03 de Dezembro de 2007 -
Marceo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace
Brasil, está em Bali para a Conferência
da ONU sobre o clima e lá conferiu
de perto a atividade
do Greenpeace na abertura da reunião.
Começou nesta segunda-feira a 13a.
Conferência da Convenção
do Clima, reunião da ONU que definirá
a segunda fase do Protocolo e também
o futuro do nosso planeta. Nas próximas
duas semanas, acompanharemos as discussões
na Indonésia, pressionando os governos
a tomarem decisões concretas de proteção
ao clima.
Assim que o mais importante
encontro em dez anos sobre o clima se iniciou
em Bali, nesta segunda-feira, o Greenpeace
deu seu recado: 'Não cozinhem o clima!'
Um termômetro gigante em cima de um
globo em chamas, vigiado por um preocupado
urso polar, foi colocado do lado de fora do
prédio da conferência para alertar
os delegados participantes da reunião
da ONU que é preciso impedir que as
temperaturas do planeta atinjam níveis
perigosos.
O termômetro ficará
no local nas próximas duas semanas,
que é o tempo de duração
da conferência.
"Por anos os governos
do mundo nos deixaram na mão falhando
em lidar com o problema das mudanças
climáticas. Nos deixaram cada vez mais
expostos à maior ameaça da humanidade",
afirmou Stephanie Tunmore, do Greenpeace Internacional.
"Em Bali, os governos
têm que pôr logo a mão
na massa - e agir de acordo com as alarmantes
evidências científicas sobre
as mudanças climáticas discutidas
duas semanas atrás em Valência,
na reunião do IPCC.
Milhões de pessoas,
especialmente em países mais pobres,
já estão sofrendo os impactos
das mudanças climáticas, como
tempestades e inundações."
O diretor de campanhas do
Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, lembrou
que o Brasil é parte do problema “e
deve, portanto, assumir sua parcela de responsabilidade
na luta contra o aquecimento global”.
“O Governo brasileiro precisa
mudar a retórica do 'direito de poluir
para crescer' e participar ativamente na luta
contra o aquecimento global. Devemos assumir
o compromisso pelo desmatamento zero, que
garante a conservação de florestas
com o a Amazônica e elimina nossa maior
fonte de emissões”, afirma Marcelo.
Furtado cobra a implementação
imediata de uma política nacional de
mudanças climáticas. "A
solução não está
do outro lado do mundo, mas bem ao alcance
das mãos do governo brasileiro”, afirma.
Pelo menos 20% das emissões
globais de gases do efeito estufa provêem
da destruição das florestas
tropicais. No Brasil, esta conta é
ainda mais perversa. Cerca de 75% das emissões
brasileiras de gases que provocam o aquecimento
global são decorrentes dos desmatamentos,
principalmente na Amazônia, e mudanças
no uso do solo.
A Amazônia já
perdeu 17% da cobertura florestal original
e uma área similar se encontra severamente
degradada. Se soluções não
forem encontradas e implementadas nos próximos
dez anos, a floresta poderá estar irreversivelmente
ameaçada, com conseqüências
desastrosas para a biodiversidade e o clima
do planeta.
“A Amazônia está
indo para o espaço, desmatada e queimada
para dar lugar a pastos para gado, como ocorre
na Flona do Jamanxim, ou campos de soja”,
disse Paulo Adário, coordenador da
campanha da Amazônia do Greenpeace.
“É responsabilidade do governo parar
imediatamente esse processo. Não há
mais tempo a perder: a redução
de emissões brasileiras de gases que
provocam o aquecimento global passa por zerar
o desmatamento na Amazônia o mais rapidamente
possível. O Brasil não pode
mais queimar o futuro do planeta”, acrescentou.
Para manter a temperatura
do planeta em níveis seguros, as emissões
globais de gases do efeito estufa têm
que cair a partir de 2015. Isso significa
um compromisso maior dos países industrializados
em cortar suas emissões em pelo menos
30% até 2020 e 80% até 2050.
Em termos mundiais, as emissões têm
que ser reduzidas pela metade até 2050.
Isso tudo sob a segunda fase do Protocolo
de Kyoto, que deverá estar em vigor
a partir de 2012.
O Greenpeace quer que os
governos reunidos neste encontro em Bali estabeleçam
um prazo de dois anos para acordar um plano
de ação que precisamos para
a sobrevivência do planeta. Este deve
ser um plano de ação que corte
drasticamente as emissões de combustíveis
fósseis e acabe com o desmatamento,
um grande contribuidor de emissões
de CO2. Isso não é negociável.
Em Bali, os governos têm
que concordar com os elementos chaves desse
plano de ação e criar uma agenda
detalhada para assegurar que suas negociações
estejam concluídas em 2009.
Os países desenvolvidos,
responsáveis por mais de 80% de todas
as emissões produzidas pelos seres
humanos atualmente na atmosfera, precisam
encontrar meios de ajudar o mundo em desenvolvimento
para lidar com os impactos das mudanças
climáticas e obter tecnologia limpa.
"Também temos
que ver mais países em desenvolvimento
concordando em atacar suas próprias
emissões", afirma Yang Ailun,
do Greenpeace China.
O acordo de 2009 deve também
prever o financiamento dessa adaptação,
um mecanismo para a transferência de
tecnologia limpa e um mecanismo separado para
o desmatamento de florestas tropicais, que
contribuem com cerca de 1/5 das emissões
de gases do efeito estufa no mundo hoje.
O Greenpeace acredita que
é possível impedir que os piores
impactos das mudanças climáticas
coloquem em risco a vida de milhões
de pessoas. Isso requer uma revolução
no modo como usamos e produzimos energia,
e um forte compromisso em acabar com o desmatamento
em todo o mundo.