14 de Dezembro de 2007 -
Nosso urso polar está em Bali para
exigir que a Conferência da ONU sobre
o Clima adote medidas concretas para reduzir
as emissões de CO2 na atmosfera.
Bali, Indonésia —
Greenpeace teve acesso ao rascunho do documento
final que está sendo negociado na Conferência
da ONU sobre o Clima e nele as conclusões
do IPCC ganharam apenas notas de rodapé.
O mesmo IPCC que conquistou
recentemente o prêmio Nobel da Paz,
por apontar evidências inequívocas
da ação humana no aquecimento
global e reforçar a necessidade de
se reduzir imediatamente as emissões
de gases do efeito estufa, foi menosprezado
até o momento pelos integrantes da
Conferência da ONU sobre o Clima que
acontece em Bali.
O Greenpeace teve acesso
ao rascunho do documento final que estava
em negociação e nele não
há menção alguma sobre
a necessidade e urgência de se reduzir
as emissões de CO2, ignorando todas
as evidências científicas dos
impactos devastadores das mudanças
climáticas apontadas pelo IPCC.
As negociações
realizadas ao longo desta sexta-feira para
estabelecer as regras do segundo período
de compromisso do Protocolo de Kyoto terminaram
sem consenso. A aprovação do
documento será votada na manhã
deste sábado, ficando sob a responsabilidade
da presidência da Convenção
do Clima a elaboração do texto
final que será submetido à plenária.
Muitos dos pontos em negociação
foram aprovados à tarde, entre eles,
o de transferência de tecnologia e o
de um fundo de adaptação. Porém,
faltou um acordo no documento sobre redução
de emissões provenientes de desmatamento,
fundamental para o Brasil.
O principal fato gerador
do impasse nas negociações é
a adoção de metas de redução
de emissões de gases de efeito-estufa
proposta pela União Européia
(entre 25 e 40%), algo que os Estados Unidos
insistem em boicotar. Em contrapartida, a
União Européia, representada
pelo Ministro do Meio Ambiente da Alemanha,
Sigmar Gabriel, afirmou que não irá
comparecer na reunião dos grandes emissores,
proposta por Bush, em janeiro, a não
ser que haja significativos progressos em
Bali.
O clima de discórdia
piora quando Estados Unidos, conjuntamente
com o Canadá, exigem que os países
em desenvolvimento aceitem metas para que
façam o mesmo. Para o Greenpeace, além
de boicotar avanços nas negociações
em Bali, os Estados Unidos estão ferindo
o “princípio da responsabilidade comum,
mas diferenciada” ao tentar transferir a responsabilidade
para os países em desenvolvimento.
“O Secretário-Geral
da ONU deve voltar a Bali para presidir a
última sessão – a do fracasso
ou do acordo”, afirmou Paulo Adario, coordenador
da campanha da Amazônia do Greenpeace,
que está em Bali. “Estamos muito preocupados
com o teor do documento que será apresentado
e votado amanhã. Nesta altura do campeonato,
ainda não é possível
declarar o fracasso da Conferência,
porém nossa apreensão é
inegável”, alertou.
“Não temos tempo
a perder. A Conferência de Bali deve
apontar diretrizes, processos e um cronograma
de trabalho que possa contribuir de forma
efetiva para o combate ao aquecimento global”,
afirmou Marcelo Furtado, diretor de campanhas
do Greenpeace no Brasil, direto de Bali. “Não
consideramos o fracasso como uma opção.
Além de não interessar a ninguém,
o futuro do planeta depende de um bom resultado
aqui em Bali.”