo
inteiro. [O aquecimento global] é uma
questão muito séria", avaliou.
De acordo com a ONU, até
o dia 14, fim da COP-13, mais de 10 mil pessoas
passarão por Bali para acompanhar as
negociações mundiais sobre o
futuro das estratégias para enfrentar
as mudanças climáticas.
+ Mais
Reunião da ONU na
Indonésia discute mudanças do
clima
3 de Dezembro de 2007 -
Luana Lourenço - Enviada especial -
Bali (Indonésia) - Representantes de
mais de 180 países vão discutir,
de hoje (3) até o dia 14, o futuro
das negociações mundiais para
um novo regime de mudanças climáticas.
A 13ª Reunião das Partes sobre
o Clima (COP-13) deverá apontar um
calendário para a elaboração
do mecanismo sucessor do Protocolo de Quioto
– acordo internacional para redução
de emissões de gases do efeito estufa
- cujo primeiro período de compromisso
vence em 2012.
Reunidos sob a Convenção-Quadro
da Organização das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC, a sigla em inglês), os negociadores
vão tentar chegar a um consenso sobre
as próximas etapas da discussão
climática em âmbito global, o
chamado “mapa do caminho”.
As conclusões do
quarto relatório do Painel Intergovernamental
sobre Mudança do Clima (IPCC, a sigla
em inglês), que apontou a piora do aquecimento
global como “inequívoca”, deverão
ser a base científica das discussões
entre os países. A expectativa de mudanças
de posicionamento da Austrália e dos
Estados Unidos – que apesar de desenvolvidos
não ratificaram o acordo de Quioto
– também marcará os debates
e as manifestações e protestos
de organizações não-
governamentais (ONGs) e ativistas fora da
programação oficial da ONU.
A discussão sobre
o aprofundamento das metas já existentes
ou o estabelecimento de compromissos obrigatórios
de redução em países
em desenvolvimento também fará
parte da agenda de Bali, mas não há
previsão de acordos definitivos sobre
o assunto para esse encontro.
Maior arquipélago
do mundo, com mais de 15 mil ilhas, a Indonésia,
se confirmados os cenários mais pessimistas
de aumento da temperatura global previstos
pelo IPCC, pode enfrentar a perda de parte
de seu território com a subida do nível
do mar. Durante a COP-13, a Ilha de Bali deverá
receber cerca de 10 mil pessoas, de acordo
com a ONU.
+ Mais
Mundo espera respostas contra
aquecimento, avaliam autoridades ao abrir
reunião da ONU
3 de Dezembro de 2007 -
Luana Lourenço - Enviada especial -
Bali (Indonésia) - A abertura da 13
Conferência da Partes sobre o Clima
(COP-13) foi marcada pela defesa de medidas
políticas urgentes para conter o avanço
e os impactos do aquecimento global. A reunião
da Organização das Nações
Unidas vai discutir de hoje (3) até
o dia 14 o futuro do regime internacional
de mudanças climáticas.
Ao transferir a organização
dos trabalhos para o ministro do Meio Ambiente
da Indonésia, Rachmat Witoelar, o presidente
da COP-12, David Mwiraria, defendeu a implantação
efetiva de mecanismos de transferência
de tecnologia para os países em desenvolvimento.
"É preciso aproveitar o momento
histórico mundial", afirmou. A
COP-12 realizou-se em 2006, em Nairóbi
(Quênia).
O novo presidente afirmou
que da COP-13 não sairão acordos
definitvos para um novo regime climático
mundial, mas medidas urgentes como mais investimentos
cooperação tecnológica
e aperfeiçoamento de instrumentos de
mercado, como o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL).
"Conhecemos o problema
e temos as ferramentas. Falta vontade política",
avaliou Witoelar.
O secretário-geral
da Convenção-Quadro da ONU sobre
o mudanças climáticas, Yvo de
Boer, também defendeu a transferência
de tecnolgia como uma das prioridades na relação
entre as nações ricas e os países
em desenvolvimento e elencou a decisão
sobre as emissões por desmatamento
e a operacionalização do fundo
para investimentos em adaptação
como prioridades da agenda mundial em Bali.
O quarto relatório
do Painel Intergovernamental sobre Mudança
Climática (IPCC, na sigla em inglês)
e as reuniões internacionais sobre
o tema ao longo do ano, como o encontro da
ONU, em setembro, e a reunião do G-8,
foram apontados durante os dicursos como fatores
que fizeram de 2007 "o ano do aquecimento
global", segundo De Boer. "Os olhos
do mundo estão em Bali. O planeta espera
respostas significativas", avaliou o
secretário-executivo.