4 de Dezembro de 2007 -
Daniel Mello - Da Agência Brasil - Brasília
- Levantamento feito pelo Instituto Sociedade,
População e Natureza (ISPN)
indica avanço de lavouras de cana-de-açúcar
para a produção de etanol
em áreas do cerrado definidas pelo
Ministério do Meio Ambiente como prioritárias
para preservação ambiental e
desenvolvimento sustentável.
De acordo com o estudo,
esse avanço sobre áreas que
deveriam ser protegidas pode causar risco
à sobrevivência das populações
rurais e comprometimento da disponibilidade
de água, inclusive em outros biomas,
fora a perda de biodiversidade.
Segundo o assessor de Políticas
Públicas do ISPN, Nilo D'Ávila,
os problemas na preservação
do cerrado começam na falta de monitoramento
do desmatamento. "Hoje, diferentemente
da Amazônia, não se tem acompanhamento
sistemático do desmatamento do Cerrado,
nem sabe se esse desmatamento, quando acontece,
é legal ou ilegal."
Ele disse que a expansão
da cana-de-açúcar no cerrado
deve-se principalmente à valorização
do etanol como combustível alternativo
pelo governo brasileiro. "Esses dois
pontos se entrelaçam: o incentivo público
e a necessidade de buscar alternativas aos
combustíveis fósseis. E o Brasil
vem promovendo o etanol de uma maneira muito
forte lá fora", ressaltou.
O gerente de Biocombustíveis
do Ministério do Meio Ambiente, Mário
Cardoso, reconhece que é preciso haver
controle da expansão da cana-de-açúcar,
com base no zoneamento agroecológico.
"A expansão tem que ser coordenada,
não pode ser totalmente sem controle,
sem nenhuma lógica, sem ser a lógica
de mercado. Ela não pode ocorrer em
cima de áreas de preservação,
em cima de reserva legal ou em cima de unidades
de conservação."
Para Mário Cardoso,
o problema do desmatamento envolve outras
fomas de agronegócio. "Não
é só a cana-de-açúcar.
A cana-de-açúcar está
sendo a da vez, mas tem a questão da
soja, da ocupação da soja e
principalmente a ocupação das
pastagens Brasil afora."
A reportagem da Agência
Brasil não conseguiu ouvir representantes
da União da Indústria da Cana-de-Açúcar
sobre a pesquisa.
+ Mais
Discussão entre benefícios
e prejuízos para gerar energia no país
é emocional, diz ex-ministro
6 de Dezembro de 2007 -
Paula Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O ex-ministro de Minas e Energia Antônio
Dias Leite, professor emérito do Instituto
de Economia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), disse hoje (6) que a controvérsia
entre benefícios com a construção
de usinas hidrelétrica e prejuízos
ambientais tem sido abordada de forma emocional
no Brasil.
“Nós temos que, de
fato, confrontar as oportunidades que existem.
Confrontar as hidrelétricas com as
fontes alternativas”, disse em entrevista
à Rádio Nacional.
O ex-ministro observou que
o Brasil tem uma grande dependência
de energia hidrelétrica vinda da Amazônia,
mas que ainda não foi realizado na
região um estudo global do que vem
sendo feito em termos de energia elétrica
como aconteceu nas Regiões Sudeste
e Sul.
“Não sabemos exatamente
quais os melhores projetos possíveis
na Amazônia”, disse.
Dias Leite admitiu a possibilidade
de que, ao apresentar um crescimento acelerado
da economia nos próximos anos, o país
volte a entrar em um colapso energético
após 2010.
“Seria dramático
entrarmos em outra crise de abastecimento
como em 2001. Calcula-se que se perdeu 3%
do Produto Interno Bruto só com o racionamento”.
Para o ex-ministro, quando
se fala em um setor vital para o crescimento
e desenvolvimento do país como o setor
elétrico, é preciso planejamento
por parte do governo.
“Dez anos é o mínimo.
Pouca coisa pode ser feita para acontecer
antes disso. Ainda mais agora que o licenciamento
ambiental é o novo passo a ser dado
em cada projeto”, disse.
Dias Leite disse que é
favorável à finalização
da usina nuclear de Angra 3, mas pediu cautela
na discussão sobre investimentos brasileiros
em usinas nucleares.
Segundo ele, os novos projetos
de engenharia em âmbito mundial merecem
atenção, mas ainda não
há comprovação comercial
que valide as iniciativas.
“Eu situo as usinas novas
como perspectiva para o ano de 2020. Acho
que é um pouco fantasia pensar em usinas
de estrutura nova antes disso”.
O ex-ministro considerou
precipitado o leilão da Usina Hidrelétrica
de Santo Antônio. Porém admite
que será possível alcançar
boas propostas em termos de custo e preços
da energia.
“O processo foi, infelizmente,
muito tumultuado. Não é o melhor
caminho, mas é o que vai acontecer.
Alguns desses consórcios vai oferecer
uma proposta aceitável”.
O leilão de energia
da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio,
que será construída no Rio Madeira,
em Rondônia, deve ser realizado no próximo
dia 10.
Além do consórcio
formado pela construtora Odebrecht e pela
subsidiária Furnas, também devem
participar da licitação as estatais
Eletronorte, Eletrosul e a Companhia Hidroelétrica
do São Francisco (Chesf).
A usina de Santo Antônio
é a primeira das duas hidrelétricas
que devem ser construídas no Rio Madeira.
O leilão para a segundo usina, a de
Jirau, deve acontecer no início do
ano que vem.
As duas usinas devem gerar
6,5 mil megawatts de potência.
+ Mais
Para BNDES, critérios
impedem que plantio de cana para etanol ocupe
áreas de produção de
alimentos
3 de Dezembro de 2007 -
Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O respeito ao meio
ambiente é uma das prioridades do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) na produção
de etanol. A afirmação é
do vice-presidente da instituição,
Armando Mariante, que é também
diretor das Áreas de Comércio
Exterior e Industrial do banco.
Segundo Mariante, o BNDES
está atento para impedir que o plantio
da cana-de-açúcar para o etanol
ocupe áreas destinadas à produção
de alimentos. “O BNDES jamais vai patrocinar
o deslocamento pelo etanol de áreas
usadas para o cultivo de alimentos. Isso não
é razoável e é uma preocupação
nossa”, destacou.
Para aprovar um projeto
de investimento, o vice-presidente do BNDES
destacou que o banco exige a aprovação
pelos órgãos ambientais. “Sem
isso, não sai um tostão”, afirmou.
“Todo projeto que entra
no banco tem de responder a um questionário
de pontos relacionados ao meio ambiente”,
destacou o diretor do Departamento de Biocombustíveis
do banco, Carlos Eduardo Siqueira Cavalcanti.
“Todo enquadramento de operação
recebe um rating [avaliação]
ambiental, além do rating da empresa.”
De acordo com Cavalcanti,
essa avaliação ambiental será
levada em conta para avaliar o comprometimento
da empresa. “Se ela estiver pouco aderente
a boas práticas ambientais, terá
de apresentar uma contrapartida maior ao longo
do projeto”, disse.
Essa contrapartida, afirmou
Cavalcanti, está ligada à implementação
de medidas compensatórias pelas empresas.
Entre essas medidas, está a plantação
de vegetação em áreas
de matas ciliares (às margens dos cursos
d’água) para garantir a vida dos rios.
+ Mais
Brasil prestará cooperação
técnica a El Salvador na produção
de biocombustíveis
5 de Dezembro de 2007 -
Mylena Fiori - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O Brasil prestará
cooperação técnica a
El Salvador na produção de biodiesel
de mamona Compromisso nesse sentido foi firmado
hoje (5) entre os dois países durante
visita do presidente salvadorenho, Elías
Antonio Saca González, a Brasília.
Pelo acordo, o Brasil capacitará técnicos
salvadorenhos no aperfeiçoamento do
processo industrial de extração
de óleo e produção de
biodiesel.
El Salvador vai receber
também ajuda brasileira em projeto
destinado à modernização
de tecnologias para produção
de etanol. O objetivo da inciativa é
incrementar a produtividade do cultivo de
cana-de-açúcar em El Salvador.
Os compromissos firmados hoje constam de ajustes
complementares ao Acordo Básico de
Cooperação Técnica, Científica
e Tecnológica já existente entre
os dois países. Também foram
assinados dois ajustes complementares ao acordo
básico: um para capacitação
de pessoal da Polícia Civil e da Procuradoria-Geral
da República de El Salvador e outro
para capacitação em análise
de informação sobre crimes contra
o meio ambiente.
El Salvador foi um dos quatro
países selecionados pelo Brasil e pelos
Estados Unidos como beneficiários de
uma cooperação conjunta, em
terceiros países, na área de
biocombustíveis. O processo teve início
em setembro deste ano, quando uma delegação
da Fundação Getulio Vargas esteve
em El Salvador para identificar as regiões
do país com maior potencial para os
cultivos bioenergéticos - os primeiros
resultados e recomendações devem
ser divulgados em uma segunda visita da equipe
brasileira, prevista para este mês.
“Brasil e Estados Unidos,
reconhecidos líderes em nível
global em tecnologia para a produção
de etanol como fonte de energia alternativa,
responderam ao chamado de El Salvador e selecionaram
nosso país para apoiar a construção
de plantas de etanol. Aproveito a oportunidade
para agradecer a contribuição
a nosso país”, disse Saca, em discurso,
durante almoço com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no Itamaraty.
O presidente salvadorenho
também reiterou o apoio de seu país
à demanda brasileira de uma vaga permanente
no Conselho de Segurança da Organização
das Nações Unidas (ONU) e destacou
a aproximação entre o Brasil
e os países do Sistema de Integração
Centro-Americana (SICA) a partir de 2005.
Além de El Salvador, integram o bloco:
Costa Rica, Belize, Panamá, Guatemala,
Honduras, Nicarágua e República
Dominicana.
“A geografia não
é uma fatalidade que nos limita, nos
paralisa ou nos impõe associações
excludentes. Tampouco estamos destinados a
uma competição estéril”,
frisou Saca, lembrando que Brasil e América
Central, juntos, formam um mercado de cerca
de 250 milhões de pessoas.
Em comunicado conjunto,
Saca e Lula se comprometem a incentivar ações
para fortalecer as relações
entre Brasil e Sica, inclusive com a realização
de uma Cúpula Presidencial Brasil-Sica
no primeiro semestre de 2008 – ocasião
em que El Salvador estará na presidência
pro tempore do bloco. Os dois presidentes
também se propõem a fomentar
o fortalecimento das relações
políticas, econômicas e de cooperação
entre o Sica e o Mercosul, impulsionando um
tratado de livre comércio que possibilite
o aumento do intercâmbio comercial e
a cooperação entre os dois blocos
de integração.