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REUNIÃO EM BALI TERMINA EM ACORDO QUE NÃO EMPOLGA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2007

15 Dec 2007 - Por Mariana Ramos - A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas terminou hoje em Bali sem muito conteúdo a apresentar. Depois de longas horas de discussão, os Estados Unidos finalmente aceitaram o acordo.

A reunião durou um dia a mais que o previsto e o clima era de muita tensão, pois a plenária foi suspensa várias vezes para que os ministros pudessem se reunir e negociar separadamente acordos que fossem bons para todos.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, teve de vir à reunião para negociar com os países. Depois de várias horas de discussão, a assembléia foi retomada e o secretário fez um discurso de "inspiração" para os países presentes, pedindo que se lembrassem de como havia sido difícil chegar àquele acordo e que todos se lembrassem da importância do clima para o planeta.

Ficou decidido então que nos próximos dois anos, os países industrializados terão de acordar sobre cortes drásticos nas reduções das emissões dos gases de efeito estufa e como financiar e apoiar a transferência de tecnologia e a adaptação à mudanças climáticas. A União Européia e algumas economias emergentes que estão liderando este processo como Brasil, China e África do Sul terão de propor um plano de trabalho para os dois anos de negociações para o próximo período do compromisso do Protocolo de Quioto, pós-2012.

Vamos esperar que façam um bom trabalho para compensar a ausência desses tópicos na convenção de clima deste ano.

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Bali lança o Mapa do Caminho, porém fraco em conteúdo

15 Dec 2007 - Bali, Indonésia - A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, ocorrida entre 3 a 14 de dezembro, em Bali, na Indonésia, chega a um acordo e lança o Mapa do Caminho para as negociações de clima nos próximos dois anos. Entretanto as decisões pecaram por falta de ambição.

Os governos reuniram-se ao longo dessas duas semanas em Bali, em negociações que muitas vezes vararam madrugadas, para colocar nos trilhos o futuro tratado que deverá cortar até 2020 as emissões de gases do efeito estufa dos países desenvolvidos entre 25 a 40%, abaixo dos níveis medidos em 11000.

O IV Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que rendeu o Prêmio Nobel deste ano para os cientistas que participaram do trabalho, afirma claramente a necessidade de manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC. Para isso, é preciso que as emissões globais em 2015 e comecem imediatamente a cair.

Durante um final emocionante nas últimas horas do 15º dia das negociações, a delegação dos Estados Unidos, sob pressão de outras nações e do público que assistia às negociações, decidiu se juntar à maioria absoluta dos países e acordar com o processo internacional. Entretanto, a participação americana custou muito caro ao planeta: um acordo fraco em conteúdo.

"Na verdade, perdeu-se a oportunidade de se chegar a um acordo muito mais ambicioso e iniciar já algo realmente importante para o planeta e para a vida. Temos de sair do imobilismo e enfrentar a questão das mudanças climáticas com mais determinação", afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

Em 2009, em Copenhagen, na Dinamarca, os países deverão finalizar o acordo mais esperado da década e apontar finalmente como deter as mudanças climáticas após o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto, pós-2012.

Inimigos do Clima

Um pequeno grupo de países, liderado pelos Estados Unidos e apoiado pelo Japão e Canadá, tentaram bloquear as negociações nos últimos dias de discussões. Uma das propostas feita pelos Estados Unidos foi que os países industrializados não tivessem metas obrigatórias de reduções de suas emissões, o que resultaria em um retrocesso para a luta contra o aquecimento global.

"Outras delegações pediram diversas vezes para os Estados Unidos desbloquearem as negociações. Quando ficaram claramente isolados, acabaram se curvando à vontade coletiva do plenário", afirma Karen Suassuna, analista em mudanças climáticas do WWF-Brasil. "Mas o preço para o conteúdo do Mapa do Caminho foi alto" completa.

Brasil na liderança

Durante as reuniões, o Brasil assumiu a liderança em vários assuntos e se destacou entre as economias emergentes, junto com a China e a África do Sul. "Nosso país mostrou-se mais flexível e construtivo do que nas negociações anteriores. Também apresentou ao mundo a tecnologia brasileira para monitorar o desmatamento e ter compromissos mensuráveis para os países florestais", afirma Karen Suassuna. "Com os resultados do monitoramento feito na Amazônia, a transferência de tecnologia entre os países do hemisfério sul torna-se ainda mais viável", explica Suassuna.

A transferência de tecnologia de países industrializados para as economias emergentes foi um dos pontos fortes do acordo de Bali e, junto com o mercado de carbono global, podem trazer benefícios reais para os países em desenvolvimento, como a China, a Indonésia e o Brasil.

Florestas

O desmatamento e as queimadas são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa e, por causa da falta de cuidado com nossas florestas, o Brasil é o quarto colocado no ranking dos maiores contribuintes para o aquecimento do planeta. A Indonésia, terceira colocada, também tem o desmatamento como principal fonte de emissão. Por isso, um dos assuntos mais discutidos em Bali foi a Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação das florestas (REDD). Uma equipe de especialistas da Rede WWF acompanhou atentamente este tópico e comemorou quando as negociações avançaram satisfatoriamente.

Os governos dos 190 países reunidos em Bali reconheceram formalmente que 20% das emissões dos gases de efeito estufa vêm do desmatamento e está prevista uma discussão sobre REDD para o próximo período de compromisso do Protocolo de Quioto, pós 2012. "Essa é uma vitória a ser comemorada, mas precisamos nos lembrar que será necessário ter recursos financeiros e muita vontade política de toda a comunidade internacional para combater o desmatamento", afirma Mauro Armelin, coordenador do Programa de Desenvolvimento Sustentável do WWF-Brasil.

Durante as negociações em Bali, o Brasil apresentou um plano detalhado de um fundo voluntário para financiar o combate ao desmatamento no país. "Foi uma boa iniciativa e pode ser uma ótima alternativa para vários projetos neste setor, mas não deve ser a única opção. Não se pode descartar a importância do mercado de carbono como fonte de financiamento. Nosso país deve adotar as duas vias para ser mais efetivo na conservação das florestas", defende Armelin.

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Quem tem medo de sexta-feira 14 na COP13???

15 Dec 2007 - Por Mauro Armelin - Sexta, o dia que não acabou da COP13. Os delegados não conseguiram chegar ao consenso em torno do tão falado “mapa do caminho” (que de tão importante deveria ser chamado de “mapa da mina”). Afinal, fazer um mapa onde os caminhos não levam a nada, não faz o menor sentido.

O que alguns países queriam era produzir um texto com os passos para se chegar ao novo regime após 2012 sem data para o final das discussões e muito menos com metas de redução que deveriam perseguir. Mas por que isso é tão importante? Para deixar claro para todo o mundo desde já quando e sob que condições mínimas teremos um novo acordo para depois da primeira etapa de Kyoto.

Sim, o balanço é positivo, mas ainda estamos correndo riscos. Conseguimos incluir florestas no como tema de discussão da convenção e, quem, sabe no Protocolo. O governo brasileiro apresentou uma metodologia simples de quantificação das emissões baseado no sistema de monitoramento de desmatamento. Pelo menos duas coisas que sabemos fazer melhor do que ninguém no mundo é DESMATAR e MONITORAR o estrago.

Sempre vale lembrar que o primeiro mandato do atual presidente da República foi responsável por nada menos que 85.000 Km2, campeão disparado do desmatamento. Porém, o estrago começou a ser consertado com uma reação no “segundo tempo” (ou mandato), em muito ajudada pelas condições do mercado das commodities agrícolas. Por isso está conseguindo virar o jogo e já reduziu os índices em cerca de 50%. Vamos agora torcer para que a redução continue com o mesmo impulso e que as tão desejadas metas (claras e verificáveis) sejam estabelecidas, como prometeram aqui nossos representantes do Ministério do Meio Ambiente.

No mais, sobre os riscos que coloquei acima, estamos agora (eu, Mariana Ramos e nosso colega do WWF-China Cai Tao) sentados no chão da plenária principal, onde esperançosamente nos instalamos para sua reabertura. O presidente da Convenção, ministro do Meio Ambiente da Indonésia, após um rápido discurso, passou a palavra para os representantes do governo da Índia, que rapidamente se opuseram a redação de um parágrafo. Mas, o pior ainda estava por vir. A CHINA pediu para falar e jogou uma bomba: se opôs não a um parágrafo ou outro, mas simplesmente anunciou que o documento que foi previamente acordado é INACEITÁVEL!!!!!!!

Nesse meio tempo nosso colega Cai Tao faz uma piada sobre a situação, coisa que pode ser traduzida da seguinte forma: “.....pra vocês verem o quanto nós, chineses, somos legais. Estamos dando pra todos aqui a oportunidade de um intervalo para ir ao banheiro e tomar café! Sempre estamos pensando nas boas condições de trabalho....”.

Bom, estamos ainda aqui esperando o desfecho, sentados no chão e imaginando como será boa a volta pra casa.

 
 

Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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