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DESMATAMENTO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS ACELERAM A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2007

05 Dec 2007
Bali, Indonésia – A combinação entre as mudanças climáticas e o desmatamento pode criar um ciclo vicioso capaz de transformar gravemente quase 60% da floresta Amazônica até 2030. É o que demonstra o novo relatório da Rede WWF intitulado Os ciclos viciosos da Amazônia: estiagem e queimadas na floresta estufa. O estudo, lançado nesta quinta-feira (6) durante a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Bali, revela as conseqüências dramáticas para o clima global e local bem como o impacto na vida das pessoas que moram na região Amazônica.

O desmatamento na Amazônia pode ser responsável pela emissão de 55,5 a 96,9 bilhões de toneladas de gás carbônico (CO2) de 2007 até 2030, ou seja, o equivalente a dois anos da emissão mundial de gases do efeito estufa. Além disso, se uma parte tão considerável da Amazônia for destruída desaparece também uma das mais importantes chaves para a estabilização do sistema climático mundial.

“A importância da Amazônia para o clima global não pode ser subestimada,”afirma Dan Nepstad, Cientista Sênior do Woods Hole Research Centre in Massachusetts e autor do relatório. “A Amazônia é essencial não apenas para esfriar a temperatura do planeta, mas também por ser uma grande fonte de água doce que pode ser suficiente para influenciar algumas das grandes correntes marítimas e, claro, uma grande fonte de armazenamento de carbono.”

As tendências atuais de expansão da fronteira agropecuária, queimadas, secas e extração predatória de madeira estão entre os fatores apontados pelo relatório como principais percussores dos ciclos viciosos da Amazônia, que podem destruir em até 55% da cobertura vegetal. Se as chuvas na região diminuírem em 10% no futuro, como têm antecipado os cientistas, outros 4% da floresta serão prejudicados pela seca.
O aquecimento global pode diminuir o regime de chuvas na Amazônia em mais de 20%, especialmente na região leste. Existe também a possibilidade de a temperatura local atingir mais de 2°C, o podendo atingir a marca de 8oC em alguns locais durante a segunda metade deste século. Com a contínua destruição da floresta Amazônica, deve chover menos na Índia e na América Central e nas áreas de plantio de grãos nos Estados Unidos e no Brasil.

“É possível zerar o desmatamento na Amazônia, mas para isso é preciso estabelecer e colocar em prática políticas de desenvolvimento sustentável, como a criação e implementação de unidades de conservação, manejo sustentável madeira e de produtos agroextrativistas e planejamento cauteloso de obras de infra-estrutura”, explica Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil. “Outra medida importante para a sociedade brasileira é que o governo estabeleça metas internas de combate ao desmatamento”, completa.

“Caso não haja um corte drástico nas emissões de gases do efeito estufa por parte dos países desenvolvidos, nem mesmo os mais comprometidos esforços de manutenção da floresta em pé serão suficientes para evitar a destruição da Amazônia”, afirma Karen Suassuna, analista em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil. “É preciso que os negociadores em Bali estabeleçam uma agenda clara de trabalho para desacelerar o aquecimento global e, assim, garantir a segurança da humanidade.”

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Queda no desmatamento anunciada pelo governo não reflete momento de hoje, avalia WWF-Brasil

07 Dec 2007 - A queda de 20% nos índices do desmatamento na Amazônia Brasileira para o período 2006-2007 divulgada ontem, 6 de dezembro, pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, em Belém, é um retrato da dinâmica do desmatamento tirado antes de agosto desse ano. Durante a estação seca de 2007 (de julho a setembro), dados do Sistema Deter do próprio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram uma retomada no crescimento do desmatamento na região. Porém, esse período apenas será computado nas taxas a serem divulgadas no final do ano que vem.

Os números divulgados nesta quinta-feira retratam a situação do desmatamento entre os períodos de agosto de 2006 a julho de 2007. Dados do Inpe apontam ainda que, nos últimos meses, foi observado significativo aumento na incidência de focos de calor na Amazônia Brasileira em relação ao ano passado.

Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, ressalta que os números divulgados ontem requerem uma análise cuidadosa. “Não podemos esquecer que os 11.224 km2 de floresta derrubada apresentados pelo governo federal correspondem à realidade do desmatamento até julho de 2007 e não refletem as tendências do que vem ocorrendo nos últimos meses, como sugerem, por exemplo, tanto os dados do sistema Deter, do Inpe, quanto outros levantamentos”, diz.

A secretária-geral do WWF-Brasil salienta que a metodologia do Inpe para monitorar o desmatamento é confiável, tendo por base dados coletados com uso de tecnologia de ponta, interpretados e analisados por uma equipe extremamente qualificada. “Porém, a área desmatada na Amazônia entre agosto de 2006 e julho de 2007 ainda é imensa: corresponde a mais de 11 mil campos de futebol”, alerta Denise Hamú.

Para o superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, é importante destacar que variáveis de mercado, como oscilações nos preços das commodities agrícolas, especialmente carne bovina e soja, têm sido um fator fundamental na dinâmica do desmatamento da Amazônia.

Scaramuzza explica que a frágil estrutura fundiária na região e um aparato de fiscalização limitado fazem com que aspectos econômicos tenham um significativo grau de influência nos índices de desmatamento. “A ausência do Estado em diversas partes da Amazônia faz com que a grilagem seja muito lucrativa, abrindo campo para o desmatamento, seja ele voltado para atividade madeireira, pecuária ou agricultura”, diz.

Para o WWF-Brasil, ações levadas a cabo nos últimos anos pelo Poder Público, como a criação de áreas protegidas e ações de fiscalização têm contribuído para reduzir o desmatamento, mas não são suficientes. O fato de que nenhuma unidade de conservação federal tenha sido criada na Amazônia em 2007 deve ser visto com grande preocupação, assim como a resistência do governo federal em adotar metas internas de redução do desmatamento.

O superintendente afirma ainda que uma política sustentável e efetiva de combate ao desmatamento precisa ir além do que tem sido feito. “Além de criar áreas protegidas e fortalecer a estrutura fundiária na Amazônia, é necessário incrementar a capacidade de instituições federais e locais em implementar políticas florestais sustentáveis e desenvolver mecanismos financeiros que estimulem atividades econômicas sustentáveis adequadas às florestas e aos demais ecossistemas amazônicos, como por exemplo manejo florestal de mínimo impacto ou adoção de critérios sociais e ambientais para outras produções”, conclui Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza.

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Conferência de Clima: Rede WWF pede tecnologia limpa onde é necessária

05 Dec 2007
Transferência de tecnologia é um dos elementos-chave para desenvolver soluções para lidar com as mudanças climáticas no mundo. Novas tecnologias para diminuir as emissões de gases de efeito estufa estão se tornando mais acessíveis financeiramente, porém essa tecnologia deve estar disponível para os países, empresas e comunidades que mais precisam delas.

Declaração - "A transferência de tecnologia e cooperação são elementos essenciais de qualquer acordo que seja fechado para o próximo período de compromisso do Protocolo de Quioto, pós 2012. Este assunto está se tornando o centro das atenções nas negociações em Bali,” afirma Hans Verolme, diretor do Programa Global de Mudanças Climáticas da Rede WWF.

"Precisamos mudar para uma economia mais segura, acessível e que beneficie a todos ao redor do planeta. Os governos de todos os países precisam trazer a cooperação tecnológica para o coração das discussões formais no mandato de Bali”, completa Verolme.

Contexto - Na Rio 92, a maioria dos países se juntou à Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (UNFCCC, sigla em inglês) para combater o aquecimento global e se preparar para possíveis adaptações para o inevitável aumento de temperatura do planeta.

Quinze anos depois, a Indonésia irá sediando a terceira Reunião das Partes do Protocolo de Quioto (MOP 3, sigla em inglês) junto com a 13ª sessão da Conferência das Partes da UNFCCC (COP 13, sigla em inglês), em Bali de 3 a 14 de dezembro. A conferência de Bali é o ponto alto de doze meses de debate internacional sobre mudanças climáticas.

Este ano, a comunidade científica apontou evidências do aquecimento global e afirmou ter 90% de certeza de que esse fenômeno é causado pela humanidade. Essas afirmações estão no quarto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês).

Assuntos principais:
• Os governos presentes na reunião devem acordar em cortes de emissões mais ousados para os países industrializados para o próximo período do Protocolo de Quioto, pós 2012.
• Os governos dos países industrializados devem aumentar o fundo destinado à adaptação às mudanças climáticas para os países menos desenvolvidos.
• O mundo precisa cortar as emissões de gases de efeito estufa em 80% até a metade deste século.

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WWF-Brasil alerta: elevação nos preços de produtos agrícolas já impulsiona alta no desmatamento

03 Dec 2007- Após três anos sucessivos de reduções nos índices de desmatamento na Amazônia Legal brasileira, a tendência começa a se reverter. Dados do governo federal mostram que o desmatamento na Amazônia cresceu 8% entre junho e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2006.

Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, afirma que a situação é preocupante e lembra que em 2007 não foi criada nenhuma unidade de conservação federal na Amazônia. “Reconhecemos a importância e os resultados positivos das ações de prevenção e fiscalização empreendidas pelo governo. Porém, já vínhamos avisando que isso não basta. Agora, dados comprovam que é preciso ir além do que vem sendo feito”, avalia.

Para Denise Hamú, é necessário adotar uma estratégia mais ampla de conservação. “Defendemos a imediata definição de metas claras de redução no desmatamento, além de mecanismos econômicos e tributários que incentivem a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e desestimulem as práticas predatórias”, afirmou.

Em relação às queimadas, um dos principais instrumentos do desmatamento na Amazônia, dados do INPE indicam uma sensível intensificação. De janeiro a outubro do ano passado foram registrados 20.246 focos de incêndio na Amazônia Legal. No mesmo período de 2007, o número saltou para 45.907 focos, um aumento de mais de 125%.

O crescimento econômico mundial, a perspectiva da implantação de uma série de projetos de infra-estrutura na Amazônia, bem como a elevação nos preços das commodities agrícolas são apontados como fatores que contribuem para o aumento do desmatamento na região.

De acordo com o indicador de preços CEPEA/ESALQ, a saca de 60 quilos da soja custava R$ 29 em outubro de 2005. Subiu para R$ 38 no mesmo mês de 2006 e chegou a R$ 40 em outubro deste ano, um aumento de 44% em dois anos. Em relação ao gado, a elevação do preço no período foi de 16%. Em outubro de 2005 a arroba do boi custava R$ 55, segundo o indicador CEPEA/ESALQ. No mesmo mês, em 2006, custava R$ 61. Em outubro deste ano, foi cotada em R$ 64.

De acordo com Luís Laranja, coordenador do Programa de Agricultura e Meio Ambiente do WWF-Brasil, o aumento dos preços da soja e da carne bovina no mercado internacional contribui para o recente repique na taxa de desflorestamento.

“Bastou ter um realinhamento de preços das commodities agrícolas no mercado que as tendências em relação ao desmatamento se reverteram, o que demonstra claramente que a situação não estava sob controle”, avalia Luís Laranja.

Ele lembra que, no caso da Amazônia, a pecuária bovina é o principal vetor de desmatamento. Luís Laranja acrescenta que, segundo estimativas, as áreas de pastagens ocupariam cerca de 50 milhões de hectares na região, contra cerca de 1,5 milhão de hectares ocupados pela soja.

Mas segundo ele, novas áreas de soja também podem contribuir para o desmatamento, apesar de terem menor presença na Amazônia. “Quando a soja se expande no Cerrado, pode deslocar o gado para regiões amazônicas”, relata.

Outra limitação observada na atual estratégia do governo para prevenção e combate ao desmatamento é a ineficiência do Poder Público em punir aqueles que desrespeitam a legislação ambiental. Segundo artigo do pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), números do Ibama dão conta de que apenas 2% do valor das multas para autores de crimes ambientais cadastradas entre 2001 e 2004 foram recolhidos.

O Governo Federal deve divulgar em breve a estimativa de desmatamento para o período entre agosto de 2006 e julho de 2007, com base em imagens de satélite de uma área que responde por cerca de 80% do desflorestamento na Amazônia observado entre agosto de 2005 e julho de 2006. O número consolidado, a ser divulgado provavelmente em meados de 2008, compreenderá 211 imagens de satélite que cobrem toda a Amazônia Legal brasileira, monitoradas pelo sistema PRODES.

 
 

Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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